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Intervenção militar na Venezuela seria resgatar ditaduras do século 20

Secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luís Almagro, disse “não descartar" ação no país de Nicolás Maduro
Mariana Serafini
Portal Vermelho

Tradução:

Diante da crise política e econômica que a Venezuela enfrenta, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luís Almagro, disse “não descartar uma intervenção militar” no país. A afirmação causou incômodo na região e diversos países se pronunciaram em rechaço a este posicionamento que representa um resgate das ditaduras que assolaram o continente entre os anos 1960 e 1990. 

Até mesmo o Grupo de Lima, bloco de países governados majoritariamente pela direita, se pronunciou contra a afirmação de Almagro. Onze dos 14 países membros rechaçaram o posicionamento do secretário-geral e destacaram que ações militares externas – realizadas no século passado – resultaram em golpes e ditaduras militares que mancharam a história da América Latina. Brasil, Argentina, Costa Rica, Chile, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia assinaram o comunicado. 

A afirmação de Almagro se deu após vazar a informação de que o governo de Donald Trump sondou as Forças Armadas da Venezuela sobre a possibilidade de um golpe no país. A Casa Branca confirmou que houve, de fato, esta conversa, mas garante que qualquer ação militar contra Caracas foi descartada. 

Após a infeliz declaração de Almagro, a Venezuela disse que vai denunciar o caso à ONU. “Venezuela denunciará Almagro ante a ONU e outras instâncias internacionais. Ele, de forma vulgar e grotesca, ostenta a Secretaria-Geral da OEA, por promover a intervenção militar em nossa pátria e atentar contra a paz da América Latina e do Caribe!”, disse a vice-presidenta do país, Delcy Rodriguez. 

Secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luís Almagro, disse “não descartar" ação no país de Nicolás Maduro

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Almagro e Rex Tillerson, Secretário de Estado dos EUA, em 2017 | Foto: Wikipedia

Delcy também destacou que a afirmação do secretário-geral revive “os piores expedientes de intervenção militar imperialistas na região” e ameaça a estabilidade democrática que o continente conquistou nos últimos anos.

O processo de intervenção dos EUA na América Latina foi traumático e até hoje não foi superado em diversos países, entre eles no Brasil porque os crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985) ainda não foram condenados. 

Agora, passadas décadas das intervenções militares, vieram à luz documentos que comprovam que os Estados Unidos não só financiaram, mas estiveram diretamente ligados às ditaduras. O país é o responsável pelo treinamento de agentes das Forças Armadas locais especializados em torturas que agiram contra os que se opuseram aos regimes, além de fomentar e ajudar a implementar as agendas econômicas neoliberais que ampliaram as desigualdades. 

Foi com base nesta memória recente que ainda causa repulsa até mesmo em setores da direita que os países da região se manifestaram contra a fala de Almagro. Afinal, uma intervenção militar contra a Venezuela representa uma ameaça generalizada contra todo o continente, uma vez que – de acordo com o nosso histórico – ações militares nunca aconteceram de forma isoladas. 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Mariana Serafini

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