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México, um passo à esquerda e com esperanças em López Obrador

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

López Obrador chegará à presidência com um amplo colchão de reconhecimento, referendado também pelo avanço do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), do qual é líder e fundador.

Orlando Oramas León, de Prensa Latina*

López Obrador, o próximo presidente do México, é um passo para a esquerda no meio da direita predominante na maioria dos governos do continente.

O Peje, como lhe chama o povo, AMLO, segundo as suas iniciais, ou ‘ora vê lá tu’, pelos avatares da campanha, triunfou esmagador nas eleições de 1 de julho. É o resultado da sua perseverança, princípios e olhar amplo para interpretar o momento político e social que vive seu país.

López Obrador chegará à presidência com um amplo colchão de reconhecimento, referendado também pelo avanço do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), do qual é líder e fundador.

Também a seu eterno e incansável peregrinar pela geografia mexicana. Não á toa foi o candidato presidencial que mais atos públicos encabeçou durante a dura e violenta campanha eleitoral, e também aquele que menos cancelou tamanhos mítines.

Mas, não se pode esquecer o passe de conta cidadão à gestão executiva e em outros âmbitos de governo do Partido Revolucionária Institucional (PRI), do presidente Enrique Peña Neto, com baixa aprovação e contas pendentes por temas de salário mínimo, violência, corrupção, impunidade, desaparecidos, pobreza irresoluta e reformas estruturais cujos prometidos benefícios não alcançaram à maioria da população.

López Obrador chegará à presidência com um amplo colchão de reconhecimento, referendado também pelo avanço do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), do qual é líder e fundador.

Morena é a organização mais jovem com registro nacional e, em aliança com os partidos do Trabalho e Encontro Social, emergiu em 2 de julho como a principal força política do país, com a presidência, a maioria no Senado e a Câmara de Representantes, e os governos de Chiapas, Tabasco, Morelos, Veracruz (incrível surpresa) e a Cidade do México, inseridas 11 de suas novas prefeituras, antes delegações.

Em congressos locais, Morena obteve maioria em 12 dos 27 escolhidos;mesmo em bastiões priistas como Colima, Hidalgo e o Estado do México, e venceu também ao fraco Partido da Revolução Democrática na Cidade do México, mandando-o à terceira posição.

O México vive um momento singular, quando o próximo presidente anunciar a quarta refundação do país, que tem como princípios básicos sumir ‘a corrupção da máfia do poder’ e trabalhar pelos mais necessitados. Logo depois de administrações de corte neoliberal, a sua se propõe defender a economia nacional sobretudo a partir de potencializar o mercado interno, incluídos os pequenos e médios produtores agrícolas afetados pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Tlcan), que Obrador quer renegociar e manter com as vantagens que represente para seu país.

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Por enquanto, logo depois de sua investidura em 1 de dezembro, virão medidas para melhorar a situação dos adultos maiores, descapacitados e facilitar a inserção trabalhista de ao menos dois milhões e 600 mil jovens.

Será uma mudança, mas gradual, tem afirmado o morenista, quem também propõe uma transição ordenada, com confiança para o empresariado e o investimento privado.

O gabinete anunciado, mais que proveniente de Morena, reúne peritos na matéria, incluída a secretária de Governo, Olga Sánchez, considerada a ex-magistrada mais progressista na história da Suprema Corte de Justiça da Nação.

Terá ela que implementar toda uma magia, consensos incluídos, para confrontar a violência, insegurança e os desaparecidos, que somam mais de 37 mil.

Após as eleições não vieram dias de descanso para o morenista, quem mantém uma febril atividade. Das reuniões com seu gabinete e colaboradores emanam notícias diariamente, ao mesmo tempo que se reúne com personalidades de diversos âmbitos da vida nacional.

Já adiantou a convocatória de foros para obter consensos e propostas com vistas a conseguir a pacificação do país, incluída uma proposição de anistia para mulheres e jovens captados pelo crime organizado.

Não haverá perdão para quem cometeu crimes e se buscará a opinião dos familiares das vítimas sobre esta iniciativa.

No plano econômico o futuro presidente prometeu que o México deixará de ser importador de gasolina, pois reabilitará as seis refinarias da Petróleos Mexicanos (Pemex) e construirá uma de grande porte no Tabasco.

Também tem como meta que a economia cresça quatro por cento ao ano, logo depois de anos de magros resultados que rondam dois por cento da alta do Produto Interno Bruto nas últimas duas administrações.

Será um dos desafios de López Obrador, que não poderá fazer milagres, embora prometeu não lhe falhar ao povo, e hoje resulta uma esperança para milhões de mexicanos, notadamente para aqueles que vivem na pobreza.

O mundo estará atento, sobretudo na América Latina, pois com ele o México retorna a sua tradicional política externa, abandonada por anteriores administrações, de não interferir em assuntos internos de outros países, respeitar a sua auto-determinação e pôr por diante a solução negociada dos conflitos.

A respeito se inclui a relação com os Estados Unidos, hoje num de seus piores momentos por declarações e decisões do presidente Donald Trump.

Obrador propõe cooperação e desenvolvimento, para evitar a migração, sobre a base do respeito mútuo e a defesa dos milhões de mexicanos do lado norte da fronteira.

O México vive uma nova etapa de sua rica história. Hoje são tempos de celebração, mas se advêm outros difíceis numa nação que é referência para todo um continente.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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