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Modelo energético brasileiro, garantia de lucros

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Bruno Pavan*

Marcos Santos/ USP Imagens Marcos Santos/ USP Imagens

Gilberto Cervinski, do MAB, critica documento de empresários do setor que visa a construção de hidrelétricas com grandes lagos e a facilita a obtenção de licenças ambientais

Empresários que controlam o setor elétrico brasileiro realizaram um encontro nacional, em maio, chamado “Fórum das Associações do Setor Elétrico Brasileiro” (FASE), que reuniu 17 associações empresariais de energia elétrica, entre elas a Associação Brasileira das Geradoras (ABRAGE) e a Associação dos Grandes Consumidores (ABRACE).

Desse Fórum, nasceu um documento de 18 páginas elencando as prioridades dos empresários que serão cobradas da presidenta Dilma Rousseff. O Movimento do Atingidos Por Barragens (MAB) alerta para essa ofensiva, que vai contra a necessidade do Brasil desenvolver uma política energética mais sustentável e alternativa.

“O que os empresários querem é um aprofundamento desse modelo energético no Brasil. Isso significará um ataque às populações atingidas, ao meio ambiente, aos trabalhadores e até mesmo ao governo”, explicou Gilberto Cervinski, da coordenação nacional do MAB.

Construção de hidrelétricas com grandes lagos, o barateamento do custo da energia para grandes consumidores, redução de ganhos e precarização dos trabalhadores, facilitação na obtenção de licenças ambientais e redução dos direitos das populações atingidas são os reflexos que podem ocorrer caso as demandas dos empresários sejam atendidas pelo governo federal.

Mais de 30 novas hidrelétricas

O Ministério de Minas e Energia publicou o “Plano Decenal 2023”, um documento com cerca de 430 páginas, com previsões do setor energético para os próximos 10 anos.

O plano prevê acrescentar mais 71.000 MW de eletricidade ao sistema nacional, um acréscimo de 57%. Quase metade desse total (34.000 MW) virá de hidroeletricidade. No documento estão previstas 30 novas hidrelétricas principalmente localizadas nas bacias hidrográficas dos rios Teles Pires, Tapajós, Tocantins, Piquiri, Uruguai e Parnaíba.

“O problema energético brasileiro é mais do que de matriz, é de modelo e como ele está organizado. A proposta de focar nas Usinas Hidroelétricas é porque a produção custa menos em comparação com meios alternativos. A construção dos grandes lagos vai garantir lucros ainda maiores”, analisou Cervinski.

O plano também estima que apenas 43.000 pessoas serão atingidas diretamente na construção das 30 usinas. Já o MAB argumenta que somente na Usina de Belo Monte, mais de 40 mil pessoas já foram atingidas e a construção das novas UHEs atingirão cerca de 200 mil pessoas.

*Original de Carta Maior

 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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