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Edouward Bailby*
A homenagem mundial a Nelson Mandela mereceria uma boa matéria sobre a hipocrisia e a canalhice de alguns estadistas.
Quando o homem foi condenado a ser enforcado o Conselho de Segurança da ONU pediu a clemência do governo sulafricano três países se abstiveram de votar: Estados Unidos, Reino Unido e França !
O velho Bush que assistiu à cerimônia no estádio de Soweto foi um dos mais violentos adversários do Mandela.
Nos anos 70 a chamada grande imprensa ocidental publicava raramente matérias sôbre e contra o « apartheid ». Era tal o silêncio a respeito nos jornais franceses que a revista « Continent 2 000 » (que já não existe) me pediu uma reportagem completa. Pedi férias no « L’Express » e depois de conseguir um visto com muita dificuldade passei três semanas viajando por toda a Africa do Sul. Cheguei a entrar clandestinamente em Soweto, cidade de 300 000 habitantes que não aparecia em nenhum mapa por ser totalmente negra. Fiquei estarrecido com o que eu vi, sobretudo revoltado, e acabei publicando uma reportagem de vinte páginas com fotos. Creio que fui um dos primeiros na França a explicar em detalhes e denunciar os horrores do apartheid.
Graças ao Nelson Mandela não houve um massacre geral mas ninguém sabe hoje o que poderá acontecer no futuro.
*Colaborador de Diálogos do Sul