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Professor de economia da Puc-SP (Pontifícia Universidade Católica) e fundador desta Diálogos do Sul, Ladislau Dowbor, foi o entrevistado desta semana da Tv Diálogos do Sul e explicou didaticamente os fundamentos da atual crise financeira internacional e alerta para as consequências do chamado capital especulativo na vida das pessoas.
Por João Baptista Pimentel Neto, da Diálogos do Sul
Dowbor ressaltou sua convicção de que estamos destruindo o planeta por uma minoria e deixando o grosso da população de fora do sistema. “Nós não temos problema econômico, temos um problema de organização social e política”, afirmou.
Segundo Dowbor “ao contrário do que os analistas de sempre consultados pela grande imprensa sugerem, o mundo produz riqueza suficiente para suprir as necessidades básicas de todos os atuais habitantes do planeta e exemplifica: se toda a produção do mundo fosse dividida pelos habitantes da Terra, cada família receberia R$ 9 mil por mês, em média. Mas, ao contrário disso, ressalta, “temos 62 bilionários que têm mais riqueza acumulada do que as 3,6 bilhões de pessoas mais pobres”.
O economista explica que esse processo é possível graças ao sistema especulativo, em que o capital fica parado, gerando lucro através do “mercado financeiro” focado na especulação. Um capital que nada produz e cá no Brasil, praticamente nada paga de impostos. Porém, ele aposta que não há, por parte das populações mais pobres, conformismo com essa situação: “qualquer pobre hoje sabe que poderia ter um hospital, uma escola de qualidade. O pessoal está começando a se mexer e não adianta construir muros”, diz em referência à migração de centro-americanos e mexicanos para os Estados Unidos e à crise de refugiados na Europa.
“Temos US$ 30 trilhões em paraísos fiscais – enquanto o PIB mundial é de US$ 72 trilhões – então essa gente não só não investe, como não paga impostos. Temos um capitalismo de dinheiro parado, um capitalismo improdutivo planetário”, afirma o professor. Ele ressalta que esse montante poderia estar sendo investido para resolver nossos problemas enquanto humanidade, mas está enriquecendo uma minoria.
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[/pullquote]Nesse contexto, ele observa que a crise brasileira é apenas um aparte em todo o processo da economia global, mas ressalta que a solução para a crise vivenciada no país com a Proposta de Emenda à Constituição 241 (PEC 241, que impõe o teto dos gastos públicos para os próximos 20 anos) não é, ao contrário do que alguns economistas defendem, “um remédio amargo, porém necessário”.Isso porque que “os bancos geraram o rombo [das contas públicas]. O que querem fazer [com a PEC 241] é que o andar de baixo tenha que pagar o rombo, mas quando se reduz investimento, você chupa o dinheiro do andar de baixo e vai travar ainda mais a economia”.
Assista à íntegra da conversa: