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Mais US$ 500 mi à Ucrânia, descaso à tragédia em Ohio: a bofetada de Biden na cara dos EUA

Descarrilhamento em East Palestine ocorreu em 3 de fevereiro, e só no dia 17 a Casa Branca publicou um comunicado indicando medidas
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Washington

Tradução:

Se Ohio fosse parte da Ucrânia, talvez o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já tivesse visitado esta região e oferecido milhões de dólares – pelo menos é o que parece.

A cidade East Palestine, deste estado norte-americano, sofreu no princípio deste mês o descarrilhamento de um trem que transportava produtos tóxicos, o que provocou um grande incêndio e prováveis riscos ao meio ambiente.

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Segundo analistas, o acidente foi minimizado pela mídia, apesar de ter liberado na atmosfera substâncias como o cloreto de hidrogênio e fosgênio, um gás venenoso que na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi utilizado como arma.

Também nos 50 vagões afetados havia compostos perigosos como o acrilato de etilhexilo, benzeno, éter monobutílico de etilenglicol e isobutileno, detalhou a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

No entanto, entre estes produtos, o químico que mais preocupa é o cloreto de vinila, um composto básico para os produtos plásticos altamente inflamável e que pode aumentar o risco de vários tipos de câncer, entre eles o de fígado.

Especialistas dos Centros para o Controle e a Prevenção de Enfermidades indicaram que algumas destas substâncias, além de cancerígenas, podem provocar enjoos, sonolência, sangue na urina, vômitos, irritação, dermatites e depressão do sistema nervoso.

Descarrilhamento em East Palestine ocorreu em 3 de fevereiro, e só no dia 17 a Casa Branca publicou um comunicado indicando medidas

Reprodução/Twitter
Trent Conaway, prefeito de East Palestine: "Foi a maior bofetada na cara que diz agora mesmo que nós não importamos para ele"




Frustração com a resposta

Moradores locais e defensores do meio ambiente expressaram sua frustração com a resposta ao incidente, e para alguns as mensagens das autoridades federais e estaduais são contraditórias; também alegam falta de transparência quanto ao acontecimento.

Habitantes citados pela imprensa denunciaram ainda que os funcionários não deram as indicações pertinentes sobre os cuidados e consequências que deve ter o fato, e por isso há uma certa desconfiança.

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Um vizinho identificado como Karl Martin disse que, duas semanas depois do acidente, ninguém fora a sua casa para ver quão saudável está o ar que ele respira.

Também em Ohio, nesta segunda-feira (20), pelo menos 13 pessoas foram transferidas para hospitais locais depois de uma explosão em uma fábrica metalúrgica perto da cidade de Oakwood, e há relatos de um morto.


Biden na Ucrânia

Enquanto tudo isso acontecia, Biden aproveitava para ir à Ucrânia e apertar outra vez a mão de seu homólogo Volodymyr Zelensky.

Durante sua permanência, o mandatário falou de 500 milhões de dólares adicionais em suposta ajuda a Kiev como parte de um pacote que incluiria mais equipamento, munições de artilharia, dardos e obuses em meio ao conflito militar com a Rússia.

“Prometeu armas e jurou lealdade ao regime neonazista”, diz Medvedev sobre Biden em Kiev

Tudo isso, em uma visita que permaneceu em segredo até segunda-feira, pois até então os funcionários da Casa Branca limitaram seus comentários a dizer que o governante teria como destino a Polônia, com uma agenda que incluía o encontro em Varsóvia com o presidente Andrzej Duda.

Embora o descarrilhamento do trem tenha ocorrido em 3 de fevereiro, só no dia 17 a Casa Branca publicou um comunicado em que alega que a administração mobilizou “um sólido esforço interinstitucional para apoiar a população de East Palestine”. De igual forma, mencionou que o Governo Federal está disposto a proporcionar qualquer ajuda de que os estados possam precisar.


Bofetada

No entanto, nesta segunda-feira, depois de saber da presença de Biden em outras terras, o prefeito de East Palestine, Trent Conaway, afirmou sobre esta visita: “Foi a maior bofetada na cara que diz agora mesmo que nós não importamos para ele”.

“De modo que… pode enviar todas as agências que quiser, mas fiquei sabendo nesta manhã que estava na Ucrânia dando milhões de dólares ao povo de lá, não a nós, e estou furioso”.

Aqui também há quem alegue que o governante desatende problemas domésticos como a crise migratória e a segurança nacional, para ir pregar sua suposta preocupação com os ucranianos.

Os republicanos estão entre os maiores críticos. O governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou: “temos muitos problemas acumulados em nosso próprio país que ele está descuidando”. 

“Enquanto está lá, creio que eu e muitos estadunidenses pensamos: Está muito preocupado com as fronteiras de meio mundo. Não fez nada para assegurar nossas próprias fronteiras aqui em casa”, afirmou a máxima autoridade desse estado em um comparecimento no canal de televisão Fox News.

Por sua vez, o membro da Câmara de Representantes Matt Gaetz (também conservador da Flórida) escreveu no Twitter que quando os limites do país estão em crise, o presidente vai para casa dormir a sesta em Delaware (estado onde fica sua residência particular).

Redação | Prensa Latina
Tradução: Ana Corbisier.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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