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Índio Educa e a verdadeira história do Brasil

João Baptista Pimentel Neto

Tradução:

Ainda nos primeiros anos da escola, quando as crianças têm seus contatos iniciais com a história brasileira, uma das perguntas propostas por muitos professores é? Quem descobriu o Brasil?

Ja existiamA esta indagação, é comum que se espere que a criançada em coro responda: Pedro Álvares Cabral. Uma afirmação mentirosa que ao longo dos séculos fundamenta e justifica a “invasão européia” ocorrida no início do século XV.
Ao atribuir ao navegador português a descoberta do país, esta versão dos acontecimentos desconsidera as estimadas 5 milhões de pessoas que aqui viviam antes da chegada dos europeus.
João Baptista Pimentel Neto* 
Poucos brasileiros -inclusive os educadores- sabem mas a Lei 11.645 tornou a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” obrigatória no currículo oficial da rede de ensino. A referida lei, porém, ainda faz parte daquelas leis que no Brasil são tratadas como “aquelas leis que não pegaram” e não é cumprida na imensa maioria das escolas tupiniquins. Tal situação é justificada pelos gestores educacionais com o -falso- argumento da inexistência de conteúdos didáticos sobre as temáticas.

Para tentar minimizar este e muitos outros desrespeitos à cultura indígena, a Organização Thydêwá resolveu criar uma plataforma online para que os índios desenvolvam materiais didáticos que contem sua história e atualidade.

 

No site Índio Educa, é possível encontrar artigos a respeito de diferentes etnias e tribos brasileiras, todos escritos por indígenas. Os assuntos são diversos, e vão de aspectos históricos ao cotidiano.

”A época do índio sem voz está terminando. Este projeto tem o objetivo de empoderar o indígena para dialogar. Trabalhamos em cima dos preconceitos que existem, como pessoas que acham que eles ainda vivem nus”, conta o presidente da Organização Thydêwá, Sebastian Gerlic.

 

A botao_quemsomos5ideia surgiu em 2008, quando a Lei 11.645 tornou a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” obrigatória no currículo oficial da rede de ensino. Desde então, a ONG começou a reunir jovens indígenas interessados em produzir material de apoio a professores e alunos, e o Índio Educa foi lançado em 2011.

 

“Percebemos uma carência de material didático para dar subsídio a essas disciplinas. Então, chamamos indígenas que estão em universidades para formar um grupo de trabalho. Hoje o site tem 200 matérias provenientes de 10 etnias diferentes”, explica Gerlic.

 

O conteúdo do site é todo em formato de Recurso Educacional Aberto, com licença Creative Commons. Isso significa que o material pode ser utilizado e modificado por outras pessoas, como professores que queiram montar um conteúdo didático próprio.

 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

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