Conteúdo da página
ToggleCom 3,2 milhões a mais de desempregados no setor formal reportados durante a última semana, a cifra total dos trabalhadores que perderam seu trabalho nos Estados Unidos sobe a mais de 33 milhões desde março, informou o governo federal, enquanto outros indicadores e disputas sobre a economia mostram que a catástrofe provocada pelo manejo político da pandemia está chegando a dimensões sem precedentes desde a Grande Depressão.
Os economistas agora prognosticam que a taxa de desemprego oficial no informe mensal do governo, que será apresentado nesta sexta-feira, superará os 15%, mas em alguns estados, 25% da força de trabalho ativa está desempregada.
O setor mais afetado é o mais vulnerável, com novas análises calculando que 35% dos trabalhadores em empregos de baixo salário perderam seu emprego.
Informais e indocumentados não são contemplados nem nos indices oficiais, nem no acesso aos benefícios
Cifras não incluem informais e indocumentados
As cifras oficiais registram apenas o número de trabalhadores que solicitaram os benefícios do seguro desemprego e não incluem os do setor informal ou imigrantes indocumentados. Portanto, o número real de desempregados é muito maior, asseguram analistas.
A cascata incessante de más notícias econômicas, aumentam a pressão sobre políticos e outros agentes econômicos para suspender algumas das medidas de mitigação da pandemia. O presidente Donald Trump e seus aliados insistem em que é urgente proceder uma “reabertura” da economia apesar do consenso dos especialistas em saúde de que fazê-lo antes de cumprir com certos critérios de controle da pandemia só provocará mais ondas de infecção.
Trump ignora recomendações
A Casa Branca rechaçou um rascunho elaborado pelo Centro de Controle de Enfermidades, sua própria agência federal, com recomendações sobre como proceder a uma reabertura sanitária e segura de vários setores, qualificando-os de demasiado rígidos, reportou o New York Times.
Por enquanto, a maioria dos estados está relaxando suas medidas em diferentes ritmos e às vezes de maneira caótica e até ridícula (na Geórgia entre os setores comerciais que têm licença para reabrir são os serviços de massagens e tatuagens). Outros estão procedendo com mais cautela.
Michigan, com sua governadora democrata Gretchen Whitmer, acaba de anunciar que permitirá o retorno de trabalhadores da indústria sobretudo para reativar o setor automotriz. Tudo enquanto não está sendo reduzida a incidência de casos no país (uns 25 mil novos casos são reportados quase todo dia).
Processadores de carnes
Enquanto isso, se revelou que o secretário de Saúde, Alex Azar, comentou em uma conversa com legisladores no fim do mês passado que os trabalhadores eram os culpados por infectar os locais de processamento de carnes e que isso tinha uma relação maior com os aspectos de “família e sociais” das vidas dos trabalhadores do que das condições dentro das fábricas, reportou o periódico Político. Vale recordar que uma grande parte desses trabalhadores são minorias e/ou imigrantes. Trump ordenou a reabertura dessas processadoras.
Curiosamente, a Bolsa de Valores de Nova York teve uma sessão positiva, encabeçada pelo valor de ações das grandes empresas tecnológicas como Microsoft, Apple e Amazon – cujos donos figuram entre os homens mais ricos do mundo e viram suas fortunas pessoas serem incrementadas durante o desastre econômico – e algumas menores como Zoom e Netflix que estão se beneficiando das condições atuais com quase todo o país obrigado a viver “online”, e esperam que continue a generosidade do governo em sustentar setores vitais da economia.
Fome e insegurança alimentar
Ao mesmo tempo, com indicadores alarmantes e sem precedentes de ampliação dos índices de “insegurança alimentar”, ou seja, da fome, legisladores republicanos estão freando por ora a ampliação do principal programa federal de assistência alimentar para os pobres.
Por outro lado, enfermeiras do sindicato National Nurses United realizaram um protesto em frente à Casa Branca denunciando a falha do governo em proteger os trabalhadores da saúde, colocando 88 pares de sapatos brancos de enfermeiras representando suas colegas que morreram com o vírus
Union RNs placed shoes outside the White House, each pair representing a nurse lost due to insufficient PPE during #COVID19.
Put yourself in their shoes.
Honor the fallen.
And fight like hell for the living.Call Congress NOW and demand they #ProtectNurses: (202) 335-6015 pic.twitter.com/yPtFbB91Fh
— NationalNursesUnited (@NationalNurses) May 7, 2020
Right now, @NationalNurses RNs are leaving empty pairs of shoes in front of the White House to represent each nurse who has died from #COVID19 in an incredibly moving and powerful protest this morning during #NursesWeek. pic.twitter.com/HKuXK8YYzQ
— Bonnie Castillo (@NNUBonnie) May 7, 2020
David Brooks, Correspondente de La Jornada em Nova York.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também