A morte do jornalista Alberto Dines vai remeter ao seu testemunho profissional, humano e artístico que fundou no Brasil um jornalismo além das letrinhas impressas: Dines era comprometimento, artífice da língua, operador de linguagens e combatente da dignidade em uma profissão de risco (hoje, quase em extinção) lutava pelo fim do contraditório na mídia, o excesso mercantilista que faz do veículo produto e assim condiciona a notícia a mera mercadoria.
tt Catalão*
Recebemos muito da sua força no antigo Correio Brasiliense (exaltava o nascimento da imprensa brasileira a partir do CB de Hipólito da Costa em 1808 ) e trocávamos artigos e colaboração ativa no Observatório de Imprensa que tanto contribuiu para o fazer, a prática e a massa crítica das redações.
De seus inúmeros ensinamentos destaco a fortaleza ética; a busca da investigação (“chega de repórter – bípede de gravador – apenas portador de perguntas sem réplicas e tréplicas” ); o destemor ante autoridades; a coerência que não media segurança pessoal para manter emprego e perder o caráter; a desconfiança com a promiscuidade entre jornalista e fontes; a partidarização da notícia (era entusiasta da “análise da notícia” um box que o Correio colocava para que o repórter se posicionasse editorialmente); batia-se para que os fatos fossem desdobrados e a mídia não os abandonasse (com o cômodo argumento de que o “tema está velho” – dizia “jornal não é gondola de supermercado para apresentar novidades”); a novidade, sim, estava nas diversas formas de contar uma história (principalmente gráfica) onde ele ressaltava as excelentes capas desse período…
…enfim MESTRE, assim, de verdade, que por seu trabalho fez com que “vc não vai ler-ouvir-ver mídia do mesmo jeito”…lema do Observatório. Gratto! Não ensinava só com palavras, dava exemplo…
contra o cerco ao jornalista e o circo da notícia!!!
*tt Catalão é colaborador da Diálogos do Sul.
