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Imprensa latino americana rememora desaparecimento do jornalista Jorge Masseti

Argentino desapareceu na província argentina de Salta, depois de tentar criar uma base de apoio para a futura guerrilha do Comandante Ernesto Che Guevara
Jorge Luna
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Em plena pandemia da Covid-19, o jornalismo latino-americano recorda hoje o desaparecimento em 1964 do jornalista e combatente argentino Jorge Ricardo Masetti.

Ele desapareceu na província argentina  de Salta, depois de tentar criar uma base de apoio para a futura guerrilha do Comandante Ernesto Che Guevara.

Identificado então como Comandante Segundo e com 34 anos de idade, seus restos nunca foram encontrados. 

No entanto, seu legado ético e jornalístico cobra maior vigência, especialmente em tempos de crise, quando circulam tantas notícias falsas pelo mundo. 

Próximo a completar seus primeiros 100 dias de rápida devastação, a pandemia do SARS-CoV-2 já contagiou quase três milhões de pessoas em quase 200 países e causou mais de 200.000 vítimas fatais

Argentino desapareceu na província argentina de Salta, depois de tentar criar uma base de apoio para a futura guerrilha do Comandante Ernesto Che Guevara

Canal Abierto
Masseti desapareceu em 1964 na província argentina de Salta, depois de tentar criar uma base de apoio para uma futura guerrilha

Defender a verdade na época de Masetti, que aos 30 anos de idade fundou a Agência Informativa Latinoamericana Prensa Latina, era um extraordinário desafio.

Como é hoje, com a proliferação de “fake news”, a concentração de meios de comunicação, a manipulação das redes digitais e o uso indevido de novas tecnologias com fins políticos hegemônicos. 

Às campanhas de difamação e judicialização de políticos e governos progressistas não é alheia à diária cobertura mundial da pandemia do novo coronavírus, na qual persiste uma escassez de informação verídica, dados estatísticos críveis e, em geral, mensagens com base científica. 

Em Cuba, Masetti conheceu de perto as campanhas midiáticas anti cubanas  na própria Sierra Maestra, onde foi clandestinamente em 1958 para entrevistar o Comandante Fidel Castro e seus rebeldes.

Após a derrota do regime ditatorial de Fulgêncio Batista, em janeiro de 1959, colaborou na organização da denominada Operação Verdade, uma reunião de dois dias à qual compareceram 400 jornalistas  latino-americanos e estadunidenses para conhecer a realidade do jovem processo político cubano.

Cinco meses depois (16 de junho de 1959), Masetti criou a Prensa Latina junto a intelectuais como Gabriel García Márquez, Carlos María Gutiérrez, Rodolfo Walsh e Francisco Portela.

Um meio descrito então pelos jornalistas da região como “a agência que fazia falta”, e que agora cumpre 61 anos. 

O jornalista-guerrilheiro propôs assim defender a nascente Revolução Cubana, mas também romper o monopólio informativo que as grandes agências estadunidenses impunham ao 100 por cento da imprensa do continente. 

Desde o primeiro dia, o autor do livro “Los que luchan y los que lloran” propôs colocar a nova agência a serviço da verdade e apelou aos jornalistas a que fossem “objetivos, mas não imparciais”  porque não se pode ser imparcial, sustentou, entre o bem e o mal. 

Hoje, a mensagem de Masetti está presente diante da disseminação de dados parciais, alarmistas e dramáticos e diversas polêmicas sobre a origem e o alcance da doença, sem aprofundar nas formas de coordenação internacional para enfrentá-la. 

Esse exemplo é ressaltado diariamente nas centenas de despachos que, durante as 24 horas do dia, enviam os correspondentes de Prensa Latina desde quase 40 capitais do planeta, apesar de numerosas limitações e obstáculos.

Protegidos e em permanente comunicação com seus familiares e com o escritório central em Havana, o trabalho desses jornalistas, inclusive em países em guerra ou de violência extrema, é realizado muitas vezes pondo em risco sua saúde e suas próprias vidas. 

Sua missão é registrar as diferentes experiências internacionais diante da Covid-19 e dedicar atenção especial às numerosas brigadas de médicos cubanos que solidariamente enfrentam a doença em diversos países do mundo. 

Similar esforço realizam jornalistas, repórteres fotográficos, operadores de câmeras, técnicos e demais trabalhadores da agência na sede central em Cuba. 

Todos são herdeiros de Masetti que trabalham para que o primeiro projeto comunicacional da América Latina com relevância e alcance internacionais, cumpra sua missão e demonstre que continua sendo “a agência que faz falta”. 

Jorge Luna, jornalista da equipe de redação de Prensa Latina em Havana

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jorge Luna

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