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Mais uma guerra do Nobel da Paz

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Jorge V. Jaime* 

Obama, na foto, recebe o Nobel da Paz. Na Rússia Putin pede que pense como um Nobel da Paz.
Obama, na foto, recebe o Nobel da Paz. Na Rússia Putin pede que pense como um Nobel da Paz.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ganhador do Nobel da Paz em 2009, prepara-se hoje para sua segunda guerra com a mira apontada a Damasco e a bandeira do polêmico pretexto das armas químicas.

Quando Obama recebeu seu prêmio em Oslo, Noruega, há cinco anos, tratou de explicar à opinião pública mundial que o merecia porque era “o chefe de estado de uma nação que se encontrava no final das grandes conflagrações bélicas”.

Antes, em 2008, o então senador de Chicago, arquitetou uma trajetória para a Casa Branca com o argumento liberal-democrata – contra George W. Bush – de que “nenhum presidente deve ter poder para iniciar um ataque quando não existe ameaça direta contra Estados Unidos”.

Mesmo não tendo ainda tomado uma decisão, o presidente advertiu desde o finais de agosto que considera realizar uma ação militar contra a Síria e responsabilizou o presidente Bashar Al Assad por um suposto ataque químico dez dias antes.

Em 2011, Estados Unidos sob o governo de Obama também promoveu uma agressão contra Líbia, cujo governo liderado por Muammar Qaddafi enfrentava um conflito provocado por bandos armados precisamente com a anuência de Washington.

Nos últimos dias de agosto o presidente democrata adiantou de seu gabinete oval, que se propunha fazer “um disparo de advertência contra Síria que deve ter, no longo prazo, um impacto positivo na segurança nacional estadunidense”.

Para esse denominado disparo de advertência o Pentágono colocou no Mediterrâneo, diante das costas sírias, uma frota de cinco navios de guerra com capacidade de lançar mísseis modelo cruzadores com alcance de mais de mil quilômetros.

Drones
Cartum de Vitor Teixeira

Contudo, Estados Unidos terá de ir sozinho a essa nova aventura bélica. A coalisão aliada que antes colaborou nos casos da Líbia, Iraque ou Afeganistão, agora esta se desinflando à vista de uma batalha demasiadamente insegura.

Os tambores de guerra que soam em Washington parece não estar sendo bem percebidos na Europa. Itália não outorgou permissão para o uso de suas bases militares enquanto Canadá, Alemanha e Holanda recomendaram muita precaução à Casa Branca.

No Reino Unido ocorreu o maior fiasco quando o Parlamento britânico não apoiou os planos castrenses contra Damasco propostos pelo primeiro ministro David Cameron.

A maioria nestes governos argumentou que é necessário aguardar pelos resultados das investigações das Nações Unidas sobre o emprego de armas químicas antes de autorizar uma intervenção militar na nação do Mediterrâneo Oriental.

Inspetores da ONU explicaram que ainda estão coletando e estudando a informação relacionada com os acontecimentos de 21 de agosto na localidade de Ghouta, Síria e difundirão suas conclusões não antes de uma semana.

No dia 2 de setembro o secretario de Estado, John Kerry, sugeriu que Esados Unidos poderiam prescindir das evidências procuradas pelos peritos da ONU. Essas provas são importantes mas não necessárias para nós, disse o funcionário.

Quase o 67 por cento dos estadunidenses se opõem a um ataque do Pentágono contra Síria e argumenta que Obama deveria pedir autorização do Congresso antes de executar ações bélicas.

Em torno de sete de cada dez entrevistados pelas redes CNN  NBC News opinaram que a Casa Branca não deveria tomar uma decisão antes que termine as férias parlamentares em setembro.

Estados Unidos invadiram com força militar a ilha de Granada em 1983, invadiram o Iraque em 1991, o Haiti em 1994 e Kossovo em 1999 e em nenhuma dessas ocasiões os presidentes – democratas ou republicanos – esperaram por alguma permissão do Congresso.

A Resolução sobre os Poderes em Tempos de Guerra (War Powers Resolution) aprovada em Washington há 40 anos, admite que o presidente inicie uma guerra e em 60 dias explique suas razões aos parlamentares.

A pesquisa de opinião difundida no final de agosto incluiu a uma milhar de cidadãos estadunidenses e em torno de 50 por cento se manifestou contra uma intervenção militar no país árabe mesmo no caso de que Obama consiga permissão do Congresso.

Entre os consultados, 44 por cento negou a necessidade de um chamado ataque cirúrgico com misseis de longo alcance contra a nação síria, uma das variantes contidas nas ameaças proferidas pelo Pentágono contra Damasco.

De acordo com o The York Times “ainda existem demasiadas perguntas sobre quem controla as armas químicas e a responsabilidade do presidente Al Assa no ocorrido dia 21 de agosto.

*Prensa Latina, de La Habana para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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