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Kiev pode ser responsável por queda de míssil russo que matou 40 ucranianos em condomínio

“O exército russo não ataca moradias nem infraestruturas sociais, ataca alvos militares evidentes ou camuflados”, afirma o Kremlin
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Dois dias depois de ocorrida a tragédia – como só se pode chamar o demolidor impacto de um míssil em um edifício multifamiliar na cidade ucraniana de Dnipró que, até a tarde desta segunda-feira (16) deixou um cruento balanço de pelo menos 40 mortos e dezenas de feridos, sem contar os numerosos desaparecidos que poderiam se encontrar debaixo dos escombros – as autoridades russas e ucranianas seguem culpando-se da morte dos civis.

“O exército russo não ataca moradias nem infraestruturas sociais, ataca alvos militares evidentes ou camuflados”, defendeu-se nesta segunda-feira Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, e endossou a responsabilidade às forças antiaéreas da Ucrânia ao agregar: “Vocês mesmos – comentou aos jornalistas – viram que conclusão tiraram alguns representantes de Kiev, que sustentam que, de fato, esta tragédia foi consequência da ação de mísseis antiaéreos”. 

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Peskov se referia ao dito por Aleksei Arestovich, conselheiro da Presidência ucraniana, o qual após presumir que as forças de defesa antiaérea puderam ter derrubado um míssil russo e… este teria caído sobre o edifício, pouco depois se desculpou por dar uma informação inexata devido a que – disse – estava exausto, sem dormir nem ter tempo para comprovar a veracidade da notícia. 

No entanto, com só essa frase hipotética, em uma entrevista por Internet, Arestovich provocou, no interior da Ucrânia, um escândalo que obrigou ao Porta-voz das forças de defesa antiaérea do país, Yuri Ignat, a participar da polêmica ao revelar que seu país não tem recursos técnicos para derrubar o tipo de míssil que impactou na cidade de Dnipró, identificado já como X-22.

“O exército russo não ataca moradias nem infraestruturas sociais, ataca alvos militares evidentes ou camuflados”, afirma o Kremlin

Governo da Ucrânia – Twitter
Apesar da possível responsabilidade confirmada pela Ucrânia, versões extraoficiais endossam toda a culpa à Rússia

Esta confissão de Ignat – e nos onze meses desde que começou a guerra, segundo cálculos dos especialistas que levam uma contagem aproximada, a Rússia lançou na Ucrânia 210 mísseis X-22 – não influiu na opinião de Peskov nem na dos comentaristas habituais da televisão russa que informaram, no passado fim de semana, responsabilizando o exército ucraniano das mortes dos seus próprios civis, reservando para a Rússia – isso sim – a prerrogativa de bombardear qualquer objetivo no território de outro país. 

De acordo com o que dão a entender Peskov e a televisão russa, o míssil se dirigia para a central termoelétrica de Pridnieprovsk quando o interceptaram e isso causou a tragédia ao cair sobre o edifício os fragmentos do artefato e sua carga explosiva. 

Circulam outras versões extraoficiais que endossam toda a culpa à Rússia ao sugerir que, na realidade, a destruição desse segmento multifamiliar em Dnipró não se deveu a X-22, mas sim a outro tipo de míssil. 

Especula-se que pode se tratar de um foguete do sistema S-300, que embora se utilize sobretudo para defesa antiaérea, pode ser usado contra objetivos em terra. Se bem que a pontaria deixa muito a desejar. Aqueles que acreditam nisto asseguram que a Rússia tem poucos mísseis X-22, de alta precisão, e muitos S-300 armazenados e de produção soviética. 

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E no outro extremo, as autoridades ucranianas insistem que não podem derrubar mísseis como o X-22, o que para outros analistas russos é um simples pretexto para pressionar o Ocidente a proporcionar sistemas modernos de defesa antiaérea Patriot PAC-3 ou SAMP-T.

Até agora, a único questão evidente – desde que o general Valery Gerasimov, após substituir Serguei Surovikin, se encarregou das tropas russas na Ucrânia –, é que os ataques com mísseis – já não tão massivos como antes e com a novidade de que alguns foguetes vão “vazios” – buscam esgotar de todas as formas os recursos de defesa ucranianos que têm que derrubar todos os artefatos, levem ou não carga explosiva. 

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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