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Mídia é conivente com a construção do negro no lugar subalterno, diz Silvio Almeida

No Roda Viva, professor, filósofo e jurista discutiu racismo estrutural: “Como a gente pode falar de meritocracia num país que mata um menino de 14 anos que só queria estudar, dentro de casa?”
Ricardo Ribeiro
Revista Fórum
São Paulo (SP)

Tradução:

Convidado do programa Roda Viva desta segunda-feira (23), o professor, jurista e filósofo Silvio Almeida apontou a responsabilidade dos meios de comunicação no racismo no Brasil. No programa da TV Cultura, ele debateu a onda de protestos antirrascistas no mundo e disse que a meritocracia não tem lugar em uma sociedade profundamente desigual como a brasileira.

“Os meios de comunicação são absolutamente coniventes com a construção do imaginário social do negro nesse lugar subalterno”, disse Almeida, ao ser perguntado sobre o tema. 

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“Não existiria a possibilidade de você ter um racismo estrutural e sistêmico se não houvesse, dioturnamente, reprodução nos meios de comunicação de esteriótipos de pessoas negras, se não houvesse programas de televisão que naturalizam toda hora o assassinato, a morte, a condição do negro como bandido”, completou.

No Roda Viva, professor, filósofo e jurista discutiu racismo estrutural: “Como a gente pode falar de meritocracia num país que mata um menino de 14 anos que só queria estudar, dentro de casa?”

Reprodução: Flickr
Professor, jurista e filósofo Silvio Almeida convidado do Roda Viva da ultima segunda-feira (23)

Autor de obras sobre filosofia, racismo e consciência de classe — entre elas, “Racismo Estrutural” –, Almeida discutiu a onda de protestos antirracistas que varre diversos países, desde o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, por um policial branco.

Para o professor, os protestos são uma resposta a “tempestade perfeita”. “O racismo é algo que se não tratado compromete justamente tudo aquilo que nós devemos lutar, que é democracia, desenvolvimento econômico. (…) O racismo é algo que se infiltra na vida social”, disse.

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Questionado sobre meritocracia, o professor respondeu considerar que não há espaço para o sistema no Brasil.

“Quando você está falando de uma sociedade profundamente desigual, como você vai medir meritocracia? […] Como a gente pode falar de meritocracia num país que mata um menino de 14 anos que só queria estudar, dentro de casa?”, afirmou.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ricardo Ribeiro

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