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Investigações contra Trump: um retrato do colapso moral de países com influência global

Poder ilimitado costuma ser produto da voracidade e, sem dúvida alguma, de uma absoluta falta de escrúpulos
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul Global
Cidade da Guatemala

Tradução:

Existe uma notável tendência a considerar a concentração da riqueza como um fato admirável. A partir dessa postura se costuma cair no erro de passar por alto os passos que levaram a tal acumulação de poder e não se repara nos atos ilegítimos – embora muitas vezes legais – que conduziram a tais extremos.

Isto acontece com os indivíduos, mas também com os países governados por líderes capazes de cometer grandes injustiças com seu povo, e que, além disso, arrasam com os direitos e a independência de outras nações. O poder ilimitado, aquele que aparenta ser consequência do desenvolvimento, costuma ser produto da voracidade e, sem dúvida alguma, de uma absoluta falta de escrúpulos. 

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Nestes dias, os meios internacionais cravaram seus dentes com enorme prazer no passeio de Donald Trump pelos corredores da ilegalidade. O evidente abuso de poder cometido pelo ex-mandatário estadunidense ao acumular documentos oficiais em seu clube privado foi um apetitoso bolo para o circo midiático.

No entanto, esse ato de abuso burocrático representa a evidência de um péssimo manejo dos controles supostamente estritos sobre o manejo de documentos classificados e do arquivo oficial da maior potência mundial. A corrupção dos processos, portanto, é só uma amostra das debilidades morais de um país com influência global. 

Poder ilimitado costuma ser produto da voracidade e, sem dúvida alguma, de uma absoluta falta de escrúpulos

Giuseppe Milo – Flickr

A prosperidade dos impérios sempre descansou sobre o abuso e a exploraçã

Este, no entanto, não é um fato isolado e corresponde à justiça desse país lidar com a interminável sequência de passos protocolares para processar um ex-presidente. Antes, outros mandatários – baseados em evidências falsas e mentiras evidentes – cometeram abusos de consequências catastróficas para povos de longínquas latitudes, com o único propósito de facilitar e assegurar a exploração de seus recursos e a captura de seus governos.

O colapso moral derivado dessas políticas tem sido, ao longo da História, o marco indelével do poder econômico e geopolítico e tem levado as nações envolvidas, de forma paralela, à miséria e à abundância. 

Quando a liderança de uma potência mundial recai em seres tão desprezíveis como aqueles cujas ações vulneram a paz do planeta e se servem de seu poder para abusar de outros povos, é quando vale perguntar por que as demais nações se calam e aceitam.

É válido suspeitar que por trás de operações destinadas a exterminar povos inteiros, como sucede com os ataques de Israel à Palestina ou os conflitos no Iêmen, Afeganistão, Iraque e outros países – onde as vítimas civis se contam por dezenas de milhares – existe uma espécie de pacto ao qual pertencem as nações mais poderosas, mas também organismos criados para salvaguardar a paz, e guardam silêncio. 

Pepe Escobar | Nunca subestime um império ferido, profundamente humilhado e em declínio

A prosperidade dos impérios sempre descansou sobre o abuso e a exploração. O preço desse bem-estar para uns poucos foi pago por povos de culturas milenares, cuja debilidade muitas vezes lhes significou o extermínio.

O poder acumulado tem sido resultado do latrocínio de riquezas alheias e a captura de governos débeis e corruptos, instalados graças à manipulação e ao intervencionismo. Os direitos humanos e a democracia – valores utópicos – constituem o discurso propício e uma arma de sedução política que perdeu todos os seus significados, sobretudo quando procedem daqueles que violam seus preceitos. 

O desenvolvimento econômico nunca deve descansar sobre a miséria de outros povos. 

Carolina Vasquez Araya, colaboradora da Diálogos do Sul na Cidade da Guatemala.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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