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Imagem gerada por Inteligência Artificial (DALL-E)

Migrantes enfrentam tragédias em alto-mar: histórias de desespero e sobrevivência nas Ilhas Canárias

As condições extremas enfrentadas por migrantes africanos na perigosa rota das Ilhas Canárias são, principalmente, desidratação, frio e longos períodos à deriva
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Na segunda-feira passada (15), por volta das oito da manhã, avistou-se uma pequena embarcação de madeira a alguns quilômetros do porto de La Restinga, no arquipélago das Ilhas Canárias, na Espanha.

Nela, viajavam 56 pessoas procedentes da África Subsaariana com sinais de desidratação, morrendo de frio e com terror no rosto após terem passado mais de oito dias à deriva em alto-mar.

Crianças e jovens entre os mais vulneráveis nas Ilhas Canárias

Entre eles, estavam uma criança de dois anos e um jovem de 20, que chegaram em estado crítico à terra firme e morreram horas depois no hospital público da Ilha de Ferro.

Os médicos já não puderam fazer nada para salvar suas vidas. No último ano e meio, calcula-se que cerca de 60 mil migrantes chegaram ao solo europeu pela rota das Ilhas Canárias. Desses, mais de sete mil são menores de idade e, em sua maioria, viajavam sozinhos.

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A rota migratória das Ilhas Canárias: crise humanitária crescente

Na crise migratória que se registra na Europa, há algumas zonas especialmente dramáticas por sua alta mortalidade e pela crise humanitária vivida devido à falta de recursos.

As Ilhas Canárias, na Espanha, ou Lampedusa, na Itália, são alguns desses “pontos quentes”, sobretudo pela proximidade com as costas africanas e porque, muitas vezes, as marés os levam diretamente para lá.

Histórias de sobrevivência e perda

A quantidade de dramas é diária e sem trégua. Por exemplo, no último dia 7, chegou por seus próprios meios à Ilha de Ferro uma embarcação com 147 migrantes que estiveram 12 dias à deriva, vários sem água nem combustível.

Viajava uma menina de nove anos e um menino de seis. A primeira viajava com sua mãe, uma guineana de 24 anos que aspirava reunir-se com seu esposo na Europa, enquanto o segundo viajava com seu pai.

A falta de água e alimentos provocou a morte de seus respectivos mãe e pai, e os pequenos foram testemunhas de como outros passageiros atiraram seus cadáveres ao mar.

As crianças foram então internadas em um hospital da ilha, ainda em choque e com a saúde muito precária.

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Há o caso de Makam, de 19 anos, que chegou às Canárias procedente do Mali, fugindo da guerra em seu país.

Desde sua chegada à Espanha, vive em um centro de acolhida de migrantes e já pode falar sobre seu périplo: “Tenho ainda medo de morrer, do mar, porque a viagem foi muito difícil”.

Makam não tem pai nem mãe e está sozinho na Europa, além de não saber a situação da sua família no Mali devido ao conflito bélico. Estes são alguns dos casos dos cinco mil e setecentos menores de idade que se encontram em condições muito precárias nas Canárias.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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