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Juan Carlos I: Os delitos do monarca abdicante

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Coronel Amadeo Martínez Inglés (*)

Coronel Martínez Inglés: De rei a presumível delinquente Coronel Martínez Inglés: De rei a presumível delinquente

Presumíveis delitos de tentativa de golpe de Estado, Grupos Antiterroristas de Libertação, enriquecimento ilícito, corrupção continuada e generalizada, desvio de fundos reservados do Estado, alta traição à nação…

Rei Juan Carlos I, o Caçador Rei Juan Carlos I, o Caçador

Pois sim, sim amigos, nosso amado ex-rei Juan Carlos I o Caçador (parece ser o que foi, e muito, segundo nossos corruptos políticos que viveram do conto durante todo o seu reinado), poderia passar, uma vez consumada sua abdicação, dos fastuosos salões de La Zarzuela nos quais está vivendo e vegetando nos últimos 39 anos aos mais austeros e deprimentes de um ou outro Tribunal de Justiça, seja a Audiência Nacional (atualmente terror de chorosos políticos, especialmente do PP), o Tribunal Supremo, o Tribunal Superior de Justiça da Comunidade de Madri, o modesto e retirado Juizado da Plaza de Castilla ao qual poderia corresponder o assunto por turno rigoroso, o Juizado de Guarda mais próximo ao domicílio do probo cidadão espanhol (não necessariamente republicano) que se atreva a denunciar este anjinho bourbônico que aguentamos na Chefia do Estado espanhol durante quatro décadas cometendo durante todo esse tempo execráveis (e presumíveis, é claro) delitos e inclusive… o Tribunal Penal Internacional!  Pois até genocídios (em grau de cooperação necessária) podemos encontrar no sinistro currículo de semelhante personagem da realeza que, dentro de poucos dias e por muito que se afanem o mentiroso Rajoy e o traidor Rubalcaba em protegê-lo seja como for, converter-se-á em um cidadão comum e, portanto, totalmente “violável” pela Justiça.

Pois para animar o pessoal decente a trazer um pouco de ar fresco à sociedade espanhola denunciando nos tribunais de justiça a antiga divindade bourbônica dos elefantes e da Corinna, depois do sainete régio da sucessão expressamente montado pelo regime do cacique Rajoy, os chefes neo-cortesãos do vitelo de La Zarzuela que querem tocar o poder seja como for e o ainda chefinho provisório do velho PSOE, senhor Rubalcaba (que papelão desempenhou esse homem!) vou me permitir resgatar e explicar a série de presumíveis delitos cometidos pelo abdicante Juan Carlos de Bourbon enquanto foi rei da Espanha e inclusive em sua juventude, em 1956, quando sendo cavalheiro cadete da Academia Geral Militar de Zaragoza e aos 18 anos de idade matou com um tiro na cabeça o infante D. Alfonso de Bourbon com 14 anos.  Todos estes presumidos delitos do ex-monarca espanhol foram já citados por mim, repetidas vezes, desde o ano de 2005, são do conhecimento das Cortes espanholas e do Governo da nação. Mas, como era intocável o cavalheiro!

Aí vai, amigos, o currículo presumivelmente delituoso do abdicado ex-rei Juan Carlos I o Caçador:

1º.- Uma tentativa de golpe de Estado já que a esta altura não há dúvida de que, no outono de 1980, autorizou seus militares cortesãos (os generais Armada e Milans) a planejar, organizar, coordenar e executar uma ilegal e inconstitucional manobra político-militar-institucional (o popular 23-F), de acordo com determinadas forças políticas do arco parlamentar, com o fim de trocar o Governo legítimo da nação espanhola e com isso frear um golpe militar da extrema direita castrense.  Manobra que depois seria abandonada por ele mesmo e seus cupinchas políticos diante da extravagante entrada do tenente coronel Tejero no Congresso dos Deputados, pondo assim este país em sério perigo de guerra civil.

2º.- A entrada em cena, em 1983, dos batalhões da morte ou grupo de terroristas de Estado denominados GAL (Grupos Anti-terroristas de Libertação) para fazer desaparecer (matar ou sequestrar) membros do ETA, violando todos as normas e leis do Estado de direito e usando as mesmas táticas e técnicas dos separatistas bascos.  Grupos de assassinos a soldo do Estado espanhol que, com o conhecimento e a autorização tácita do Chefe de Estado e comandante supremo das FAS espanholas, o rei Juan Carlos, seriam organizados e dirigidos pelos serviços secretos militares (CESID) nutrindo-se de funcionários militares e civis espanhóis e mercenários estrangeiros.

3º.- Enriquecer-se de uma forma exagerada e ilegal até converter sua família em uma das maiores fortunas da Europa e do mundo, recebendo suspeitas doações e créditos pessoais do exterior e realizando substanciosos negócios, aproveitando-se de seu ilimitado poder institucional e sua inviolabilidade perante a lei. O que propiciou que, em trinta anos, sua fortuna tenha se elevado, segundo prestigiosas publicações estrangeiras (na Espanha o mutismo em tudo o que se refere à família real é absoluto), à importantíssima soma de um bilhão e 790 milhões de euros (300 bilhões de pesetas).  Cifra nunca desmentida por La Zarzuela e da qual se fez eco, pedindo seu esclarecimento definitivo, até o mesmíssimo e prestigioso diário norte-americano, New York Times.

4º.- Exercer a corrupção continuada e generalizada ao receber e aceitar como rei e chefe de Estado, ano após ano, presentes e doações multimilionárias de empresários e particulares (iates, carros, petrodólares para apoiar a reconquista do Kuwait, chácaras de lazer, caçadas…)

5º.- Desviar fundos reservados do Estado para pagar suas aventuras galantes e as chantagens de alguma de suas numerosas amantes, como a que teve que enfrentar a partir de 1994 depois de sua longa relação amorosa de 15 anos de duração com uma bela vedete do teatro espanhol. Que custou aos contribuintes espanhóis mais de 500 milhões de pesetas, pagos com os fundos reservados do CESID, Presidência do Governo e Ministério do Interior.

6. – Um presumível assassinato (o homicídio simples já foi aceito por ele mesmo e sua família) cometido em sua juventude, já que, segundo as últimas pesquisas realizadas por este historiador, em fontes fidedignas, em 20 de março de 1956, com 18 anos de idade e sendo um distinguido cadete da Academia Geral Militar de Zaragoza, com seis meses de instrução militar intensiva em seu haver e outros seis de instrução pré-militar (especialista, portanto, no uso e manejo de toda classe de armas portáteis do Exército espanhol) matou, estando sozinho com ele em umA dependência do Palácio Las Cabezas situado no povoado de Casatejada (Cáceres) e presumivelmente por ordem do ditador Franco, com um tiro na cabeça, procedente de sua própria arma, seu irmão Alfonso, de 14 anos, o preferido de seu pai, D. Juan de Bourbon.  Quem, segundo muitos políticos próximos a ele, ia ser eleito pelo conde de Barcelona para sucedê-lo em seus direitos dinásticos à coroa da Espanha diante do comportamento de Juan Carlos que já nesse tempo manifestava uma irregular e canina obediência ao autocrata galego, visando subir ao trono, saltando seu próprio pai.

7º.- Alta traição à nação espanhola no desempenho de suas funções como Chefe de Estado interino depois da ação consumada e não debatida nos órgãos institucionais competentes da vergonhosa entrega ao Marrocos, em novembro de 1975, de nada menos que 200.000 quilômetros quadrados do chamado Saara espanhol (província africana espanhola segundo Franco, território sob administração espanhola segundo a ONU) sem tentar sequer defendê-lo por medo a ter que enfrentar uma guerra com esse país (que havia organizado uma marcha “pacífica” de 300.000 cidadãos marroquinos e nos ameaçava com uma invasão pura e dura) e após um pacto secreto com a CIA, o Departamento de Estado norte-americano (Kissinger) e o próprio inimigo.

8º.- Covardia diante do inimigo por sua nefasta atuação como Comandante em Chefe Supremo das Forças Armadas espanholas ao entregar sem combater uma parte substancial do território nacional após um pacto secreto com o inimigo. Delito típico castrense (como Chefe do Estado em funções em 1975, Juan Carlos de Bourbon era Chefe Supremo das FAS, seu general em chefe) que em tempo de guerra pode ser castigado, inclusive em países plenamente democráticos e de Direito, com a pena capital.

9. – Genocídio, em grau de cooperação necessária com o sátrapa marroquino Hassan II, ao haver posto sob a bota de seu Exército, totalmente desarmados e abandonados à própria sorte, os 30.000 habitantes da antiga província espanhola, que deveria ter defendido de acordo com o direito internacional e os direitos humanos mais fundamentais.

É verdade que não se vêem nada mal todas essas barrabasadas bourbônicas que lhes conto, respeitáveis componentes do povo soberano espanhol? Claro que não.  Pois, ao ataque!  É marica quem chegar por último!  Eu não posso, porque ainda estou me recuperando da surra dos 6.400 euros que subtraiu da minha conta o Promotor Edulcorado porque, segundo ele e uns quantos juízes cortesãos da Audiência Nacional, chamei de Bêbado e Puteiro ao ex-amado rei de nossa história que agora se vai. Além disso, não necessito recordar uma vez mais o estratégico ditado internacional que diz: “Ao inimigo que foge, ponte de prata”. E, também, como está o coitado…

*assinado: Amadeo Martínez Inglés Coronel.  Escritor.  Historiador – Original de Canárias-semanal.org – a primeira à esquerda – http://canarias-semanal.org/not/13267/coronel-martinez-ingles-de-rey-a-presunto-delincuente/


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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