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“Malvinas são um campo de treinamento ideal para a corrida armamentista mundial”.
![Malvinas é um enclave estratégico ideal para tudo isso. O que está ocorrendo lá afeta toda a região”, disse Alonso.](http://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/wp-content/uploads/2023/10/Rapier-Air-Defence-System-operated-by-the-Royal-Artillery-400x244.jpg)
Sputnik dialogou com o veterano e integrante do Centro de Ex Combatentes das Ilhas Malvinas (Cecim), Ernesto Alonso, sobre as manobras militares realizadas pela Grã Bretanha no arquipélago do Atlântico Sul.
A Argentina protestou pelas manobras militares britânicas programadas entre 30 de outubro e 3 de novembro, em que participam os 1.500 soldados e oficiais que o governo britânico mantém no arquipélago.
Segundo Ernesto Alonso, integrante do Cecim, esses exercícios estão sendo realizados pela Grã Bretanha de forma “unilateral” e “reiterativa”. “São as mesmas manobras que vem sendo realizadas desde há algum tempo como parte da militarização do Atlântico Sul, que o império realiza com o propósito de se apropriar dos recursos naturais, petróleo, e ter acesso ao continente Antártico. As Malvinas é um enclave estratégico ideal para tudo isso. O que está ocorrendo lá afeta toda a região”, disse Alonso.
Em setembro de 2016, foi concretizado um acordo de cooperação entre a Argentina e a Grã Bretanha chamado Foradori-Duncan. Através dele o governo argentino fez concessões comerciais a Londres, restabeleceu os voos do continente ao arquipélago e pactuou a exploração conjunta da pesca e do petróleo na zona marítima do conflito. Esse acordo recebeu duras críticas da oposição e dos ex combatentes das Malvinas.
O governo argentino protestou formalmente pelas manobras militares britânicas nas ilhas Malvinas. A queixa foi apresentada em 26 de outubro pelo vice chanceler Daniel Raimondi, numa nota entregue à Embaixada do Reino Unido. Nele se reafirma que a Grã Bretanha “desconhece resoluções das Nações Unidas e de outros organismos internacionais, que instam a ambos os países a restabelecer as negociações com o fim de encontrar uma solução pacífica e definitiva na disputa pela soberania”. Por outro lado, adverte que dará conhecimento da situação ao secretário geral das Nações Unidas e ao secretário geral da Organização Marítima Internacional.
“Mais que a reclamação pontual, a posição do governo argentino gerou um retrocesso enorme. O governo pretende que nossas Forças Armadas realizam manobras militares conjuntas com as forças de ocupação. Isto ficou plasmado no acordo (Fordori-Duncan) que representa um distanciamento da doutrina histórica com que a chancelaria argentina vinha trabalhando esse tema. Fica evidente uma posição para beneficiar os interesses britânicos”, asseverou o veterano.
Alonso esclareceu que as ilhas Malvinas, com uma superfície de uns 12.000 quilômetros quadrados, constituem um “campo de treinamento ideal” para as últimas tecnologias do aparato armamentista mundial.
![As novas antenas HAARP nas Ilhas Malvinas começaram a operar!](http://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/wp-content/uploads/2023/10/radar-400x300.jpg)
“Sendo um local com população reduzida (uns 3 mil habitantes) as manobras das forças armadas britânicas não interferem na vida dos habitantes. Isto permite provar armamento convencional e dispositivos sofisticados de espionagem e desenvolvimento científico tecnológico militar e com projetos relacionados com a Antártida, como os sistemas HAARP em Ganso Verde, utilizados para estudar a mudança climática ou induzi-la”, concluiu.
O entrevistado se referiu ao sistema High Frequency Active Auroral Research Program, ou HAARP. Se trata de um programa financiado pela Força Aérea e a Marinha dos Estados Unidos com o objetivo de estudar as propriedades da ionosfera e potencializar os avanços tecnológicos que permitam melhorar a capacidade de favorecer as radiocomunicações e os sistema de vigilância. Esse projeto tem despertado críticas dos que suspeitam de que por trás do estudo científico se oculta um propósito militarista.
A Argentina reclama a soberania sobre as ilhas Malvinas desde 1833, ano em que o Reino Unidos passou a ocupar o arquipélago. Desde então ambos os países mantém um litígio pela soberania na região, que levou que em abril de 1982 a ditadura argentina tentasse recuperar através de uma guerra que culminou em 14 de junho deste ano com a derrota argentina. Reino Unido e Argentina restabeleceram as relações diplomáticas em fevereiro de 1990 durante a administração do ex presidente Carlos Menem (1989-1999).
*Resumen Latinoamericano / Sputnik / 01 de novembro de 2017