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Manifesto convoca esquerda a se unir e lutar, nas redes e nas ruas, contra violência golpista

Carta, divulgada pelo Coletivo de militantes pela democracia, denuncia inércia do poder público e defende união entre as forças progressistas
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul
Bauru (SP)

Tradução:

Frente aos atos de terrorismo doméstico organizados pela extrema-direita em Brasília e a violência golpista intensificada em todo o Brasil desde o segundo turno das eleições, o Coletivo de militantes pela democracia publicou, nesta terça-feira (13), um contundente manifesto convocando as forças progressistas para a luta contra essa onda antidemocrática.

Intitulado “Carta aberta à militância aliada ao governo Lula”, o texto começa apontando a insubordinação, inércia e anuência das forças de segurança, da justiça e de mandatários do país diante do caos crescente: “A farta documentação de seus crimes antes, durante e após as eleições não resultou em ações concretas das autoridades judiciais’.

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O Comitê Popular de Luta lembra também a histórica impunidade da extrema direita e de militares, responsáveis por graves violações como assassinatos políticos e torturas, tradição que “serve de salvo-conduto para que seus partidários repitam uma e outra vez afrontas à Constituição e aos mais básicos direitos humanos”.

“Enfrentamos um inimigo bem financiado e precisamos de várias mãos dedicadas a este esforço”, diz ainda o documento, exortando a que as esquerdas se unam e debatam as diferenças, se organizando e fortalecendo para enfrentar não apenas nas redes, mas nas ruas, a milícia golpista: “Esperamos contar com todos os partidos e democratas que se associaram ao presidente Lula para derrotar o obscurantismo e a anomalia do regime bolsonaro”.

Confira a carta na íntegra a seguir.

Carta, divulgada pelo Coletivo de militantes pela democracia, denuncia inércia do poder público e defende união entre as forças progressistas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
"Nem anistia nem perdão, a resposta ao golpismo é a investigação e a punição de seus crimes"




Carta aberta à militância aliada ao governo Lula

Atentos e vigilantes, acompanhamos atos golpistas pelo país desde o segundo turno das eleições, que se apoiam na insubordinação de forças policiais federais e estaduais, inércia do judiciário, cumplicidade de governadores e prefeitos, sob comando de políticos e militares de extrema direita. Os golpistas montaram uma rede de milicianos digitais que dissemina mentiras e promove ações ilegais. A farta documentação de seus crimes antes, durante e após as eleições não resultou em ações concretas das autoridades judiciais e exige resposta da militância dos partidos aliados ao presidente Lula.

Para tanto, consideramos imprescindível que as forças democráticas trabalhem unidas neste momento e por todo o governo Lula, que será certamente alvo de novas tentativas golpistas. A tradição de impunidade da extrema direita no Brasil serve de salvo-conduto para que seus partidários repitam uma e outra vez afrontas à Constituição e aos mais básicos direitos humanos. Nossa proposta é consolidarmos um grupo organizado e suprapartidário de militantes para enfrentar, nas ruas e principalmente nas redes, a milícia golpista. Mas nossa força é orgânica e depende da participação ativa dos que defendem a democracia e os direitos humanos, já que não recebemos os milhões que empresários golpistas canalizam à extrema direita.

É necessário lembrar que, ao contrário de todos os países vizinhos, o Brasil não puniu os militares que cometeram os bárbaros crimes de tortura e assassinatos políticos. Não buscamos vingança, mas sim justiça para os crimes cometidos pelo Partido Militar desde 2018, além de forças policiais e partidos políticos que atuam à margem da lei. Também é imprescindível enfrentar o ecossistema de desinformação e doutrinação da extrema direita nas esferas do estado e das redes sociais. Não basta uma boa resposta, com argumentos e dados. É necessário combater o uso ilegal do espectro brasileiro de radiodifusão e da internet para propagação de mentiras, delitos e crimes. 

A democracia é excepcional na história recente brasileira, não a regra. Foi golpeada em 1954, em 1964, quando começou a longa ditadura que os saudosistas da tortura reivindicam novamente de verde e amarelo, em 2016 e 2018. E não será mantida sem o empenho de muitos. Enfrentamos um inimigo bem financiado e precisamos de várias mãos dedicadas a este esforço. Esperamos contar com todos os partidos e democratas que se associaram ao presidente Lula para derrotar o obscurantismo e a anomalia do regime bolsonaro. Contamos que nossas diferenças serão debatidas de forma honesta internamente e encaminhadas pela via do diálogo e compreensão do período histórico que vivemos.

Mais que tudo, precisamos estar unidos e fortes, dispostos e mobilizados. A vitória eleitoral foi apenas o primeiro passo de reconstrução da normalidade democrática, mas seus inimigos são capazes de inúmeras violências, como demonstram as últimas semanas. Só a força coletiva do campo progressista poderá detê-los, mas ela precisa estar organizada para dar a resposta que poderá fazer da democracia a regra permanente e não a exceção na história brasileira.

Para isso, propomos a reorganização imediata dos comitês populares visando a defesa diária dos projetos da frente ampla e a disputa ideológica para além da comunicação institucional dos partidos, movimentos e governos. Acreditamos que essa medida possibilitará o fortalecimento das redes de comunicação próprias à esquerda e a quem defende a democracia, por meio da criação e difusão de conteúdo independente da mídia corporativa. 

Por fim, precisamos reunir essa força coletiva e nos mobilizarmos para exigir a investigação e punição de militares, políticos, empresários e demais golpistas, num contexto onde já há projeto de lei visando perdoá-los. Nem anistia nem perdão, a resposta ao golpismo é a investigação e a punição de seus crimes.

Coletivo de militantes pela democracia – Comitê Popular de Luta – Lula Nacional.
Clique para entrar no @comitelulanacional
Brasil, 13 de dezembro de 2022

Guilherme Ribeiro | Jornalista e colaborador na Revista Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul.

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