Foilançado na última terça-feira (5/10) o III Dossiê de Censura e Governismo na EBC (Empresa Brasil de Comunicação). O levantamento, feito com base em denúncias anônimas de trabalhadores e trabalhadoras de todos os veículos e mídias sociais, somou nesta edição 161 casos de censura, além de 89 de governismo que, pela primeira vez, foram computados separadamente.
O trabalho de sistematização é feito por integrantes da Comissão de Empregados da EBC, da Ouvidoria Cidadã da EBC e dos sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas do Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
No primeiro dossiê (que você acessa aqui), lançado em agosto de 2018, ainda no governo Michel Temer, quando os casos de censura começaram a se multiplicar na empresa, foram relatados 61 casos. O segundo levantamento, lançado em setembro do ano passado, somou 138 casos verificados entre janeiro de 2019 e julho de 2020 (acesse aqui).
Dessa vez, o espaço temporal foi restrito a um ano exato, entre agosto de 2020 e julho de 2021. Entre os destaques do relatório estão o corte a pautas sugeridas, que nem chegaram a ser produzidas pelos veículos e agências da EBC, com a censura prévia de temas considerados “delicados” ou “controversos” ao governo. Como direitos humanos e meio ambiente.
Em defesa da comunicação pública e da Empresa Brasil de Comunicação – EBC
Na TV Brasil, a maioria dos vetos foi em relação a sugestões de pauta. “Profissionais tentaram, sem sucesso, abordar a forma como se deu o consumo de atividades culturais no ambiente online durante a pandemia; a maior procura, por parte de pessoas com deficiência, por cultura digital na pandemia; a guerra declarada do presidente Jair Bolsonaro e seu eleitorado contra a ciência também reverberou, no caso da TV Brasil”, aponta o dossiê.
Agência Brasil
Com base em denúncias anônimas de trabalhadores e trabalhadoras de todos os veículos e mídias sociais, somou 161 casos de censura
Na Agência Brasil, deixaram de ser produzidas, por exemplo, reportagens sobre o lançamento do relatório “O ar é insuportável: os impactos das queimadas associadas ao desmatamento da Amazônia brasileira na saúde”, da Human Rights Watch e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e o Lançamento do MapBiomas Fogo, que mapeia queimadas pelo país.
Outro assunto que ficou de fora foi a plataforma Brasil.IO, que reúne os registros de Covid-19 nos municípios e passou a ser aproveitada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando o governo se omitia, ao deixar de produzir tais dados.
Nas rádios, os trabalhadores denunciaram cortes em pautas como o uso indiscriminado de cloroquina contribuiu para elevar reações adversas por uso de medicamento; manifestantes fazem protesto em São Paulo por Auxílio Emergencial; suspensão da Lei Rouanet para cidades que adotarem lockdown; audiência Pública sobre a privatização da própria EBC; e a cobertura qualificada de CPI da Pandemia.
Sobre a EBC
Criada em 2007 para tirar do papel a complementariedade dos sistemas de comunicação entre público, privado e estatal no país, previsto no artigo 223 da Constituição Federal, a EBC é uma empresa de comunicação pública e deve refletir os interesses da sociedade no jornalismo, cultura e entretenimento, e não os interesses do governo. Portanto, o uso dos veículos e agências da EBC para fins governistas é ilegal.
Cultura, comunicação, diversidade e “o idioma do império”
A EBC é responsável pela TV Brasil, pelas rádios Nacional e MEC, pela Agência Brasil e pela Radio agência Nacional. Os conteúdos produzidos são de livre republicação e veiculação, desde que citada a fonte, sendo aproveitados por milhares de sites e rádios em todo o país e também no exterior.
Redação FNDC – Fórum Nacional de Democratização da Comunicação
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