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Mais de 10 mil mentiras e enganos em 1000 dias de governo Donald Trump

Algumas pessoas indicam que Trump está enfrentando uma conjuntura na qual se está enfraquecendo repentinamente
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Mil dias. A quarta-feira passada (16) marcou mil dias de Trump na Casa Branca e a pergunta há muito tempo não é mais qual é o último fato ou comentário do presidente mais mentiroso, corrupto, xenofóbico, racista, anti-imigrantes, anti-intelectual, anti-ciência, e pior fustigador de mulheres na história moderna do pais, mas sim como foi permitido que ele continuasse além do seu dia mil e um.

O multimilionário populista que preside sobre a era de maior concentração de riqueza no último século proclamou-se como a bandeira nacional – toda crítica e acusação contra ele é qualificada de traição e antipatriótica. Não só se proclama como o eleito e brinca com a noção de que talvez deveria ser líder vitalício, mas se auto-elogia como alguém com “sabedoria sem paralelo” e “um gênio muito estável”. Aqueles que ousam questioná-lo – inclusive legisladores, juízes, promotores, denunciantes formais, comentaristas – são qualificados como inimigos dos Estados Unidos. Trump superou as alturas de onde caiu Richard Nixon que em uma entrevista famosa a David Frost declarou que “quando o presidente faz, isso implica que não é ilegal”, ao responder sobre atos ilícitos ordenados pelo presidente.

Este regime – com o qual se esgotaram todos os adjetivos para caracterizá-lo – tem transgredido todas as normas que supostamente definem o poder federal neste suposto “farol da democracia”. O presidente chegou ser qualificado como um “autocrata” e até proto-fascista por representantes do próprio “establishment” – um reconhecido almirante acaba de declarar que este presidente está atacando “a república” estadunidense.

Algumas pessoas indicam que Trump está enfrentando uma conjuntura na qual se está enfraquecendo repentinamente

bkn.ru
Durante seus mil dias na Casa Branca, Trump fez mais de 13.400 declarações falsas ou enganosas

Suas agressões contra supostas instituições sagradas, incluindo altos mandos do Pentágono, a chamada “comunidade de inteligência” e partes do poder judicial deste país, sua aberta obstrução de investigações por promotores federais, sua imposição explícita de seus interesses políticos e econômicos sobre as do país (incluindo recentemente o caso da Ucrânia, bem como  sua incessante promoção de seus negócios), seu questionamento da lealdade patriótica de opositores políticos e sua declaração de que os meios são os “inimigos do povo” são marcas registradas de seu regime. 

Durante seus mil dias na Casa Branca, Trump fez mais de 13.400 declarações falsas ou enganosas.

Junto com as duas dezenas de mulheres que o acusaram de comportamento sexual impróprio, inclusive tentativas de violação sexual, um novo livro revela outras 43 a mais nessa lista. 

Isso sem falar das violações de direitos humanos de crianças e famílias imigrantes tão amplamente documentadas, nem dos ataques contra os direitos fundamentais das mulheres e da comunidade gay, da anulação de normas ambientais e trabalhistas, como o apoio quase explícito a setores racistas ultradireitistas, entre tantos mais. 

Como é possível que se tenha permitido tudo isto? É a pergunta que – apesar de ações de protesto (algumas massivas) investigações oficiais e denúncias formais – continua no ar.  

Algumas pessoas indicam que Trump está enfrentando uma conjuntura na qual se está enfraquecendo repentinamente, com generais e almirantes, diplomatas e outros ex altos funcionários publicamente denunciando suas políticas desastrosas, maior dissidência dentro de seu próprio partido e uma redução na taxa de aprovação nas pesquisas, tudo isso enquanto se acelera o processo de seu impeachment – de fato, pela primeira vez uma maioria favorece que seja destituído de seu posto. 

Mas, por enquanto continua sendo o rei. Tudo isto já não é culpa só desse apresentador de reality show, que nunca ocultou quem é ou qual é seu jogo – mas sim de todos os que continuam tolerando, e que decidiram agir sob as regras de um jogo que o próprio Trump tem destruído. 

Talvez o único prêmio de consolação para os demais é que, por agora, todo estadunidense – e todo aliado internacional deste presidente — tem anulada a autoridade (e arrogância) moral para criticar outros povos e outros governos.  

Pelo menos até que não deixem este regime continuar por mais nenhum dia.

*David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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