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Mercenários na Síria: fenômeno em ascensão

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

10 mil mercenários procedentes de 40 países na Síria
10 mil mercenários procedentes de 40 países na Síria

Luis Brizuela Brínguez

O papel cada dia mais preponderante dos mercenários dentro do conflito que abala a Síria já há mais de dois anos, desmente os esforços daqueles que insistem em qualifica-los como rebeldes e integrantes de uma suposta oposição armada.

Desde o início das hostilidades, em março de 2011, as autoridades sírias veem denunciando a significativa percentagem de combatentes estrangeiros que eram induzidos a desembarcarem no país para combater o governo do presidente Bashar al-Assad.

Ao mesmo tempo o governo de Damasco criticava abertamente o descarado papel desempenhado pelas administrações de Catar, Arábia Saudita, Turquia e Estados Unidos, no armamento, financiamento, treinamento e cobertura midiática a tais grupos mercenários.

Durante este período a rede terrorista Al Qaeda e sua filial síria, a Frente al-Nusra, foram ganhando relevância até se converterem na formação mais organizada e melhor equipada das hostes irregulares, o que permitiu que chegassem a ocupar partes consideráveis do território nacional.

Em tais áreas os extremistas impõem a sharia, ou lei islâmica, a ponta de espada, com vistas a fundar um estado islâmico em substituição ao estado laico sírio.

Durante as últimas semanas os radicais islâmicos foram responsáveis pelo massacre de centenas de civis inocentes, entre eles crianças, mulheres e anciãos, bem como pelo assassinato de integrantes de minorias confessionais como os malauitas, drusos, cristãos, e também os nacionais kurdos.

Segundo o governo, no país combatem mercenários de umas 40 nacionalidades, sobretudo da região do Oriente Médio, mas também de lugares distantes como Austrália, Espanha e Reino Unido. Nesse sentido o diário londrino The Times revelou (19/8) que dez mil estrangeiros lutam na Síria filiados aos grupos armados, dos quais 150 possuem cidadania britânica.

O jornal citou fontes de inteligência estadunidense que destacam a presença de milhares de europeus combatendo contra o Exército Árabe Sírio, além da crescente afluência dos yihadistas – que chamam de yihad (guerra santa) a luta que travam contra o mundo –  nos últimos dois ou três meses.

Durante sua permanência em Tel Aviv, em meados de agosto, o presidente da Junta de Chefes de Estado Maior dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, reconheceu a infiltração e o controle da al-Qaeda e da Frente al-Nusra na chamada oposição síria.

Outros altos oficiais e políticos estadunidense consideram a presença de elevado número de yihadistas na Síria como o maior desafio enfrentado por Washington e seus aliados no mundo.

Especialistas entendem que a queda do governo sírio e o desaparecimento do Estado converteriam a nação em terreno fértil para expansão do terrorismo mundial e sua rápida chegada às nações europeias.

Outro jornal britânico, The Guardian, considerou dias atrás que a crise na Séria revelou a hipocrisia das potencia ocidentais, as quais, a seu juízo, não se atrevem a dizer a verdade sobre o que ocorre na nação por medo de contrariar  a seus aliados da Arábia Saudita e do Catar. Ao mesmo tempo criticou a Casa Branca por dar seu aval ao envio de equipamento bélico às tropas irregulares sob o argumento de buscar um “equilíbrio”  entre as operações no terreno.

*Prensa Latina de Damasco, Síria, para Diálogos do Sul

 

 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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