O presidente russo Vladimir Putin, advertiu sobre a necessidade de fazer um esforço para montar no último vagão do progresso da inteligência artificial. A companhia Zyfra parece demonstrar que isso é possível.
Uma tarde de visita pela companhia Zyfra em Moscou deixou gratas impressões e um sentimento otimista de que a Rússia avança pelo caminho de desenvolvimento próprio das altas tecnologias, incluída a inteligência artificial e a Internet das coisas.
Zyfra, filial do Grupo Vist, com mais de 30 anos no mercado, centra seu trabalho em otimizar os processos de produção mediante o uso da informática, da automatização e da robótica, tanto na mineração, como na metalurgia, perfuração petroleira e construção de maquinarias.
Alexander Kniazev, representante da companhia Zyfra, declarou a Prensa Latina, que sua empresa possui sócios comerciais na Federação Russa e no Cazaquistão, enquanto trabalha com empresas da Índia, da África (Marrocos) e Peru.
Nos enfocamos, ademais, nos últimos tempos no desenvolvimento da cooperação com a América Latina, afirmou Kniazev.
Em uma primeira etapa, nos propusemos a desenvolver os nexos com nações mineradoras como o Chile e o Peru, onde abrimos representações. Ali temos tanto funcionários de nossa companhia como organizações filiadas a nós, explicou o especialista da Zyfra.
“Uma segunda etapa inclui o Brasil e seria interessante para nós também trabalharmos com Cuba”, declarou.
No momento, contamos com filiais abertas em Casablanca (Marrocos), Helsinki (Finlândia), Almaty (Cazaquistão) e Krivoirog (Ucrânia), assim como nas cidades russas de Kemerovo e Magnitogorsk, entre outras, destacou o representante da Zyfra.
Nosso sistema busca aumentar a produtividade dos aparelhos técnicos e das operações tecnológicas no processo de produção. Isso inclui o emprego de sensores e computadores que são instaladas nos equipamentos, explicou.
A informação levantada é enviada a um centro de processamento que analisa esses dados e recomenda a melhor forma de efetuar as operações na mineração, extração petroleira, metalurgia ou construção de maquinarias,
Considerou que o trabalho conjunto do sistema instalado permite incrementar o coeficiente de exploração dos equipamentos e dessa forma influi nos parâmetros de produção.
Prensa Latina / Foto: Antonio Rondón
Zyfra, filial do Grupo Vist, tem mais de 30 anos no mercado
A aplicação concreta
A companhia desenvolveu o sistema Bucket Control, capaz de controlar o estado dos dentes (coroas) da escavadeira e fixar a ausência ou presença delas. Isso inclui funções de aviso ao operador em caso de rompimento.
Com o sistema de visão artificial para detectar uma deterioração ou possível ruptura de um dente, pode-se evitar que um fragmento da coroa possa cair no sistema de trituração, o que pode causar perdas de até 200 mil dólares por sua paralisação.
A ideia do Bucket Control é reduzir em até 90% os gastos por busca de coroas quebradas, indicaram fontes da empresa.
O referido complexo também conta com um sistema automatizado para determinar a granulometria. Isso permite uma medição ininterrupta das dimensões dos fragmentos de rocha, diretamente nas pás.
A correlação dos resultados dessas medições com as coordenadas permite levantar um mapa de rendimento de trabalhos de explosão da roca, para otimizar assim o custo dos trabalhos de detonação em função do rendimento das extrações.
Dessa forma, é analisada a composição da rocha e com isso aumenta o rendimento do trabalho da pá em 3% e se minimiza a probabilidade de entrada de fragmentos, sem as dimensões requeridas.
Isso aumenta o rendimento do transporte da rocha em outros 10%, destacam os especialistas da companhia russa.
Para o caso das minas, Zyfra propõe soluções específicas para otimizar a produção que pode aumentar a utilização de caminhões e pás de escavadeiras em 25% e reduzir a frota de caminhões ou trabalhos de manutenção entre 10 e 15 pontos.
No caso dos equipamentos de perfuração incrementa-se em 35% sua utilização e reduz os trabalhos de manutenção entre 10 e 15%.
Por sua parte, o sistema VG Karier se encarrega de uma distribuição mais eficiente da frota de caminhões na mina, pois mediante sensores é determinado o lugar idôneo para o trabalho da escavadeira, o enchimento da pá e o movimento do caminhão e seu reabastecimento.
Tudo leva a aumentar a produtividade entre cinco e 15%, reduz os custos por gasto de combustível entre 5 e 10%, assim como recorta em 80% e inatividade tecnológica.
A companhia dá a possibilidade de instalar um sistema que permite trabalhar de forma automática os caminhões. Para isso não é necessário adquirir novos veículos, pois pode-se instalar o equipamento nos que já são usados, uma vantagem de Zyfra em relação a outras empresas.
Nos trabalhos de mineração são incluídos caminhões robotizados, portas automáticas e semáforos. Um dos primeiros a estrear essa tecnologia foi a corporação de mineração de carvão e energia ZUEK, uma das maiores companhias do mundo.
Zyfra possui participação na plataforma marítima petroleira de Sajalin e na Arábia Saudita na zona de perfuração, apesar da competição existente nesse país árabe de companhias estadunidenses que também propõe sua tecnologia e controlam esse mercado.
Funcionários da empresa russa explicaram a Prensa Latina que a companhia conta com equipamentos para fazer prognósticos dos poços de perfuração de petróleo a uma distância de até 15 quilômetros de onde estão instalados os equipamentos de extração.
A companhia já instalou seus equipamentos em pelo menos quatro mil poços em todo o mundo, assinalou Kniazev.
Dessa forma Zyfra aparece como um dos tantos exemplos da preparação da Rússia para subir ao vagão do desenvolvimento tecnológico no mundo, com possibilidades de assumir a liderança em alguns nichos da economia real, ao mostrar uma oferta com melhor relação preço-qualidade.
*Antonio Rondón, Correspondente de Prensa Latina na Rússia
**Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
***Tradução: Beatriz Cannabrava
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