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Na memória dos povos de "Nossa América", Sandino ensinou que a luta é contra o império

O anti-imperialista viveu em um etapa difícil da história, quando regia particularmente na América Central, a política estadunidense do Grande Porrete
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

No dia 21 de fevereiro de 1934 foi assassinado na Nicarágua Augusto C. Sandino, considerado o primeiro combatente anti-imperialista da América e precursor do processo emancipador de nosso continente.  

De Sandino se podem dizer muitas coisas. Se queremos tomá-lo como o invicto combatente de Las Segovias, poderemos assegurar que foi o primeiro em fazer morder o pó da derrota aos invasores ianques que ocuparam o solo de sua pátria. 

Foi ele que perfilou uma frase que fez história e percorreu continentes e países: “a soberania da pátria não se discute, se defende com armas na mão”.

Poderíamos também recordar que foi um dos três homens que pensou mais claramente na unidade continental como ferramenta de combate.

O anti-imperialista viveu em um etapa difícil da história, quando regia particularmente na América Central, a política estadunidense do Grande Porrete

La voz del sandinismo
Nos anos de Sandino, poderíamos dizer parafraseando nosso admirado Comandante Tomás Borge, o amanhecer era uma tentação

Martí, Sandino e a “Nossa América”

Antes de Sandino, foi José Martí, que cunhou a expressão “Nossa América”, para evocar os imensos territórios situados desde o sul do Rio Bravo até a Patagônia. E depois foi Mariatégui quem desenhou as tarefas de nossos povos para abrir caminho a um cenário: a Revolução Socialista.

Os aportes destas valiosas figuras surpreenderam nosso continente quando lhe designaram uma tarefa que hoje aparece como o desafio indispensável para nossos povos: a defesa da soberania de nossos Estados, sempre ameaçada. 

Sandino viveu em um etapa difícil da história, quando regia particularmente na América Central, a política estadunidense do Grande Porrete, pois os inquilinos da Casa Branca se dispunham a arrasar Estados e apoderar-se de recursos e riquezas além de suas fronteiras.

Eram os anos do “quintal” ou “celeiro” que alguns buscam reeditar em nosso tempo.

Sandino fez frente a esse poder. Na luta, caiu abatido há 86 anos; mas não foi assassinado pela mão direta do Império, mas sim por seus sicários, por aqueles que venderam sua alma ao opressor e se puseram às suas ordens para proteger e amparar uma política de saque e pilhagem. 

Lições de Sandino

Esse fato encerra uma lição que hoje podemos observar no cenário de nosso tempo; quando se trata de tirar as castanhas do fogo para preservar os afãs imperiais, não faltam aqueles que acomodam seu jogo aos desígnios de Washington e buscam gerar caos e violência. A Venezuela é um exemplo. 

A oligarquia latino americana, os grandes meios de comunicação, os Partidos a seu serviço e os politiqueiros de ofício que resguardam seus interesses, se valem de todos os recursos para enganar os povos. 

Recorrem a artifícios inimagináveis: publicam fotos de crueldades ocorridas em outros tempos e países, e nos dizem impudicamente que se trata de fatos ocorridos ontem em Caracas ou em Maracaibo; ou publicam cenas pornográficas, violações a menores correspondentes ao comércio sexual nos Estados Unidos, assegurando que foram fotos obtidas de Câmaras de Tortura instaladas em postos policiais venezuelanos. 

Não olvidemos nunca: esse é o fascismo em ação! Contra ele, temos o dever de estar todos. 

No extremo da sem-sem-vergonhice, essas pessoas fazem causa comum com os que alentam o crime e a barbárie nas grandes avenidas de Caracas. 

O fascismo está de volta

O grito de “Faça Pátria, Mate um Chavista”; é o mesmo grito que se ouvia nas grande alamedas de Santiago em agosto de 1973, em dias prévios ao Golpe assassino de Augusto Pinochet, com uma sutil variante: “Faça Pátria, Mate um Comunista”, diziam então. 

E sim, mataram então Salvador Allende, Víctor Jara, Pablo Neruda, e milhares mais, o melhor do povo do Chile. Hoje querem sepultar o povo da Venezuela. Mas, sobretudo, escarmentar todos os povos da América Latina. Ensinar-lhes que com o Império não se pode, que é inútil qualquer rebeldia. 

Com Sandino, se levantaram outros valorosos lutadores da América. Farabundo Martí, em El Salvador afogado em sangue e dor; Luis Carlos Prestes, no gigantesco Brasil iluminado; Carlos Baliño e Julio Antonio Mella, na Cuba onde nascia o sol e a esperança. E em seu exemplo renasce Nossa América, com o sonho de Bolívar nas mãos.

Bicentenário da Independência da América

Hoje se fala e se escreve muito sobre o Bicentenário da Independência da América do jugo espanhol. Essa luta nos trouxe milhões de mensagens. 

Reivindiquemos uma, que para nós tem plena vigência: a luta que temos pela frente não compete aos habitantes de um ou outro país; é a luta de todos contra o Império.

Hoje Sandino é realidade vivente. A Nicarágua é o país mais seguro da região, com menos índices de violência cidadã, segundo os padrões internacionais; o país da recuperação mais rápida. Para que isso fosse possível foi preciso, em seu momento, travar uma guerra. Ela abriu uma esperança que se instala nos olhos de um povo e levanta sua esperança.

Nos anos de Sandino, poderíamos dizer parafraseando nosso admirado Comandante Tomás Borge, o amanhecer era uma tentação. 

Hoje, brilha um novo sol “que haverá de iluminar toda à terra que nos legaram os mártires e heróis com caudalosos rios de leite e mel”.

Gustavo Espinoza M* é colaborador de Diálogos do Sul de Lima, Peru.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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