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Massacre na Vila Cruzeiro: Sob governo de Cláudio Castro, chacinas viram rotina no Rio

Atual administração é responsável pelas duas operações mais letais do estado; apenas em 2021, foram 1.356 pessoas mortas pela polícia
Redação RBA
Rede Brasil Atual
São Paulo (SP)

Tradução:

Sob o governo de Cláudio Castro (PL), em apenas um ano de gestão, o Rio de Janeiro viveu uma sequência de 39 chacinas com 178 mortes promovidas pelas policias.

As informações são de levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, que reúne dados sobre a violência armada, em conjunto com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF). E mostram ainda que o governador é responsável por duas das 10 maiores chacinas em operações policiais da história do Rio. 

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O estudo leva em conta o massacre ocorrido nesta terça-feira (24), em que uma ação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte da cidade, deixou 25 pessoas mortas e entrou para a história como o segundo mais letal. Até então eram contabilizados 22 óbitos, mas outras duas pessoas morreram durante a madrugada, segundo informações do G1.

O terceiro óbito seria de um adolescente levado para a UPA do Alemão, mas que já chegou morto à unidade de saúde. Cláudio Castro também acumula as 28 mortes da operação realizada em maio de 2021, na favela do Jacarezinho, a mais letal da história fluminense. São consideradas chacinas, de acordo com os pesquisadores na área de segurança pública, todas as ações com ao menos três mortes. 

Operação policial no Jacarezinho desobedece STF e mata 25 pessoas, na segunda maior chacina da história do Rio

Segundo o levantamento, dos 39 massacres sob a gestão de Cláudio Castro, a maioria – 31 – ocorrem durante operações policiais. Ao todo, os agentes provocaram 150 mortes, o equivalente a 84% dos assassinatos. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano, foram registradas 82 mortes em 16 chacinas em todo o estado do Rio de Janeiro.

Um outro estudo do Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni-UFF revela ainda que em um período de 14 anos, entre 2007 a 2021, ao todo 593 chacinas policiais foram contabilizadas.  

Atual administração é responsável pelas duas operações mais letais do estado; apenas em 2021, foram 1.356 pessoas mortas pela polícia

RBA
No ano passado, policiais mataram 1.356 pessoas no estado, o equivalente a 22% das mortes por intervenção policial de todo o país




Maiores chacinas em ações policiais no Rio

  • 1ª – Jacarezinho (maio de 2021) – 28 mortos
  • 2ª – Vila Cruzeiro (maio de 2022) – 25 mortos
  • 3ª – Vila Operária, em Duque de Caxias (janeiro de 1998) – 23 mortos 
  • 4ª – Complexo do Alemão (junho de 2007) – 19 mortos
  • 5ª – Senador Camará (janeiro de 2003) – 15 mortos
  • 6ª – Complexo do Alemão (julho de 1994) – 14 mortos
  • 7ª – Complexo do Alemão (maio de 1995) – 13 mortos
  • 8ª – Vidigal (julho de 2006) – 13 mortos
  • 9ª – Catumbi (abril de 2007) – 13 mortos
  • 10ª – Complexo do Alemão (2004 e 2020), Vila Isabel (2009) e Barreto, em Niterói (2010) – 12 mortos cada


Chacina policial se torna regra

Em entrevista à Ponte Jornalismo, a coordenadora do Geni-UFF, Caroline Grillo, doutora em ciências humanas, disse que o mais assustador tem sido perceber que chacinas, promovidas por forças de seguranças, “vão despontando como uma marca da nossa democracia”.

O que deveria ser inadmissível. Ao portal UOL, o pesquisador do grupo Daniel Hirata completou que “a gestão Cláudio Castro não tem nenhum comprometimento com o principal problema de Segurança Pública no Rio, que é a letalidade policial”. No ano passado, policiais mataram 1.356 pessoas no estado, o equivalente a 22% das mortes por intervenção policial de todo o país.

Ainda de acordo com Hirata ao UOL, tanto a operação no Jacarezinho, há pouco mais de um ano, como a na Vila Cruzeiro, ontem, “se enquadram nas características típicas das chacinas policiais, com a presença das unidades especiais e em ações emergenciais, que tendem a ser mais violentas do que planejadas”.

A operação desta terça, por exemplo, contou com agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF). O objetivo, segundo a Polícia Militar ao Ministério Público do Rio, era coletar “dados de inteligência” sobre o deslocamento de aproximadamente 50 criminosos que estariam escondidos na comunidade pelo Comando Vermelho (CV). Os agentes alegaram ainda que queriam evitar um migração determinada pela facção para a Rocinha, na zona sul.


25 mortos na Vila Cruzeiro

No entanto, desde as 4h, moradores relatavam um “cenário de guerra”, com intenso tiroteio. Pelo menos 19 escolas da rede municipal precisaram suspender as aulas devido à operação, segundo a Secretaria Municipal de Educação atualizou na tarde de ontem.

Vídeos registrados pelo jornal Voz das Comunidades mostraram um helicóptero blindado da PM dando apoio aos agentes em terra. Entre os mortos, está a moradora Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos, atingida dentro de casa, na Chatuba, um bairro vizinho, por “bala perdida”. 

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De acordo com o portal g1, 28 pessoas deram entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, 25 morreram e quatro pacientes permanecem internados, dois deles em estado grave, enquanto outro foi transferido. A Polícia Militar divulgou nomes e fotos de 12 mortos e tratou a maioria como suspeito.

Nesta quarta-feira (25), a Polícia Civil disse que papiloscopistas ainda trabalhavam na identificação dos corpos. Das 24 vítimas mortas no confronto, apontado pela PM, nenhuma delas era das polícias. 

O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro abriram procedimentos para investigar condutas e possíveis violações de agentes de segurança.

Redação Rede Brasil Atual



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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