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Estrada 16: Mulheres indígenas no Canadá, um caminho de lágrimas na Colúmbia Britânica

Um informe aponta o Canadá como cúmplice de um “genocídio baseado na raça” contra esse segmento de sua população.
Deisy Francis Mexidor
Prensa Latina
Nova York

Tradução:

Tantas mulheres indígenas foram assassinadas ou desapareceram em um trecho da Estrada 16 na província canadense de Colúmbia Britânica que o lugar já é conhecido como a Estrada das Lágrimas.

A referência, extraída de um artigo da Internet, leva à reflexão sobre um fenômeno que este mês voltou à opinião pública após a publicação de um informe que aponta o Canadá como cúmplice de um “genocídio baseado na raça” contra esse segmento de sua população.

Com mais de 1.200 páginas, o documento acusou um colonialismo enraizado pelos desproporcionais índices de violência contra as mulheres indígenas e culpou a Estado de inação.

A Pesquisa Canadense sobre Mulheres e Meninas Indígenas Assassinadas e Desaparecidas foi uma iniciativa do governo liberal, depois que Justin Trudeau assumiu o cargo de Primeiro ministro em 2015.

Um informe aponta o Canadá como cúmplice de um “genocídio baseado na raça” contra esse segmento de sua população.

Toronto Star
Trecho da Estrada 16 na província canadense de Colúmbia Britânica

O trabalho sobre essa temática nasceu do pedido de comunidades indígenas e diversos grupos da sociedade civil que exigiam do governo, há vários anos, uma ampla pesquisa sobre os 1.800 casos registrados de mulheres indígenas mortas e desaparecidas nos últimos 40 anos. 

Uma cifra conservadora, na opinião de observadores, já que apenas representa os casos dos quais há registro, pois tanto as autoridades policiais como as organizações de direitos humanos estimam que os números reais são muito maiores. 

Para Marion Buller, chefa da comissão investigadora, apesar das diferentes circunstâncias e antecedentes, todos os crimes estão conectados “pela marginalização econômica, social e política; pelo racismo e a misoginia que se encontram imbricados no tecido social do Canadá”. 

Baseado em três anos de busca, o informe estabeleceu que havia sido cometido um genocídio e que embora o problema afete todos os membros dos grupos indígenas, está especialmente dirigido às mulheres, meninas e a diversidade sexual. 

Segundo os resultados, as mulheres e meninas indígenas têm 12 vezes mais probabilidades de morrer de forma violenta do que as de qualquer outro grupo demográfico e 16 vezes mais possibilidades que as mulheres brancas residentes no Canadá. 

Utilizando os dados de Statistics Canada, o documento revelou que as mulheres e meninas indígenas constituíam quase 25 por cento de todas as vítimas de homicídios no país entre 2001 e 2015.

Apresentado em Quebec na primeira semana de junho o estudo enumerou 231 recomendações de “chamados à justiça” para pôr fim a tais mortes. 

A criação de uma defensoria do povo e de um tribunal indígena e de direitos humanos estão entre as principais sugestões. Além disso, o documento insiste em que o sistema de justiça canadense e as forças policiais reconheçam que foram culpadas de “racismo, preconceitos e discriminação” quando trataram com mulheres e meninas indígenas. 

O estudo sugeriu também a criação de um plano de ação nacional que aborde a educação, a saúde, o emprego, a segurança desse setor da população. 

“Este informe trata sobre a raça, a identidade e o genocídio deliberado baseado no gênero”, insistiu Buller ao comentar que seja qual for o número de mulheres e meninas indígenas desaparecidas e assassinadas,  é um número “demasiado grande”.

Estatísticas oficiais do governo citam que as mulheres e meninas indígenas representam aproximadamente 4 por cento dessa população no Canadá, mas constituem 16 por cento do total de mulheres assassinadas no nível nacional. “Durante décadas, as mulheres e meninas indígenas canadenses têm sofrido desaparecimentos e assassinatos. Nosso sistema de justiça fracassou.”

Por desgraça, não é um tema unicamente do passado. É vergonhoso e absolutamente inaceitável. Isso deve parar”, admitiu Trudeau.
“Aceitamos os dados da pesquisa, inclusive o raciocínio de que o que sucedeu equivale a um genocídio”, acrescentou o mandatário.

Sua postura tratou de ser coerente com o que propôs diante da comunidade internacional na Assembleia Geral das Nações Unidas  acerca de corrigir os erros históricos do Canadá.

“Lamentavelmente, os povos indígenas do Canadá – reconheceu o primeiro ministro – têm sofrido principalmente humilhação, abandono e abuso”. 

*Jornalista da Redação Norte-americana da Prensa Latina.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Deisy Francis Mexidor

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