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ToggleA campanha militar da Rússia na Ucrânia já não tem como objetivo somente libertar as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, mas também as regiões de Khersón, Zaporiyia e “outros territórios”, afirmou nesta quarta-feira (20) o chanceler russo, Serguei Lavrov, em uma entrevista conjunta com três meios do Estado, as agências RIA Novosti e Sputnik e o canal de televisão por satélite RT.
Ao mesmo tempo, Lavrov advertiu que a “geografia das coordenadas da operação” irá se estendendo caso os Estados Unidos e seus aliados, “devido à raiva causada pela impotência ou ao desejo de agravar a situação”, continuarem proporcionando à Ucrânia armamento de largo alcance como os lança-mísseis múltiplos Himars.
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Para Lavrov, “neste momento não tem sentido nos sentar para negociar com a Ucrânia, pois desde 15 de abril lhes entregamos nossas propostas para cessar as hostilidades e ainda não nos responderam”.
O chanceler seguiu a pauta marcada pelo presidente Vladimir Putin, que no último dia 12, em Teerã, disse à imprensa que “o resultado final (das negociações) não depende da vontade dos mediadores, mas sim do desejo das partes que estão negociando o cumprimentos dos acordos assumidos. Constatamos que as autoridades de Kiev não têm esse desejo”.
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Russia Today
"Não podemos permitir que na parte da Ucrânia sob controle de Zelensky (…) haja armas que representem ameaça direta para nosso território"
Bases geográficas
O chefe da diplomacia russa explicou: “Quando se levaram a cabo as negociações (entre a Rússia e a Ucrânia) em Istambul, tínhamos uma geografia e estávamos dispostos a aceitar a proposta ucraniana com base nessa geografia existente no fim de março de 2022. Mas agora a geografia é outra”.
Lavrov completou, mais precisamente: “Já não são mais as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, mas também as regiões de Khersón e Zaporiyia e outros territórios. Esse processo continua de modo consequente e persistente”.
“Não podemos permitir que na parte da Ucrânia sob controle de Zelensky, ou de uma pessoa que o substitua, haja armas que representem uma ameaça direta para nosso território, para os territórios das repúblicas que declararam sua independência ou daquelas que querem definir seu futuro por si mesmas”, acrescentou o titular de Relações Exteriores.
Lavrov, coincidindo com aqueles que seguiram de perto essa guerra, mencionou pela primeira vez que, embora oficialmente não pretenda ocupar o território da Ucrânia, as tropas russas ficarão onde estiverem no momento em que se firmar um pacto de paz.
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Ele confirmou, nesse sentido, o que começou a se entrever quando, nos primeiros dias de hostilidades, o exército russo conseguiu tomar o controle de uma parte considerável da região de Khersón, adjacente à Criméia, e depois de Zaporiyia, o que permite à Rússia estabelecer um corredor terrestre que una o Donbass com a estratégica península, tirando da Ucrânia seus portos no mar de Azov.
Enquanto o Kremlin decide o que fazer com os territórios sob controle das tropas russas, continua enviando funcionários russos para desempenhar cargos chaves nas administrações não subordinadas a Kiev, reparte passaportes russos à população, impõe o rublo como moeda local, estimula a abertura de filiais de bancos e operadoras de telefonia celular russas e promete abrir escolas que darão aulas em idioma russo.
O Escritório da Presidência, de onde se movem todos os fios da política interna russa, sopesa vários cenários, entre eles realizar em Khersón e Zaporiyia, mesmo que seja com eleitores em território da Rússia, plebiscitos para autoproclamarem-se repúblicas populares à imagem e semelhança das de Donbass e, depois, declarar-se independentes.
Outra possibilidade, muito comentada em Moscou, é unir o Donbass com Khersón, Zaporiyia e eventualmente algum outro território ucraniano em uma só entidade tipo “Rússia Oriental” e organizar um referendo de adesão à Federação Russa.
Mas para poder instrumentar qualquer plano de integração é necessário, primeiro, terminar a ofensiva em Donetsk e, ao mesmo tempo, evitar que a Ucrânia inicie sua própria contraofensiva para recuperar Khersón e outras partes do sul.
Juan Pablo Duch é correspondente da La Jornada em Moscou.
Tradução de Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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