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Inexperiente, novo presidente da Petrobras defende privatização e é amigo de Guedes

Para líder da FUP, Deyvid Bacelar, troca é mais nova tentativa de Bolsonaro de afastar responsabilidade por alta de preços: "não muda PPI porque não quer"
Tiago Pereira
Rede Brasil Atual
São Paulo (SP)

Tradução:

O presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou na última segunda-feira (23) mais uma troca no comando da Petrobras. Caio Mário Paes Andrade será o quarto presidente nos últimos três anos e meio da maior empresa brasileira .

Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, trata-se de “mais um ataque” de Bolsonaro à Petrobras. A nova troca, segundo ele, é um movimento “eleitoreiro e desesperado” do presidente para tentar se afastar das responsabilidades pela alta dos preços dos combustíveis.

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“Como se ele (Bolsonaro) não tivesse responsabilidade pela política de preço dos combustíveis, pela inflação galopante que penaliza o trabalhador brasileiro e o crescimento do Brasil”, tuitou Bacelar.

Como a FUP-CUT vem ressaltando nos últimos tempos, a principal responsável pela explosão nos preços dos combustíveis é a política de Preço de Paridade de Importação (PPI). “Ele não muda ou abandona o PPI porque não quer”, criticou o líder petroleiro.

Sem requisitos

A FUP também alertou que Caio Andrade não cumpre os requisitos impostos pela Lei de Responsabilidade das Estatais para assumir o comando da Petrobras.

Ele é formado em Comunicação Social, com pós-graduação e mestrado em Administração. Foi presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e é atual secretário especial Desburocratização, Gestão e Governo Digital, ligado ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. No entanto, nunca teve qualquer experiência no setor de petróleo e gás.

Do mesmo modo, o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras criticou o nome escolhido por Bolsonaro. “Não tem formação e nem atuação na área, não conhece nada do setor, só é um ideólogo privatista e amigo do Paulo Guedes”, afirmou o economista Eric Gil Dantas, da OSP”, disse em entrevista ao Brasil de Fato.

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Petrobras
Com PPI, Petrobras virou "Robin Wood às avessas", tirando recursos da maioria da população para entregar aos acionistas


Robin Hood às avessas

A Petrobras passou a aplicar o PPI em outubro de 2016, ainda durante o governo Temer. Desde então, cinco nomes já passaram pela presidência da estatal, sem que houvesse mudança significativa na política de preços. Assim, a estatal passou a vincular os preços dos combustíveis produzidos no Brasil à variação do petróleo no mercado internacional. Além disso, o PPI também considera custos de logística para importação que são inexistentes.

De acordo com o coordenador da FUP-CUT, com o PPI, a Petrobras passou a funcionar como “um verdadeiro Robin Hood às avessas”, disse, fazendo referência ao herói da cultura popular inglesa que roubava da nobreza para dar aos pobres. Isso porque a dolarização dos preços dos combustíveis tem garantido dividendos cada vez maiores aos acionistas privados da estatal. Só em relação ao primeiro trimestre desse ano, a Petrobras vai pagar mais R$ 48,5 bilhões aos acionistas

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“Na ponta mais frágil dessa equação está o trabalhador brasileiro que há três anos não tem reajuste real do salário-mínimo, sendo vítima do processo de empobrecimento acelerado”, criticou Bacelar.


Lula: Bolsonaro tem “rabo preso” com o PPI

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou o troca-troca na Petrobras. Para ele, não adianta Bolsonaro trocar o presidente da estatal, nem dar “murro na mesa”, se o PPI foi mantido. Em entrevista à Rádio Mais Brasil News FM nesta terça (24), o ex-presidente afirmou que o correto seria reunir o Conselho Nacional de Política Energética e decidir pelo fim da dolarização dos preços dos combustíveis no Brasil.

No entanto, Lula afirmou que falta coragem a Bolsonaro para aplicar esse tipo de medida. “O que ele tem que ter é coragem. Porque, na verdade, o que ele tem é o rabo preso aos preços internacionais”.

Ao longo dos últimos meses, Lula vem defendendo “abrasileirar” os preços dos combustíveis no Brasil. Isso porque o PPI também considera em dólar os custos do refino do petróleo no Brasil. Nesse sentido, o ex-presidente afirma que é preciso considerar os custos em reais na produção de combustíveis.

Tiago Pereira, da RBA



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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