A chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, concretizou a primeira jornada de reuniões no marco de sua visita oficial à Argentina, com importantes encontros com o ministro de Defesa da Nação, Jorge Taiana, e com o chefe do Estado Maior Conjunto do Exército Argentino, o general Juan Martín Paleo. Este último foi o mesmo que propôs armar uma expedição militar latino-americana para “acabar com o despotismo de Maduro” na Venezuela. Iniciativa orientada pelo secretário da OEA, Luis Almagro e obviamente com apoio de Donald Trump de Washington.
Richardson reuniu-se primeiro com Paleo, na segunda-feira (17), em um encontro que versou sobre a segurança na região, segundo informou a conta oficial no Twitter do organismo militar estadunidense.
Depois, no mesmo dia, na reunião com Jorge Taiana, desenvolveu uma agenda que incluiu repassar os acordos bilaterais vigentes entre a Argentina e os Estados Unidos, a hierarquização das Forças Armadas, equipamento militar e a prioridade estratégica que atribui à Argentina no Atlântico Sul. Assim disse o funcionário argentino em suas redes sociais.
Laura Richardson e o plano de fazer da América Latina um “pedaço de terra para saquear”
O Comando Sul é uma unidade do Pentágono. Tem como missão defender os interesses do país norte-americano na região. Sua sede é em Miami, de onde controla as bases dos Estados Unidos na América Latina, e proporciona treinamento, inteligência e coordenação militar a todas as forças armadas regionais, sob as recomendações do Departamento de Estado.
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Comando Sul dos EUA – Reprodução/Twitter
A chefe do Comando Sul dos EUA, Laura Richardson com o general Juan Martín Paleo, chefe do Estado Maior Conjunto do Exército Argentino
A visita de Richardson foi anunciada há semanas. Enquadra-se na disputa geopolítica que o país do Norte mantém com a China por sua influência na região. Ambos competem pela proeminência nas relações com os países da América Latina, por meio de diálogo político e investimentos.
Sua chegada deu-se no domingo (16), à noite. Foi recebida pelo embaixador Marc Stanley, que destacou sua agenda com os funcionários argentinos. “É um prazer dar-lhe novamente as boas vindas, General Laura Richardson”, saudou o diplomata, antecipando sua reunião com Taiana, para “continuar nossa sólida relação e focar-nos nos próximos 200 anos de relações bilaterais”, acrescentou.
A frase de Stanley aludia a que este ano ocorre o primeiro bicentenário das relações diplomáticas entre a Argentina e os Estados Unidos.
A chefe militar foi notícia no país devido às repercussões provocadas por sua apresentação na Câmara de Representantes estadunidense, em que advertiu sobre o avanço da China na região por meio de investimentos estratégicos. Suas palavras sobre a importância do lítio como mineral chave para a geração de energia no curto prazo não passaram despercebidas.
“Argentina, Bolívia e Chile têm lítio e [nossos adversários] estão subtraindo recursos destes países e de sua gente, que estão tratando de produzir, destas democracias que estão tentando contribuir com seus povos”, afirmou, referindo-se ao denominado Triângulo do lítio.
No encontro bilateral entre os presidentes Alberto Fernández e Joe Biden, que se realizou em 29 de março, entre os temas da agenda apareceu a vontade da Argentina de desenvolver as oportunidades que seus recursos naturais oferecem.
Naquele momento, o presidente Fernández solicitou a Biden apoio financeiro para “estender uma ponte” durante este ano, em função do impacto gerado pela seca, diminuindo ingressos para o Estado argentino da ordem estimada de 20 bilhões de dólares.
A agenda de Richardson ocorre posteriormente a esta cúpula e quase ao mesmo tempo da visita de Wendy Sherman, a subsecretária de Estado do governo de Biden. Ambos os fatos são interpretados como uma confirmação da aproximação entre as duas gestões.
Redação | Resumen Latinoamericano
Tradução: Ana Corbisier
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