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poetas, músicos, cantores
gente de todas as cores
façam este favor prá mim
quem souber cantar que cante
quem souber tocar que toque
flauta, trombone ou clarim
quem puder gritar que grite
quem tocar apito apite faça esse mundo acordar
(Lupicínio Rodrigues, Um Favor).
Marv@da C@rne*
Organizado por Jards Macalé no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 1973, o show Banquete dos Mendigos marcou, em plena ditadura militar, a comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e teve toda sua renda doada à ONU – Organização das Nações Unidas.
Alternando entre apresentações dos artistas e leitura dos artigos da Declaração Universal do Direitos Humanos, o show só acabou acontecendo devido a parceria da ONU. Participaram do show os artistas Paulinho da Viola, Jorge Mautner, Pedro dos Santos, Edu Lobo, Chico Buarque, MPB4, Edison Machado, Luiz Melodia, Milton Nascimento, Jards Macalé, Dominguinhos, Gal Costa, Raul Seixas, Luiz Gonzaga Jr., Soma, Johnny Alf, todos comprometidos com as lutas democráticas.
Gravado e transformado em um álbum duplo, lançado em 1974 pela RCA Victor. Porém imediatamente após seu lançamento o álbum foi censurado e teve sua venda proibida pela Ditadura Civil-Militar, então sob o comando do General Emílio Garrastazu Médice. As bolachas acabarão sendo liberadas apenas em 1979, quando Jards Macalé novamente organizou um novo show, desta feita na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, para marcar seu re-lançamento.
Algumas canções escolhidas acabaram reforçando o caráter político do evento. Paulinho da Viola, por exemplo, cantou o tenso samba Roendo as Unhas. Já o MPB-4 interpretou Pesadelo, de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro (Você corta um verso, eu escrevo outro”). Chico Buarque de Holanda apresentou Bom Conselho, Quando o Carnaval Chegar e Jorge Maravilha (“Você não gosta de mim, mas sua filha gosta…”). E Gonzaguinha, entoou Palavras (“Com tempo ruim, todo mundo também dá bom dia.”) e o show foi encerrado com Gal Costa entoando a Oração de Mãe Menininha de Dorival Caymmi.
O álbum é atualmente visto como antológico. Vale a pena ouvir e reouvir.
Curiosidades
A capa original – crianças negras com pratos vazios – é reproduzida no encarte da versão de 79 que, por sua vez, traz uma kitch reprodução da Última Ceia.
O álbum acabou ainda ficando “marcado” pelo fato de que nenhum dos participantes do primeiro show participou do segundo, quando do seu relançamento em 79. O fato foi motivado pela postura artístico ideológica então assumida por Macalé , que segundo alguns de seus críticos, vivia então uma fase meio delirante, assumindo-se como um sucessor estético de Glauber Rocha e assinava suas obras como Makalé.
Na verdade o real motivo do boicote dos artistas ao show de relançamento deveu-se ao fato de MaKalé ter levado uma cópia do disco ao ministro-general Golbery do Couto e Silva, em Brasília, e ter elogiado o governo militar em uma célebre entrevista. O acontecimento provocou uma catarse de críticas e quase total isolamento do artista, tachado abertamente como “Adesista”.
Informações Adicionais>
Ficha Técnica do espetáculo:
Direção Geral – Jards Macalé.
Assist. Direção – Ana Maria Miranda.
Coord. Geral – Xico Xaves e Lula.
Assist. de Coordenação – Flor Maria e Beto.
Técnicos de Som – Maurice Hughes e Ray.
Contrarregra – Etny.
Ficha Técnica Disco:
Coord. Artística e Direção – Jards Macalé.
Técnicos de Mixagem – Paulão Frazão e Luís Carlos.
Fotos – Alexandre Koester/Cleber Cruz/Ivan Kilngen.
Direção de Arte – Ney Távora.
*João Baptista Pimentel Neto, o Marv@da C@rne.