Israel é o maior recebedor acumulativo de assistência exterior dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial com um total até hoje de 146 bilhões de dólares, segundo dados oficiais estadunidenses.
Na última segunda-feira (17), pela primeira vez após oito dias de uma ofensiva feroz contra os palestinos, financiada em grande parte com esta generosidade de Washington, o presidente Joe Biden apoiou um cessar-fogo, mas sem condicionar a assistência anual atual de 3,8 bilhões de dólares.
Em 2016, durante a presidência de Barack Obama, os governos dos Estados Unidos e de Israel firmaram seu terceiro acordo de 10 anos sobre assistência militar cobrindo o período dos anos fiscais de 2018 a 2028, no qual Washington se compromete a oferecer um total de 38 bilhões de dólares em assistência militar a Israel, elevando o montante dos 30 bilhões de dólares do acordo anterior. Hoje, quase toda a assistência estadunidense a Israel é militar, reporta um informe publicado em fins de 2020 pelo Serviço de Investigação Congressional (CRS), agência federal do Congresso, que resume as cifras totais da assistência bilateral a Israel ao longo de mais de 70 anos

Reprodução: Winkiemedia
Protestos anti-Israel em Washington
Segundo o informe, Israel é o primeiro operador dos aviões caça F-35, considerados os mais avançados jamais fabricados — tem 50. O informe também abordou o financiamento estadunidense de sistemas antimísseis de Israel e a venda de equipamento militar, incluindo mísseis, helicópteros, transportes militares blindados entre outros.
Esta assistência militar também ajudou no desenvolvimento da indústria bélica de Israel, que agora exporta quase 70% de sua produção, incluindo uma cerca eletrônica para a fronteira entre México e Estados Unidos. Israel é agora o oitavo maior exportador de armas do mundo, segundo o Instituto Internacional para Estudos da Paz conhecido por sua sigla em inglês, SIPRI.
Durante dias, Biden ignorou o apelo de políticos progressistas e defensores de direitos humanos — e até impediu três tentativas do Conselho de Segurança da ONU — para que exigisse a Israel um cessar-fogo imediato.
Só na última segunda-feira Biden finalmente rompeu seu silêncio e, cedendo à pressão política e à opinião pública, tanto dentro como fora do seu país, “expressou seu apoio a um cessar-fogo” em uma chamada com o mandatário israelense Benjamin Netanyahu, como informou a Casa Branca. Biden, na ocasião, reiterou seu “firme apoio ao direito de Israel de se defender”.
Biden está enfrentando novas vozes no Congresso e entre alguns agrupamentos judeus estadunidenses que estão rompendo o consenso quase completo de apoio a Tel Aviv que prevalece em Washington durante décadas.
Legisladores progressistas do Congresso se expressaram durante os últimos dias, desde o mais proeminente, senador Bernie Sanders, a Alexandria Ocasio Cortez, Jesus “Chuy” Garcia, Marc Pocan e Ilhan Omar na câmara baixa, enquanto no domingo (16), 28 senadores apelaram por uma trégua imediata.
A deputada federal Rashida Tlaib declarou ante o pleno da Câmara de Representantes na sexta-feira passada que “sou agora a única integrante palestina-estadunidense do Congresso… e sou uma lembrança aos meus colegas que os palestinos em verdade existem, que somos humanos, que se tem que permitir-nos sonhar”. Proclamou que “temos que condicionar a assistência a Israel para obrigar a que cumpra com os direitos humanos internacionais e ponha fim ao apartheid”.
Sua colega, Ayanna Pressley fez uma comparação entre o tratamento racista em Israel e o de seu país, afirmando que “aos palestinos lhes dizem o mesmo que aos afro-estadunidenses, que não há forma aceitável de resistência”.
Outra deputada, Cori Bush, uma afro-estadunidense, assinalou que o equipamento que se emprega para “brutalizar” aos afro-estadunidenses nos Estados Unidos é o mesmo equipamento que este país exportar a Israel para “brutalizar aos palestinos”.
J Street, organização judaica liberal pró Israel em Washington, exigiu que Biden declarasse a demanda de um cessar-fogo imediato para “proteger todos os civis israelenses e palestinos”.
Cento e quarenta organizações progressistas nos Estados Unidos emitiram uma declaração apelando ao governo de Biden que denuncie o governo de Israel por crime de guerra contra o povo palestino por suas políticas de deslocamento e repressão. Veja aqui.
Críticos assinalam que o governo de Biden chegou proclamando que os direitos humanos estariam no centro de sua política exterior, e argumentam que Israel com suas políticas contra o povo palestino agora põe em questão esse compromisso.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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