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Intelectuais recordam legado de Mariátegui: "estimulou o conhecimento de milhões"

Evento virtual recordou os 90 anos de seu falecimento e os 125 de seu nascimento e se caracterizou por um espírito criador, transformador e revolucionário
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

O legado transcendental do pioneiro do marxismo no Peru, José Carlos Mariátegui, introdutor de conceitos essenciais vinculados à modernidade e ao desenvolvimento, ao progresso social e à luta por construir uma nação, sobressaiu em recente Simpósio Internacional realizado aqui.O evento virtual recordou, de 22 a 27 de setembro, os 90 anos de seu falecimento e os 125 de seu nascimento e se caracterizou por um espírito criador, transformador e revolucionário nas reflexões dos participantes em torno à mensagem de Mariátegui, quem ajudou a desentranhar a realidade nacional e a conhecer os elementos essenciais do processo social contemporâneo. 

Já na convocatória deste importante evento, os organizadores afirmaram que “José Carlos Mariátegui é uma das mais destacadas figuras do pensamento peruano e latino-americano. Suas ideias, mas também sua ação prática, serviram a milhões para forjar consciência, estimular o conhecimento, apreciar a cultura, aprofundar uma reflexão cabal acerca da humanidade e suas projeções”.

Evento virtual recordou os 90 anos de seu falecimento e os 125 de seu nascimento e se caracterizou por um espírito criador, transformador e revolucionário

Reprodução
"José Carlos Mariátegui é uma das mais destacadas figuras do pensamento peruano e latino-americano."

A presidenta dos Amigos de Mariátegui, a pintora peruana Fanny Palacios Izquierdo, sublinhou que o Amauta – como é conhecido por sua condição de Mestre de muitas gerações – “mantém uma singular vigência e em momentos como este, quando assomam diversas crises: uma sanitária, outra econômica e mais uma, política, sua vida e sua obra se perfilam em alto como se fossem convocadas pela mais profunda urgência do homem peruano”. 

Na abertura compartilharam responsabilidades o Diretor da Casa Museu, Ernesto Romero; o coordenador do evento, historiador Ricardo Portocarrero Grados, e José Carlos Mariátegui Ezeta, neto do homenageado, que é o responsável pelo arquivo da revista Amauta e outros documentos. 

As seis mesas de apresentações foram agrupadas nos seguintes temas: Mariátegui e sua época, Mariátegui e a literatura, O socialismo de Mariátegui, Mariátegui e a modernidade cosmopolita, Mariátegui e o marxismo, e Mariátegui e a América Latina, com um total de 20 exposições de participantes do Peru, Chile, Argentina, México e Espanha.

Em cada uma das meses se salientou o conjunto de aportes de Mariátegui e à teoria e à política latino-americana e internacional. Suas ideias e propostas emergiram nas exposições, seguidas com vivo interesse pelas redes sociais, e que foram reportadas por visitantes de Brasil, Chile, Argentina, Espanha, Cuba, Venezuela e outros países.

Na primeira mesa Juan Osorio, da Colômbia, falou da “alma encantada” de quem considerou uma espécie de anjo rebelde no firmamento latino-americano; enquanto Ricardo Oliveros, do Peru, falou do socialismo revolucionário de Mariátegui e da personalidade dialética do militante, como uma maneira de combinar a concepção teórica do pensador marxista com seu aporte prático à luta emancipadora dos trabalhadores. 

Por sua parte o chileno Oswaldo Fernández se ocupou de um tema muito sugestivo que intitulou “Da heresia ao dogma; do dogma à heresia”, como uma maneira de resumir o espírito iconoclasta e criador do Amauta.

Na segunda mesa, dedicada à literatura, a argentina María Fernanda Vasallo e o peruano Víctor Ramos falaram da incidência do cenário concreto na obra do pesquisador e abordaram assuntos relativos ao indigenismo e à realidade dos Andes nas concepções de Mariátegui.
Na terceira mesa, o chileno Patricio Gutiérrez, e os peruanos Vicente Otta e Gustavo Espinoza, aludiram aos aspectos criadores do pensamento do autor dos 7 Ensaios e a vigência de suas concepções no ideário de nosso tempo.

Na quarta mesa o chileno Claudio Berríos, o peruano Ricardo Portocarrero e o argentino Nicolás Moselle se referiram à revista Amauta e às publicações alentadas pelo escritor latino-americano com um critério renovador, afirmando a capacidade criadora dos povos.
Na quinta mesa Alberto Pablo Pérez, do México, desenhou um paralelo entre Mariátegui e Antonio Gramsci, ambos portadores de una renovada visão do marxismo. O espanhol David Cardoso falou de Mariátegui e das concepções do socialismo e do populismo em sua época.

E na sexta mesa Richard Fernández, do Peru, abordou as experiências da psicologia dialética de Vigotski, e Gonzalo Jara, do Chile, se ocupou do tema da reivindicação indígena na obra do Amauta.

Uma novidade com relação a eventos anteriores foi o lançamento de publicações recentes de livros sobre José Carlos Mariátegui: In the Red Corner. The Marxism of José Carlos Mariátegui (Mike Gonzáles), El Optimismo-Histórico. Mariátegui y nuestro tiempo (Gustavo Espinoza Montesinos), José Carlos Mariátegui. Antologia (Seleção, introdução e notas de Martín Bergel) e Apología del aventurero. José Carlos Mariátegui (Guido Podestá Airaldi).

O evento foi convocado pela Associação Amigos de Mariátegui e pela Casa Museu de mesmo nome, e contou com o apoio do Ministério da Cultura, que proporcionou a ajuda tecnológica indispensável para assegurar sua exitosa realização.

As dificuldades derivadas da crise sanitária que também afeta o Peru foram superadas pelo empenho, a iniciativa e a colaboração de diferentes instituições, chamadas todas a preservar e perpetuar o legado histórico do importante pensador marxista latino-americano.

*Jornalista e professor peruano. Ex-congressista e ex-secretário geral da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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