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Esposa de El Chapo, se declara culpada de narcotráfico e lavagem de dinheiro em Washington

Emma Coronel Aispuro reconheceu que existe um acordo de culpabilidade negociado com os promotores estadunidenses
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Emma Coronel Aispuro se declarou culpada de três acusações formuladas contra ela pelo governo dos Estados Unidos em um tribunal federal em Washington, com isso descartando seu direito a julgamento ante um júri e reconheceu que existe um acordo de culpabilidade negociado com os promotores estadunidenses.

Aispuro apresentou-se ante o juiz Rudolph Contreras do Tribunal do Distrito de Columbia (Washington) na manhã deste quinta-feira, onde foram detalhadas às três acusações contra ela e lhe foi perguntado se entendia as implicações de sua decisão. 

A acusada declarou aceitar ser culpada de cada uma das três acusações contra ela; por narcotráfico, lavagem de dinheiro e participação em transações e manejo de negócios com um narcotraficante estrangeiro.

Com isso, o juiz Contreras concluiu que “a declaração de culpabilidade é aceita” e portanto proclamou que “a senhora é culpada do que está acusada”.

Emma Coronel Aispuro reconheceu que existe um acordo de culpabilidade negociado com os promotores estadunidenses o que levou à sua declaração de culpabilidade. 

O juiz Contreras declarou que determinará a sentença de condenação em uma audiência em 15 de setembro, após avaliar e escutar os argumentos dos promotores e dos advogados de defesa, embora tenha detalhado os marcos para determinar essa sentença. 

Informou a Emma Coronel que a sentença máxima para a acusação de narcotráfico é de prisão perpétua, para a segunda, de lavagem de dinheiro, é de até 20 anos de cárcere, e para a terceira, 10 anos, além de multas de até 10 milhões de dólares. 

Advertiu que seu acordo de culpabilidade negociado pelos promotores não garantia uma pena reduzida. Esse acordo, em 9 laudas, detalha as acusações das quais ela aceita responsabilidade e registra o marco de uma sentença possível entre 9 e 11 anos de prisão, mas não há garantia disso, pois está exclusivamente nas mãos do juiz. Portanto, também por solicitação dos promotores, poderia acabar com uma sentença ainda inferior. 

Estes acordos de culpabilidade costumam ser em troca de algum tipo de cooperação com os promotores em suas investigações ou algum tipo de testemunho, em outros casos. No entanto, no acordo não se menciona nenhuma cooperação, embora isso seja raramente divulgado antes dessa cooperação ser empregada para gerar evidência ou ante um julgamento futuro. 

Emma Coronel Aispuro reconheceu que existe um acordo de culpabilidade negociado com os promotores estadunidenses

Reprodução
Emma Coronel Aispuro se declarou culpada de três acusações formuladas contra ela pelo governo dos Estados Unidos.

Durante a sessão, Emma Coronel respondendo em espanhol com um tradutor, afirmou ao juiz Contreras que entendia as consequências de sua decisão de declarar-se culpada e que com isso renunciava a múltiplos direitos legais, incluindo um julgamento ante um júri e um processo em que fosse considerada sua presumida inocência, e que renunciou ao seu direito à apelação de seu caso. 

O juiz lhe fez uma série de perguntas sobre sua condição mental e física – se estava medicada, se era adicta a drogas ou álcool, ou se tinha algo que poderia afetar suas decisões: ela respondeu que não a tudo. 

As três acusações formais às quais se declarou culpada são, primeiro, que a partir de 2007 até 19 de janeiro de 2017, conspirou para distribuir heroína, cocaína, metanfetaminas e maconha para sua importação ilícita aos Estados Unidos. 

O segundo afirma que entre 2007 e dezembro de 2019, no México e nos Estados Unidos, a acusada conspirou para a lavagem de dinheiro. O terceiro, entre 2007 e dezembro de 2019, tanto no México como nos Estados Unidos, Emma Coronel – identificada como estadunidense – participou em transações e manejos de propriedades de um estrangeiro, identificado como Joaquín Guzman Loera “El Chapo”, o qual havia sido designado como um narcotraficante estrangeiro pela justiça estadunidense.

Com sua declaração de culpabilidade, Coronel também reconheceu sua participação pessoal no negócio de narcotráfico de seu esposo, na preparação de sua fuga famosa do Altiplano, e de lucrar com suas propriedades até 2019, entre outras coisas. 

O promotor Anthony Nardozzi resumiu o caso contra Coronel e a acusada, perguntada pelo juiz se aceitava essa versão apresentada pela promotoria sobre seus delitos, declarou que sim. 

A trajetória legal do caso contra Emma Coronel começou com uma queixa criminal para sua prisão que foi apresentada ao mesmo tribunal federal em Washington em 17 de fevereiro e cinco dias depois, o Departamento de Justiça anunciou que Emma Coronel Aispuro estava sob sua custódia. 

Emma Coronel Aispuro continuará detida enquanto prossegue seu caso, aparentemente na Virginia onde permanece desde sua prisão, em 22 de fevereiro, no aeroporto internacional Dulles em Washington.

Seus advogados, Jeffrey Lichtman e Mariel Colon, foram membros da defesa de seu marido Joaquín Guzmán Loera em seu julgamento em Nova York. El Chapo está cumprindo prisão perpétua no Colorado.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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