Em nota pública divulgada nesta quinta feira (15), o movimento Médicos Pela Democracia “repudiam as agressões” proferidas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) contra os médicos cubanos que participavam do Programa Mais Médicos, implementado na gestão da ex-presidenta Dilma Roussef (PT).
Na nota, os médicos brasileiros afirmam que desejam “em desagravo, apresentar nossa gratidão e nossos sinceros agradecimentos aos colegas que aqui trabalharam e produziram excelentes resultados, , como expresso na nota sobre o assunto emitida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde”.
Na mesma nota, os Médicos Pela Democracia afirmam que “Nossos colegas cubanos não merecem o tratamento que lhes foi dado pelo Presidente eleito. Desculpamo-nos em nosso nome e em nome das comunidades que ficarão desassistidas”.
Confira a seguir a íntegra da nota divulgada pelos Médicos Pela Democracia:
Médicos Pela Democracia / Facebook / Reprodução
"Nossos colegas cubanos não merecem o tratamento que lhes foi dado pelo Presidente eleito"
Médicos Pela Democracia repudiam agressões de Bolsonaro e se solidarizam com os médicos cubanos que deixarão o Brasil
“Nós lutamos pela democracia brasileira e pela manutenção de nosso Sistema Único de Saúde, ainda não completamente implantado, mas fruto de longas e árduas lutas da população e de profissionais comprometidos com a melhoria das condições de vida e saúde de todos os brasileiros.
Perplexos, envergonhados e consternados vínhamos acompanhando os pronunciamentos do Presidente eleito de nosso país sobre os colegas cubanos que atuam no Programa Mais Médicos.
Afirmações deselegantes, às vezes grosseiras, sem fundamento na realidade objetiva. Descortesia injusta e cruel para com aqueles que aqui vieram para nos auxiliar na difícil tarefa de levar assistência à saúde das populações que vivem nos mais longínquos rincões deste país continental. Além disto, ofensivos questionamentos quanto à competência técnica dos colegas cubanos, cujo trabalho em seu país resultou nos melhores indicadores epidemiológicos de saúde da América Latina e, alguns casos, melhores que os observados nos Estados Unidos da América do Norte, como é o caso do coeficiente de mortalidade infantil.
Diante disto, não poderíamos deixar de expressar nossa compreensão e, ao mesmo tempo, nosso pesar pela decisão do Ministério de Saúde de Cuba de retirar seus médicos do país.
Os médicos cubanos atuam hoje em 67 países levando assistência às populações carentes de serviços de saúde com altruísmo e forte caráter humanitário e lamentamos que as atitudes do presidente eleito tenham nos levado à perda, antes mesmo da sua posse, dessa importantíssima colaboração ao país, essencial aos mais vulneráveis.
Desejamos, em desagravo, apresentar nossa gratidão e nossos sinceros agradecimentos aos colegas que aqui trabalharam e produziram excelentes resultados, como expresso na nota sobre o assunto emitida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
Nossos colegas cubanos não merecem o tratamento que lhes foi dado pelo Presidente eleito. Desculpamo-nos em nosso nome e em nome das comunidades que ficarão desassistidas.
Apresentamos nossa solidariedade, reconhecimento e amizade fraterna. O povo brasileiro e o povo cubano têm muitas similitudes e se entendem muito bem. Somos e seremos sempre povos amigos. Mais uma vez, obrigado a todos os médicos que aqui estiveram, ao governo e ao povo cubano que se dispuseram a nos dar -e deram – uma ajuda de qualidade, oportuna e fraterna”.
*Revisão e Edição: João Baptista Pimentel Neto