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Do Black Lives Matter à saída de Trump: 2020 ficará marcado na história dos Estados Unidos

Ao concluir uma dos anos mais sombrios nos EUA, o renascimento da luz que se festeja nessas datas é visível através do prisma de diversas expressões de resistência
David Brooks
Observatório da Imprensa
Nova York

Tradução:

Ao concluir uma dos anos mais sombrios nos Estados Unidos, o renascimento da luz que se festeja nessas datas é visível através do prisma de diversas expressões de resistência, rebelião, música e humor. 

A luz mais importante e imediata é a que brota da resistência contra o projeto neofascista encabeçado por Donald Trump que foi, por ora, freado na eleição nacional. Isto graças em grande medida a um esforço magno de um mosaico multidimensional de forças progressistas, algumas antigas, outras muito novas, que haviam lutado em seus respectivas esquinas mas que conseguiram um triunfo coletivo (isso merece felicitações dos que se chamam progressistas no México e em outros países).  

Talvez a luz mais notável tenha sido a explosão, em meio de uma pandemia, crise econômica e repressão, do que chegou a ser o maior movimento de protesto da história dos Estados anos, o de Black Lives Matter. Esse movimento continua transformando o debate nacional e a luta política estadunidense, com sua corrente mais progressista agora parte da vanguarda da esperança deste país [https://m4bl.org].

Por outro lado, ao mesmo tempo que a ultradireita conquistou partes deste país, também houve um fenômeno igualmente importante: o crescimento de um movimento que se autoproclama como socialista. Encabeçado por figuras veteranas como Bernie Sanders e novos líderes emergentes como a deputada federal Alexandria Ocasio Cortez, esta expressão nacional tem várias representações e correntes, desde os Democratic Socialists of America, Working Families Party, Our Revolution e dezenas de grupos ainda mais radicais.

Ao mesmo tempo, continua a ressurreição progressista de alguns setores sindicais apesar dos golpes tremendos contra suas fileiras pela pandemia e pela crise econômica, e quatro décadas de neoliberalismo, incluindo os de professores, e dos comissários de bordo encabeçados por uma socialista extraordinária, os valentes sindicatos de enfermeiras e organizações compostas por trabalhadores em alguns dos setores mais vulneráveis como a Coalização dos Trabalhadores de Immokalee e os do setor de comida rápida.

Ao concluir uma dos anos mais sombrios nos EUA, o renascimento da luz que se festeja nessas datas é visível através do prisma de diversas expressões de resistência

Montecruz Foto
Talvez a luz mais notável tenha sido a explosão, em meio de uma pandemia, crise econômica e repressão, do movimento Black Lives Matter.

Trabalhadores imigrantes literalmente estão resgatando esse país a cada dia: são os que alimentam este país, os que asseguram a entrega das necessidades básicas, estão nas primeiras linhas dos resgates nesta crise de saúde. São chave – sobretudo os jovens – nos movimentos pela justiça social e econômica para todos neste país. 

Diante do crescente desemprego, fome e pobreza através do país neste ano da peste, surgiram projetos de assistência mútua de todo tipo para assegurar alimento, remédios e apoio entre todos em diversas comunidades; alguns inclusive estão se transformando em entidades mais permanente como cooperativas, oferecendo um modelo alternativo concreto baseado na solidariedade social diante do desastre do modelo neoliberal.

Somam-se a esses os grandes novos movimentos ambientalistas, dos pobres contra a injustiça econômica e os ativistas contra a violência das armas. Da mesma forma que o de justiça racial e migrantes, muitos são encabeçados por jovens valentes, sábios e ferozes, sobretudo mulheres. 

Iluminando a escuridão ao longo do ano, músicos de todo tipo, desde um festejo semanal à sadia distância fora da casa de um músico de jazz no Brooklyn, aonde acudiam músicos de toda a cidade, ao presente de Yo-Yo Ma, através de vídeo-gravações tocando peças para acompanhar todos os isolados nesta pandemia, a concertos virtuais de grandes conjuntos e orquestras desde suas casas..

Estas luzes que brilham, com outras, nos tempos mais escuros aqui necessitam convites das de outros povos para juntos começar a iluminar um futuro de todos, para todos, por todos. 

Neville Brothers: Let my people go: https://open.spotify.com/track/1zJEp7JjArWDesv5wNLoYx?si=mrj66wFRTPW4d_UMSh6Jtg

Run the Jewels: A few words for the firing squad: https://open.spotify.com/track/1hxVQkhDJN2UnkgeqX68D3?si=MKkv5yWbT9exHSNJr8hoLg

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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