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Alipio Freire*
A votação das Nações Unidas contra a ação de Israel em Gaza, na qual os Estados Unidos ficaram totalmente isolados, e as subsequentes iniciativas desse organismo internacional, foram – sem sombra de dúvida – graves derrotas políticas/diplomáticas do Governo de Jerusalém.
No entanto, há um aspecto mais grave: a oposição progressista e de esquerda em Israel, que sempre tem se manifestado contra os sucessivos genocídios dos governos do seu país contra os palestinos e que tem crescido a cada crise, desta vez deu um salto de qualidade, ganhou nova dimensão: 56 homens e mulheres da reserva militar assinaram um manifesto em que se recusam a combater no atual confronto.
A esse gesto, dá-se o nome de desobediência civil.
Embora em qualquer ramo das ciências humanas, não possamos (nem devamos) estabelecer “leis” exatas, ou previsões definitivas, não é exagerado lembrarmos que foi exatamente com a desobediência civil dos jovens convocados pelo Governo de Washington para lutar no Vietnã, que rasgavam em manifestações públicas as convocações, que os EUA começaram a perder a guerra no Sudeste Asiático.
Ou seja, quando o agredido consegue levar a guerra para o interior das fronteiras do agressor, construindo no seu território uma força aliada – a partir das contradições internas à própria sociedade dos agressores – os sinos do império devem começar a tocar seu próprio réquiem.
Aliás, lembramos que em editoriais deste jornal, e diversas vezes nesta coluna, temos afirmado que a solução política definitiva dos conflitos na região passa – necessária e fundamentalmente – pela ação dessas forças progressistas e de esquerda no interior de Israel, seu crescimento e organização.
Quanto ao incidente diplomático criado pelo porta-voz do Governo de Jerusalém, Yiagal Palmor, referindo-se ao Brasil como “anão diplomático” e outras tolas agressões do mesmo gênero, concordamos com a reação do ministro Marco Aurélio Garcia: o senhor Palmor “é o sub, do sub, do sub, do sub…” O que equivale à expressão usada por uma senhora portuguesa que conhecemos ainda criança: o senhor Palmor “é uma gota de m – – – – solta no espaço e não sujeita às leis de atração”.
*Original de Brasil de Fato