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Intelectuais argentinos chamam à defender a estabilidade do governo

Stella Calloni

Tradução:

Stella Calloni* 

stella caloniA “pátria em perigo”, foi o título do espaço de Carta Aberta, conformado por reconhecidos intelectuais, em um cenário complexo em que o governo, apesar de uma campanha interna e externa contrária, está conseguindo frear a corrida cambial e estabilizar o dólar no preço oficial de oito pesos.

Em documento o coletivo Carta Aberta adverte que “devemos sentir que estamos na beira de uma nova mobilização”, e “avançar em mecanismos que estabeleçam o manejo estatal do comercio exterior”, ao instar a defender os preços. Também mencionam recorrer à imaginação de tantos momentos históricos para novas e criativas formas mobilizadoras.

O Papa nega ter solicitado falar com sindicalistas e empresários argentinos.
O Papa nega ter solicitado falar com sindicalistas e empresários argentinos.

Coincidindo com expressões similares, chamam ao Kirchnerismo – como denomina popularmente a governista Frente para a Vitória – a “mobilizar-se e sair para as ruas”.
O escritor Horacio Gonzáles, diretor da Biblioteca Nacional, ao ler o documento de Carta Aberta assegurou que “este processo transformador, conduzido por Néstor e Cristina Kirchner, tem sido uma recriação das militâncias e o fervor público nacional, ancoradas em uma longa memória popular que não tem proprietários”.
Foi a primeira Assembleia deste ano em que os intelectuais e artistas acusaram a “um punhado de grandes empresas (Cargill, Noble Argentina, Bunge Argentina, Dreyfus, Molinos Rio de la Plata, Vicentin, Aceitera General Deheza, Nidera y Poepfer) que exportam mais de 90 por cento do grão, azeite e farinha de soja argentinos, histórica base da riqueza e da produção do país”, de organizar “uma artimanha financeira contra o governo”.
Isto obrigou “a adotar medidas difíceis e comprometedoras para o futuro do país”, como a desvalorização “não pretendida pelo governo nem conveniente para as maiorias populares” o que consideraram grave. “Não é um simples episódio mais da história econômica nacional. As grandes organizações agropecuárias têm todas fortes vínculos internacionais, financeiros, comunicacionais e sempre estão dotadas para produzir a miragem de que seus interesses coincidem com os de uma grande parte das desconcertadas classes médias argentinas”, enfatiza o documento.
Nestes momentos que caracterizam como “dramáticos” é necessário “repor nossas forças e dignidade para a luta, pois isto exigirá grandes esforços para que a desvalorização não afete os amplos estratos das classes populares, historicamente as mais prejudicadas com este tipo de medidas”.
Na situação atual, com base em diversas análises e testemunhos que debateram e chamaram a “avançar nos mecanismos que estabeleçam o manejo estatal do comercio exterior”, e em outras série de importantes medidas.
“Nosso país tem visto, ciclicamente, ameaçados, boicotados e truncados projetos de desenvolvimento nacional autônomo pelas restrições externas, ou seja, pela insuficiência de divisas. Estas são o recurso chave para a continuidade e aprofundamento de dinâmicas progressivas. Portanto, resulta indispensável livrar-se da chantagem dos monopólios e garantir seu controle governamental”.
Também mencionam a necessidade de gerar um movimento de opinião “e a mobilização social (como ocorreu com a lei de meios audiovisuais) que acompanhe a consecução desse objetivo autenticamente democrático”.
Mais adiante asseveram que “a soberania na disposição das divisas requerirá avançar em outras áreas para reforçar ou estabelecer o controle estatal e social (por exemplo, nos portos privados), maiores regulamentações ao capital especulativo e ao sistema financeiro, especialmente aos bancos de propriedade estrangeira, entre tantas”.
Ao mesmo tempo alertam sobre o perigo das tentativas de restaurar “o velho país oligárquico” que “está pronto a mostrar seus dentes de ferro, que seriam suas ferramentas de ajuste”.
Por outro lado e dentro da guerra midiática opositora que se incrementa nestes dias, o papa Francisco desmentiu que tivesse solicitado uma reunião com funcionários do governo, sindicalistas e empresários no Vaticano, como publicaram em manchete o conservador diário La Nación, e a revista de ultradireita Perfil.
Dessa maneira, desmentiu as publicações que informaram que o encontro se daria no dia 19 de março.
“Nada havia na agenda do papa sobre uma reunião com os representantes argentinos na Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, disse uma jornalista amiga, Alicia Barrios, com quem Jorge Mario Bergoglio se comunicou. Os meios opositores tinham informado que o papa também tinha pedido à presidenta Cristina Fernández de Kirchner que reunisse com Antonio Caló, dirigente da Confederação Geral do Trabalho (CGT governista), o que foi negado terminantemente.
*Colaboradora de Diálogos do Sul – correspondente de La Jornada de México na Argentina.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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