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ToggleUm tema que se torna recorrente nas democracias contemporâneas: a importância da opinião pública.
O fato de adotar sistemas presidencialistas parece fazer nossas democracias mais dependentes da imagem da gestão presidencial.
Agora a pergunta: É verdade que o conjunto da sociedade se vê seduzido pelos gestores de direita?
Neste artigo analisaremos transversalmente a imagem de cada um dos presidentes da região cujas políticas e discursos vão desde o centro à mais extrema direita para corroborar se é verdade que contam com o beneplácito das maiorias cidadãs.
Para isso recompilamos as últimas sondagens sobre a imagem presidencial de cada mandatário na América Latina.
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Três meses após a posse, a popularidade e a aprovação de Bolsonaro não para de cair
Argentina
A imagem de gestão de Mauricio Macri se encontra em seu pior momento, de acordo com a última sondagem da Universidade de San Andrés; e depois de frear a caída de sua imagem após o G-20 (realizado de 30 de novembro a 1º de dezembro de 2018), 2019 se consolida com os números despencando para o oficialismo.
Para as consultorias Gustavo Córdoba y Asociados, D’Alessio Irol/Berensztein e Poliarquía, que também realizaram medições mensais, a imagem do presidente argentino confirma em todos os casos a tendência à baixa, e o que poderia ser o piso da coalisão de Governo, em torno de 30% de adesões. Nas pesquisas, as principais variáveis que agem sobre a imagem negativa ou positiva são: aumento de tarifas, inflação, desemprego e insegurança.
A inflação de 2018 foi de 47,6%, a cifra mais alta dos últimos vinte e sete anos. A dívida pública chegou a 94,8% do Produto Interno Bruto (PIB) durante o último trimestre de 2018, segundo dados oficiais do relatório “Apresentação Gráfica da Dívida Pública do Estado Argentino”, publicado pelo Ministério da Fazenda.
De acordo com os dados do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) sobre o terceiro trimestre de 2018, o nível de pobreza no país é a marca mais alta da década: 13,6 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. Os novos pobres são produtos do pacote desvalorização, inflação e recessão. O chefe de Estado havia pedido que sua gestão fosse avaliada com base na queda da pobreza; os números falam por si mesmos.
Brasil
Ao ser um Governo recentemente eleito só contamos com a pesquisa nº 143 da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que mostra que a avaliação positiva de seu desempenho é de 38,7% (11% “muito bom” e 28% “bom”) diante de um 29% que o considera regular e 19,1% como “ruim” ou “muito ruim” em seus primeiros três meses de gestão.
Em comparação com o resto dos governos do século XXI, a aprovação para o primeiro trimestre de gestão é baixo com respeito ao primeiro mandato de Lula da Silva (2003) que ostentava 56,6% de qualificações “boas” e “muito boas”, e 49,5% de qualificações positivas em seu segundo mandato (2007), e o de Dilma Rousseff no mesmo período de seu primeiro mandato, após se converter na primeira mulher presidenta, obtendo 49,2% de qualificações “muito boas” e “boas”. No entanto, supera a avaliação inicial do segundo Governo de Dilma e o de seu sucessor depois do impeachment, Michel Temer.
Quanto a suas medidas se destaca a polarização. 53% desaprovam a posse de armas contra 43% que aprovam; 46 % desaprovam a reforma da previdência, enquanto 43% a aprovam, e por último, a mais valorizada de suas políticas é o pacote anticrime de Sergio Moro, que obtém 62% de apoio diante de 19% de rechaço.
Um dado significativo é que a imagem de Jair Bolsonaro fora de sua gestão alcança 57.5% de aprovação diante de 28.2% de desaprovação, o que Boaventura de Sousa Santos qualificou como a “morte democrática das democracias”.
Chile
O principal ponto de inflexão na aprovação da gestão de Sebastián Piñera é o impacto do assassinato de Camilo Catrillanca por parte dos Carabineros no mês de novembro, graças à má avaliação que a cidadania fez do manejo governamental do fato (Piñera demorou mais de um mês para destituir o chefe da instituição, Hermes Soto, junto com uma dezena de uniformizados). Isso pode ser visto refletido na mudança de tendência registrada por Criteria Research, seu ponto mais baixo de aprovação (37%) e o mais alto de desaprovação (51%). No entanto, o chefe de Governo remonta esta tendência em parte graças à política internacional e sua participação em Cúcuta (Colômbia) junto a Mário Abdo e Iván Duque para o “Aid Live por Venezuela”.
O mencionado assassinato não é suficiente para explicar o descenso da aprovação de gestão em 2019 que, segundo o último registro de CADEM [6], se encontra em 37% favorável diante de 48% de desaprovação em março deste ano. Apesar das tentativas de distrair os problemas internos com espetáculo internacional, o desemprego no Chile aumentou até 6,8% enquanto que a dispensa de mulheres alcançou um histórico 7,5%, de acordo com as cifras oficiais da Enquete Nacional de Emprego (ENE) do Instituto Nacional de Estatísticas (INE)[7].
Por último, um tema que aparece recorrentemente na hora de avaliar negativamente a gestão de Piñera é uma lei aprovada que implica que, dentro dos próximos sete anos, as companhias distribuidoras de energia substituirão os atuais medidores por “dispositivos inteligentes”. Os medidores de consumo de eletricidade até agora eram propriedade de cada cliente, mas a mudança tecnológica terá um custo aproximado de um bilhão de dólares – segundo cálculos da Comissão Nacional de Energia (CNE)- e deverá ser assumido pelos clientes, apesar de que o novo medidor será de propriedade da companhia.
Colômbia
No final de 2018 a imagem negativa de Iván Duque havia tido um importante aumento (64%) depois de haver anunciado uma reforma fiscal cujo impacto seria notável nas classes médias e baixas, pelo aumento do IVA. A entrada de 2019 e a postergação da criticada reforma deu um respiro à pesada imagem do mandatário. Isto acontece a partir dos fatos que tiveram lugar no início de 2019, após o atentado do ELN contra a Escola de Polícia General Santander (que custou a vida de 22 jovens) em 17 de janeiro. Desde então, a imagem de Duque começou a mudar: a imagem negativa cai para 56% e sobe a positiva de 29 para 35%. Em primeiro lugar, porque o atentado deu lugar a que seu Governo fechasse definitivamente os diálogos com o grupo guerrilheiro. Esta decisão esteve orientada a satisfazer os interesses de seu eleitorado, caracterizado por apoiar as opções repressivas própria do uribismo. Além disso, deu por primeira vez uma mostra de liderança para um presidente que era visto, incluso no interior de seu partido, como um jovem com escassa experiência e pouca capacidade de liderar o uribismo. A partir de então, o presidente Duque vem recuperando posições entre seu eleitorado; quanto mais se escora na direita, mais baixa a sua imagem negativa – embora caiba mencionar que a positiva se mantém estável nas duas últimas sondagens de fevereiro e março.
Um fator que recentemente lhe tem abonado o crescimento nas pesquisas é a liderança que tomou diante o processo de intervenção sobre a Venezuela no mês de fevereiro e que coincide com a imagem que os colombianos têm do país vizinho, segundo a pesquisa de Invamer de fevereiro de 2018: 59,2% aprovam a maneira como o Governo colombiano está enfrentando a crise venezuelana e 34% não aplaudem. Da mesma forma, 53,3% das pessoas ouvidas dizem ter uma imagem desfavorável dos migrantes que chegaram desse país e 39,4% afirmam ter uma imagem positiva.
Costa Rica
Na Costa Rica, segundo a última sondagem de CID Gallup realizada em janeiro de 2019, 74% dos ticos e ticas acreditam que o Governo vai no rumo equivocado e 60% desaprovam a gestão de Carlos Alvarado, que se converteu no presidente pior avaliado em 40 anos [10].
Por seu lado, a pesquisa do Centro de Investigação e Estudos Políticos (CIEP-Universidade da Costa Rica) [11] registrou, no mês de novembro de 2018, 24% e 55% de aprovação e rechaço respectivamente. É o pior ponto de uma tendência à míngua de sua figura pública, que não parou de cair desde agosto de 2018.
El caso fiscal e o escândalo pelas nomeações no Ministério de Relações Exteriores incidiram na imagem do mandatário, e tampouco faltam aqueles que lhe cobram pelo não cumprimento de seu compromisso de atender demandas específicas de certos sectores, como o tema do protocolo do aborto impune, ou de potenciar ações para o matrimônio gay. Da mesma forma, a agenda de reativação econômica está muito fraca e o Governo está impulsando projetos adversos como, por exemplo, a lei do imposto às cooperativas. O alto desemprego e a percepção de insegurança também repercutem na desaprovação da cidadania.
Equador
No caso do Equador a tendência descendente na imagem do presidente Lenin Moreno é constante desde maio de 2018, como se mostra no quadro da CEDATOS[12], após o efeito pós campanha do referendo e da consulta popular, com a qual se modificou a constituição política, impedindo a reeleição presidencial e modificando a estrutura do poder de participação cidadã, construída como mecanismo democratizante na Carta Constitucional redigida em Montecristi (2008).
Três dimensões da política equatoriana parecem estar se conjugando para definir esse descenso vertiginoso de Lenin Moreno. Uma dimensão é produto da baixa capacidade de governabilidade que tem demonstrado o presidente, enquanto sua liderança está questionada em geral. Os dados qualitativos e quantitativos apresentados pela pesquisa do Centro Latino-americano de Geopolítica (CELAG) realizada em março de 2019 [14], assim o demonstram: 59,2% consideram que a situação do país é de incerteza, frustração, medo, resignação, caos; enquanto que apenas 33,4% consideram a situação do país como esperançosa, tranquila e de confiança; sensações de desgoverno muito ligadas à dimensão econômica do país e à ruptura de Moreno com seu mentor e maior eleitor, o ex-presidente Rafael Correa. 55,4% da opinião pública, segundo a pesquisa mencionada, pensa a gestão de Moreno como má ou muito má; e apenas 34,4% a considera de regular a muito boa.
A respeito da dimensão econômica, o país voltou aos braços do FMI e à tutela norte-americana pela mão de Moreno, distanciando-se do programa progressista pelo qual foi eleito – que prometia continuidade do projeto da Revolução Cidadã – e definindo um giro que o aproxima mais como executor do programa da direita equatoriana, encabeçada pelo prefeito de Guayaquil, Jaime Nebot, e pelo ex-candidato presidencial Guillermo Lasso. Segundo os dados CELAG, 45,9% dos equatorianos pensam que o país está sendo governado pelos grupos econômicos, 26,9% pelos Estados Unidos, 26,4 % por Jaime Nebot e só 25, 9% consideram que Moreno tem as rédeas do país. O emprego (70,9 %), a saúde (45%) e a delinquência (41%) são os principais problemas do país segundo a opinião pública.
A pesquisa CELAG também mostra a tendência da cidadania de apoio à gestão do ex-presidente Correa: 61,3% consideram que foi muito boa, boa ou regular-boa, e uma alta porcentagem tornaria a votar nele para a vice-presidência (39,4%) ou para a Assembleia Nacional (39,2%), em tanto que apenas 11% do eleitorado tornaria a votar por Moreno, enquanto que 24% votaria em um candidato afim a Correa. Uma situação que, ao parecer, não tem como referência Moreno, já que seu giro à direita continua com a decisão de retirar-se da UNASUL e com o empréstimo recebido pelo país do FMI que remarca a derivação do Governo.
Guatemala
Em setembro do ano passado a gestão do presidente Jimmy Morales caiu ao ponto mais baixo de aprovação de acordo com o estudo de Opinião Pública CID Gallup, com 32% de aprovação (“boa” e “muito boa”). Essa percepção estava marcada pela declaratória de pessoa “non grata” que o mandatário fez a Iván Velásquez, cabeça da Comissão das Nações Unidas contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) e toda a campanha contra o mandato da CICIG. A isso se soma a proteção que os deputados deram para evitar que fosse investigado sob suspeita de receber financiamento eleitoral ilícito para sua campanha de 2015.
Entretanto, sua imagem recuperou alguns pontos na primeira medição de 2019, embora ainda se encontre no vermelho, e a imagem de Jimmy Morales aparece inclusive abaixo da do ex-presidente Otto Pérez Molina, que está em prisão preventiva por casos de corrupção. A avaliação positiva de sua gestão é de 22 % diante de 37% de imagem negativa [15]. O que ele fez para recuperar sua desgastada imagem? Não falta quem considere que a chave poderia estar no apoio evangélico, dado o respaldo do mandatário ao traslado da embaixada estadunidense para Jerusalém, em sintonia com outros líderes que professam o mesmo culto como Jair Bolsonaro ou Donald Trump [16]. Apesar disso, o tema que gerou rispidezes, a saída induzida da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), que atualmente é rechaçada por 58%, diante de 34% que apoiam a saída do tribunal para julgar a corrupção [17].
Honduras
No caso de Honduras, o estudo de opinião pública #100 CID Gallup revelou uma baixa significativa de janeiro a setembro de 2018. Apesar de não contar com dados atualizados, Juan Orlando Hernández (JOH) registra 48% de desaprovação e 41% de aprovação [19]. Entre as principais preocupações e problemas se destaca a desocupação e o aumento do custo de vida.
O Governo encabeçado por JOH, do Partido Nacional, aprofundou a deterioração institucional. Seu primeiro mandato começou em 2014, esteve atravessado por diferentes escândalos, como a comprovação de que recebeu financiamento ilegal na campanha eleitoral e sucessivos assassinatos de ativistas ligados à questão do meio ambiente, entre as quais se destaca a líder indígena e feminista Berta Cáceres. Em 2017 forçou sua reeleição em aberta contradição com a Constituição Nacional, graças à cumplicidade da Corte Suprema. Um dado significativo é que, ao ser consultados sobre o grau de corrupção (no caso de havê-la), a última enquete de CID Gallup registra que para 82% dos perguntados há “muita”, 6% considerou que “alguma” e outros 6%, “pouca”.
As eleições de 2017 estiveram marcadas por longas demoras no escrutínio, em que o mandatário começou perdendo e terminou ganhando [20]. A sondagem de opinião pública “Percepções sobre a situação hondurenha no ano 2017”, realizada pela Companhia de Jesus, indicava que 73,1% desconfiavam da transparência das futuras eleições, 38,9% afirmavam ter “pouca confiança” e 34,2% diretamente “nenhuma”. À raiz desses resultados foram realizados protestos massivos durante os meses de dezembro de 2017 e janeiro de 2018.
Panamá
As próximas eleições gerais no Panamá serão no próximo dia 5 de maio e nelas será eleito o próximo presidente. Os níveis de desaprovação do atual mandatário Juan Carlos Varela o convertem no pior avaliado da região; de acordo com a última sondagem de CID Gallup alcançou contundentes 75% no mês de janeiro, enquanto sua aprovação foi de 20%. A causa principal de sua desaprovação é a corrupção; de acordo com um recente capítulo panamenho da Transparência Internacional (TI), Panamá aparece entre os países com maior percepção de corrupção no fechamento de 2018 [22]. Embora seja certo que a maioria dos presidentes panamenhos vejam diminuir a aprovação ao concluir sua gestão, o atual mandatário Valera é o líder com pior avaliação popular desde o retorno à democracia em 1990, superando Mireya Moscoso, também do Partido Panamenhista. A pesquisa também revela que a maioria (83%) considera que com o Governo de Varela o país está em rumo equivocado. [23].
Outro estudo, realizado neste caso pela consultoria StretchMark, revelou a desaprovação entre outubro e dezembro de 2018. Os resultados deste estudo de opinião indicam que pelo menos 83,1 % das pessoas consultadas desaprovavam a gestão de Valera em dezembro passado, enquanto que 12% aprovam e 4,8% não sabem o não estavam disponíveis no momento em que foi realizada esta análise. O incremento no rechaço à forma como o mandatário está manejando o país pode ser comparado com os resultados de outubro passado, quando o nível de desaprovação era de 79,4%, e o de aprovação era de 13%. Estes resultados se contrapõem à análise da situação do país, em cuja sondagem se observa uma leve melhora no período analisado [25].
Paraguai
No Paraguai praticamente não há dados sobre a aprovação do atual mandatário, Mário Abdo Benítez, que assumiu em 2018. Os únicos dados disponíveis correspondem à consultoria ICA-Gallup [27], cuja sondagem foi realizada no mês de dezembro e na qual Abdo alcança 30,1% e 40,9% de aprovação e desaprovação, respectivamente, de sua gestão.
Peru
A efervescente popularidade de Martin Vizcarra parece que se está se esgotando. Paradoxalmente, a corrupção, que valeu a ele o vertiginoso crescimento na opinião pública, voltou-se contra ele à raiz das denúncias que o envolvem no chamado “clube da construção”. De acordo com as últimas sondagens do Instituto de Estudos Peruano (IEP), IPSOS e DATUM, seu favoritismo caiu pelo segundo mês consecutivo, a poucos dias de cumprir um ano de Governo.
Em seu primeiro ano a imagem do mandatário peruano flutuou, mas conseguiu um grande favoritismo graças à “luta contra a corrupção”, o encarceramento da principal líder da oposição, Keiko Fujimori, e as reformas institucionais submetidas a referendo em dezembro de 2018. No entanto, isto não evitou que ele fosse salpicado pelo caso Odebrecht já que uma empresa em seu nome e de seu irmão – C y M Vizcarra S.A.C.- foi favorecida por realizar contratos de aluguel de máquinas para a construção com o consórcio Conirsa, liderado pela construtora brasileira. Além disso, o mandatário está sendo investigado por presumidos doadores falsos à campanha de Kuczynski, dos quais se suspeita que ele poderia saber, já que tário foi o chefe de campanha de PPK. Ainda assim, sua imagem positiva supera a negativa e constitui um recorde de favoritismo na região.
O atual mandatário buscou um novo giro para resolver a tendência de baixa de sua popularidade como gestor, e em 12 de março apresentou um novo gabinete ministerial encabeçado pelo ex-ator, diretor de cinema e político peruano, Salvador del Solar. O impacto da mudança no Executivo não foi medido pelos pesquisadores, nem sequer por Datum, que apresentou sua última sondagem antes do anúncio do novo ministério.
Conclusões
Com exceção da Guatemala que mesmo com a mudança de tendência registra 50% de desaprovação da gestão, todos os países analisados têm como saldo uma tendência à baixa. E salvo Peru (56% de favoritismo), em todos os demais casos (inclusive Guatemala) a imagem negativa de gestão supera a positiva. O caso mais extremo de rechaço é registrado no Panamá onde entre 75% e 83% – conforme a medição – desaprovam a gestão de Varela.
No Cone Sul se pode observar uma aprovação inicial nos casos de Piñera e Macri, que dilapidaram dito apoio e já apresentam números adversos. Resta saber o que acontecerá com as aprovações de Bolsonaro e Abdo passado o efeito “lua de mel” dos inícios de gestão.
Um recurso comum ao que parecem apelar os mandatários para incrementar seu favoritismo ante a opinião pública é o confronto com os governos progressistas, tanto locais como regionais. A polarização parece ser reeditada na hora de obter o favor nas sondagens. Tal lógica opera para as figuras de Iván Duque na Colômbia, Piñera no Chile e Bolsonaro no Brasil, todos governos que assumiram em 2018 (da mesma forma que a substituição de Vizcarra, que em março de 2018 chegou à Presidência após a renúncia de Pedro Kuczynski). Ainda assim esta lógica tende a perder efetividade conforme avança o tempo. No caso de Macri (Argentina), a fórmula da confrontação serviu durante a primeira metade de sua gestão, mas depois mostrou seus limites. Uma tendência similar se dá no Chile.
A opinião pública não é um dado objetivo e se encontra mutuamente imbricada com um dos temas chaves das democracia contemporâneas: a proliferação da chamada “pós verdade” . Embora as falsas promessas de campanha têm sido parte do ethos da política, na atualidade as astúcias da desinformação geram a presença do sentimentalismo nas decisões políticas e na fragmentação da opinião pública, o que se evidencia no apoio aos candidatos que promovem medidas tendentes a um populismo punitivo, estimulando rivalidades nacionais, raciais, de classe ou de gênero, e cujo discurso consegue fazer adeptos na opinião pública. No entanto, também evidencia suas limitações na hora em que a cidadania avalia suas condições objetivas de vida. Não apenas os eleitores são cada vez mais voláteis, mas também suas opiniões.
Tradução: Beatriz Cannabrava
Referências
[1] https://www.cronista.com/economiapolitica/Encuesta-el-peor-momento-de-Macri-clima-de-ballottage-y-el-candidato-ideal-20190312-0013.html
[2] https://archivo.urgente24.com/286465-macri-llego-al-rechazo-mas-alto-de-su-gestion-mientras-pj-sube-su-imagen-positiva y https://www.elpaisdigital.com.ar/contenido/febrero-negro-para-el-gobierno-en-las-encuestas/21371
[3] https://tn.com.ar/politica/inflacion-e-incertidumbre-economica-los-temas-que-mas-preocupan-los-argentinos-cinco-meses-de-las_945644
[4] https://es.scribd.com/document/398988578/POLIARQUIA-Encuesta-Nacional-Enero#from_embed y https://www.eleconomista.com.ar/2019-03-el-mercado-preocupado-por-la-baja-imagen-de-macri/
[5] https://www.criteria.cl/wp-content/uploads/2019/03/ACC-Febrero-2019.pdf
[6] https://www.cadem.cl/wp-content/uploads/2019/03/Track-PP-269-Marzo-S1-VF.pdf
[7] https://www.ine.cl/estadisticas/laborales/ene
[8] https://www.cadem.cl/wp-content/uploads/2019/03/Track-PP-269-Marzo-S1-VF.pdf
[9] https://www.elespectador.com/noticias/politica/aprobacion-del-presidente-ivan-duque-subio-al-42-gallup-poll-articulo-843759 , https://www.elespectador.com/noticias/politica/aprobacion-del-presidente-duque-subio-11-puntos-es-del-35-segun-yanhaas-articulo-837268 y https://www.eltiempo.com/politica/gobierno/imagen-del-presidente-ivan-duque-en-febrero-encuesta-invamer-327284
[10] La empresa pesquisadora entrevistou 1.228 pessoas entre 7 e 12 de janeiro de 2019. Conta com um índice de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,81%. https://www.elmundo.cr/costa-rica/carlos-alvarado-es-el-presidente-peor-calificado-en-los-ultimos-40-anos/
[11] https://www.ciep.ucr.ac.cr/images/INFORMESUOP/EncuestaNoviembre2018/Informe-encuesta-CIEP-21-de-NOVIEMBRE-2018.pdf
[12] http://www.cedatos.com.ec/ , http://www.perfilesdeopinion.com/images/pdf/presidente.pdf , https://www.pichinchauniversal.com.ec/presidente-moreno-tiene-menor-aceptacion-que-el-alcalde-rodas-segun-clima-social/
[13] https://confirmado.net/2019/02/11/59-5-desaprueba-la-gestion-del-presidente-moreno-cedatos/
[14] https://www.celag.org/wp-content/uploads/2019/03/Informe-Ecuador-Prensa-MARZO-2019.pdf
[15] https://www.soy502.com/articulo/elecciones-acercan-conoce-candidatos-punteros-100931
[16] https://www.eldiario.es/theguardian/Llevado-Jesus-evangelicos-gobierno-Trump_0_857764690.html
[17] Informe “Guatemaltecos desaprovam decisão do presidente Morales de pedir a saída da CICIG” disponível em: https://www.cidgallup.com/es/virtual-library
[18] https://issuu.com/sergiourng/docs/guatemala__feb19_infome_op_guatemal
[19] https://www.laprensa.hn/honduras/1217580-410/honduras-encuesta-cid-gallup-costo-vida-preocupa-hondure%C3%B1os-
[20] https://www.celag.org/ee-uu-elecciones-honduras-silencios-e-impunidad-ayer-hoy/
[21] https://www.laprensa.hn/honduras/1217580-410/honduras-encuesta-cid-gallup-costo-vida-preocupa-hondure%C3%B1os-
[22] http://laestrella.com.pa/panama/nacional/panama-posicion-96-paises-corruptos-segun/24049641
[23] https://www.elclick.news/gallup-panama-martinelli-es-el-presidente-mejor-evaluado-desde-1990-y-varela-el-peor/
[24] https://metrolibre.com/actualidad-y-pol%C3%ADtica/politica/145247-cortizo-se-consolida.html, https://www.panamaamerica.com.pa/sociedad/panamenos-desaprueban-la-gestion-del-presidente-juan-carlos-varela-1127351 , https://www.elclick.news/gallup-panama-martinelli-es-el-presidente-mejor-evaluado-desde-1990-y-varela-el-peor/
[25] http://laestrella.com.pa/panama/politica/poblacion-desaprueba-forma-gobernar-presidente-varela/24098182
[26] http://laestrella.com.pa/panama/politica/poblacion-desaprueba-forma-gobernar-presidente-varela/24098182 y https://www.panamaamerica.com.pa/politica/presidente-juan-carlos-varela-saca-mala-nota-tras-encuesta-nivel-nacional-el-83-lo
[27] http://icapy.com/encuestas-de-nivel-de-aprobacion-del-gobierno-paraguayo/
[28] https://iep.org.pe/noticias/encuesta-de-opinion-enero-2019/ , https://iep.org.pe/wp-content/uploads/2019/02/Informe-OP-Febrero-2019-4-Domingo-1.pdf y https://iep.org.pe/wp-content/uploads/2018/12/Informe-OP-Diciembre-2018-v4-domingo-I.pdf
[29]https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019-02/opinion_data_febrero_2019_0.pdf , https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019-01/opinion_data_enero_2019.pdf y https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2018-12/opinion_data_diciembre_2018.pdf