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"Impunidade também ameaça democracia”: Veja como foi votação do impeachment de Piñera no Senado chileno

Pressão popular não foi suficiente para a oposição virar os quatro votos governistas necessários
Caio Teixeira
ComunicaSul
Santiago

Tradução:

O Senado chileno sepultou na noite de terça-feira (16) a possibilidade de impeachment do presidente Sebastian Piñera, que havia sido aprovado semana passada pela Câmara dos Deputados. Embora a maioria dos senadores tenha votado pelo afastamento do presidente, não foram atingidos os dois terços necessários.

Piñera é acusado de receber US$ 10 milhões em troca de não criar uma reserva ambiental em área onde seu ex-sócio pretende explorar uma mina que ameaça o frágil ecossistema local, em um negócio de US$ 150 milhões. A transação ilegal veio à tona com a investigação dos Pandora Papers que revelou negociatas envolvendo o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.

O resultado era previsível para todos os analistas, embora a oposição apostasse na pressão popular para virar o posicionamento de cinco senadores governistas e atingir o quórum de 29 votos. Um se absteve, mas os demais seguiram alinhados contra o afastamento.

Pressão popular não foi suficiente para a oposição virar os quatro votos governistas necessários

facebook reprodução
O resultado era previsível para todos os analistas

Acusações

Eram duas acusações. Na primeira, de haver o presidente “infringido a Constituição e as leis”, a oposição obteve 24 votos pelo afastamento contra 18 que o negavam e uma abstenção. Já na segunda acusação, de ter “comprometido gravemente a honra da Nação” dois senadores da Democracia Cristã (Ximena Rincón e Francisco Huenchumilla) mudaram de posição e votaram contra o impeachment, consolidando ainda mais a posição pró-Piñera com o placar de 22 a 20 e uma abstenção

O debate no Senado começou às nove horas, com a deputada Gael Yeomans (Convergência Social) defendendo a posição majoritária da Câmara contra Piñera, por ter “demonstrado um notável conflito de interesses, negociações incompatíveis e uma atuação sem ética”. “Estamos falando de corrupção. A família Piñera Morel pretendia beneficiar-se diretamente da decisão do chefe de governo”, argumentou Gael, denunciando que “o presidente pretende que acreditemos que não tinha conhecimento de ditos negócios, cujo êxito está vinculado a decisões que somente a ele lhe dizem respeito”.

Em seu discurso, a candidata à presidência pelo Novo Pacto Social, senadora Yasna Provoste (DC), assinalou que “a defesa fechada e alheia aos antecedentes dos senadores da direita” impossibilitaram a aprovação da denúncia. Mas, indicou, “a história julgará qual, estou convencida, é o pior governo em democracia nos últimos 70 anos. O Chile merece mais, merece que situações como esta não se repitam”.

Para a senadora Carolina Góic (DC), “a impunidade também ameaça nossa democracia”.  “A primeira magistratura não pode ser ostentada como uma espécie de escudo contra atitudes pessoais que entram em conflito com a ética e a probidade”, frisou.

As eleições presidenciais e parlamentares ocorrem no próximo domingo (21), enquanto a Convenção Constituinte debate a transformação do parlamento em uma câmara única, o que implicaria na extinção do Senado.

 

Caio Teixeira e Leonardo Wexell Severo, enviados especiais a Santiago do Chile

Esta reportagem foi elaborada pelo Coletivo ComunicaSul, com o patrocínio do Barão de Itararé, Agência Carta Maior, jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Apeoesp Sudoeste Centro, Intersindical, Sintrajufe-RS, Sinjusc, Sindicato dos Bancários do RN, Sicoob e Agência Sindical.


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