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Apoio dos EUA e de aliados à terroristas "moderados" na Síria visa divisão do Estado

A presença de forças especiais estadunidenses e da OTAN em Hasaka e zonas de petróleo e gás em Raqqa e Deir Ezzor é contínua
Pedro García Hernández
Prensa Latina
Damasco

Tradução:

Desde oito de julho de 2011, os embaixadores dos Estados Unidos e da França na Síria, Robert Stephen Ford e Eric Chevalier, respectivamente, estavam na cidade síria de Hama em aberto apoio a manifestações antigovernamentais estimuladas por grupos extremistas armados que pretendiam manter o curso da chamada Primavera Árabe nesta nação do Oriente Médio.

Naquele momento, o Governo sírio convocou os mencionados diplomatas acusando-os de “ingerência clara nos assuntos internos e de participar de ações contra a segurança e a estabilidade”, enquanto no exterior estava em marcha um plano financiado com dois bilhões de dólares pela Arábia Saudita e coordenado ao mesmo tempo, pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel, e a invasão através das fronteiras da Turquia e do Iraque de milhares de extremistas para derrubar o presidente Bashar Al Assad.

Tais ações articulavam-se com uma campanha midiática sem precedentes na região a partir da rede Al Jazeera, em Qatar, organizações oposicionistas sírias radicadas no Reino Unido, na Holanda e na Turquia e com o bloqueio das comunicações da Síria via satélite, como Intelsat e Eurelsat, com servidores e controle na Europa Ocidental.

Entre aquele ano e o final de 2012, mais de meio milhão de sites empregaram todas as formas possíveis para satanizar o Governo de Al Assad, ignorar a vintena de policiais assassinados em Hama e a violência terrorista intensificada em Damasco, Alepo, Homs, Raqqa e Deir Ezzpor, entre as principais cidades do país.

O complô, organizado e em curso, prosseguiu mesmo quando, em 26 de fevereiro de 2012, 89,4% dos sírios aprovou uma nova Constituição para legitimar as reformas integrais que o Governo encabeçado por Al Assad punha em prática, e já quando a maioria das nações da Europa Ocidental, Estados Unidos e outros países tinham fechado suas embaixadas.

Apesar dessa inquietante realidade, a intervenção direta contra esta nação do Levante não prosperou, devido ao veto exercido pela Rússia e pela China no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Então as estratégias mudaram e começaram distorcidamente a falar de oposição “moderada” e omitir a palavra terrorista de maneira insistente entre as mais de 100 organizações extremistas organizadas e com apoio no exterior.

A presença de forças especiais estadunidenses e da OTAN em Hasaka e zonas de petróleo e gás em Raqqa e Deir Ezzor é contínua

Telesur
A presença de forças especiais estadunidenses e da OTAN em Hasaka e zonas de petróleo e gás em Raqqa e Deir Ezzor é contínua

História do terrorismo “moderado”

Desde o início da guerra imposta à Síria, os Estados Unidos e seus aliados mudaram constantemente suas diretrizes operacionais, propiciaram substituições de nomes nas organizações extremistas, facilitaram o uso ilegal de passagens fronteiriças com o Iraque e aumentaram paulatinamente o apoio aos grupos de maioria curda como as denominadas Forças Democráticas Sírias (FDS).

De uma ou outra forma, sem discrepâncias ostensivas, Washington, a partir das 12 instalações militares encravadas no norte das províncias sírias de Alepo e Hasaka, evitou confrontos com as tropas turcas que irromperam desde outubro de 2018 no território desta nação do Levante e, em menos de três meses, junto às FDS, fundamentalmente, deslocou com facilidade e dados nunca expostos com clareza, o Estado Islâmico (Daesh en árabe) das áreas que ocupou nessas regiões.

Tão pouco houve confronto com outras organizações, assentadas e depois derrotadas em Alepo, como a Junta para a Libertação do Levante, outrora Frente Al Nusra, ou o Partido Islâmico do Turquestão, situando-os pela ótica estadunidense como de tendência “moderada” e abastecendo-os com armas e logística através de uma rede de tráfico denunciada desde 2013 pelo ex piloto da Agência Central de Inteligência, Robert Tosh Plumlee.

Não é mera coincidência que Mohamed Al Golani, máxima liderança do ex Al Nusra, tenha sido internado por seis meses na base de Campo Bucca, depois da invasão do Iraque tendo sido liberado posteriormente, enquanto, depois de contínuas “perdas de armamentos” expostas por Washington, aparecesse em mãos dessas organizações.

Quando o presidente estadunidense Donald Trump anunciou a derrota do Daesh e a morte de seu “líder”, Abu Bakr Al Bagdhadi, – também “detido” na época em Campo Bucca escamoteava a verdade e evidenciava que eram dadas ao Daesh “outras tarefas” no vasto deserto sírio de Al Badiya e a partir da base dos EUA em Al Tanef, no triângulo fronteiriço entre a Síria, a Jordânia e o Iraque.

Os extremistas moderados

Há quase 10 anos do começo da guerra terrorista contra a Síria, as evidências no terreno de combate ou no trabalho das agências de inteligência ocidentais e de algumas do Oriente Médio, inclusive as do regime sionista de Israel, demonstram a escamoteação e a tergiversação utilizadas para transformar de teoria em prática organizações como o ex Al Nusra ou o Partido Islâmico do Turquestão, em “moderados movimentos que lutam na guerra civil.”

Esta enredada madeixa tem agora todas as possibilidades de chegar ao nó que a originou: os Estados Unidos e a coalizão internacional que lidera, amparada pelo escudo da organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e cujo objetivo é a divisão e a destruição da Síria como Estado.

Consequência dessa política que se estende contra o Irã e a Rússia, é o contínuo apoio dos Estados Unidos e de seus aliados na busca de pretextos e formas para uma intervenção direta que de fato já funciona na prática com a presença contínua de forças especiais estadunidenses e da OTAN em Hasaka e zonas de petróleo e gás em Raqqa e Deir Ezzor.

De igual forma, unem interesses para desvirtuar as provocações de ataques químicos do ex Al Nusra e de outros grupos “moderados” e incrementar o apoio às FDS e outras organizações curdas para dividir a nação síria e que incluem constantes ações para deslocar a população árabe original, dividir cristãos e muçulmanos e tentar manipular os clãs tribais do norte desta nação do Levante.

Esta estratégia de distração e manipulação em massa a partir dos centros de poder ocidentais, como a tática de converter extremistas em moderados, foi a que se empregou gradualmente na Síria para tratar de fazer com que pareça normal qualquer situação de insegurança.

 

Pedro García Hernández, Correspondente de Prensa Latina na Síria.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Ana Corbusier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Pedro García Hernández

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