É conhecido o maior temor daqueles que tentam se impor pela força, pela truculência, pela ameaça, pelo medo: demonstrar fraqueza.
O presidente autoritário, que sonha em ser despótico, hoje sequer se preocupa com a realidade, seja a bárbara inflação dos alimentos e do custo de vida, a pandemia que mata, a corrupção que toma conta da aquisição de vacinas, os temas da educação, da saúde ou da economia. Seu delírio impõe que se demonstre forte. É muito barulho, espetáculo, mas nada de trabalho.
Em um covarde e patético desfile nesta manhã, Bolsonaro pretendeu ameaçar o Congresso Nacional utilizando algo que não lhe pertence: as armas do Estado brasileiro.
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Usa inadequadamente as Forças Armadas (que lamentavelmente sucumbem à revelia do desejo diversos generais sensatos, cientes do papel constitucional da instituição) com o único intuito de intimidar o povo brasileiro e o Parlamento. É a covardia do fraco, que aponta as armas de Estado na direção dos nossos direitos políticos e de nossa liberdade. Aviso, pois, que não terá sucesso.
A narrativa de “esticar a corda” (golpe) é para manter mobilizada a base da ultradireita através do imaginário de que a mobilização das ruas e redes sociais vai incentivar o exército a pegar em armas para “salvar o país do comunismo”, como em 1964.
Qualquer analista honesto recordará que àquela época o movimento golpista contava com o apoio de setores da mídia, dos EUA, do STF, da ampla maioria do Congresso, de todos os partidos de direita, dos principais governadores (SP, RJ, MG, RS) e de parcela expressiva da população, como foi demostrado na “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que mobilizou centenas de milhares de pessoas.
Reprodução: SUL 21
O cenário da época é muito distinto de 2021, onde assistimos o esvaziamento flagrante da mobilização da própria base bolsonarista que, no último final de semana, em Brasília, sequer conseguiu reunir algumas centenas de motoqueiros ao seu redor.
Com sua popularidade em queda e eivado de contradições com o discurso que o elegeu (dos casos diversos de corrupção à aliança com a “velha política”), vê-se minguando, isolado e com pouquíssimos aliados de confiança. O que assistimos hoje é o ladrar do acuamento, o uso da máquina do estado com dinheiro público retirado da educação, saúde, um ridículo espetáculo, o temor de que as pessoas percebam que tem os pés de barro.
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Cabe à sociedade brasileira dizer não à cortina de fumaça e pautar o que é essencial. É preciso manter o foco na saúde, na educação, concentrarmo-nos em salvar vidas, recuperar as condições para que possamos viver melhor e livres do vírus e do genocida.
O Brasil é muito grande para viver a bordo de uma nau desgovernada. É hora de afastar o fraco que tudo faz, menos governar e liderar naquilo que mais se precisa: tirar o país da crise. Chega de muito barulho e pouco trabalho.
Quanto ao Congresso, ameaçado no dia de hoje, é hora de um balanço sério: vale seguir em uma marcha alucinada de privatizações e mudanças constitucionais flagrantemente inadequadas? Vamos seguir com propostas de uma reforma política eleitoral como esse distritão, que deforma o sistema?
Não. Se hoje é preciso consagrar a transparência e confiança do sistema de votação com urnas eletrônicas, já passa da hora de levar a mão à consciência. Se o ditado popular afirma que “cão que ladra não morde”, não sugere ser razoável dar oportunidade para que o faça. É hora de reforçar o caminho do impeachment e impedir a continuidade das ameaças insanas contra o Brasil e as instituições.
Eu, daqui, que nunca aceitei nenhuma covardia deste homem, que sempre pregou o ódio e agiu com violência, sugiro enfrentá-lo com altivez. Assim o fiz e o venci na Justiça. Agora, estamos às portas de vencê-lo na política. Em seguida o governo da morte será encerrado para que a vida e a democracia voltem a ser prioridade nesse país.
(*) Deputada Federal (PT/RS)
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