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Em Buenos Aires, a Frente Popular Darío Santillan/Corriente Nacional, em comemoração ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, chamou à mobilização, “como todos os anos com atividades em todo o paáis e marchando junto ao movimento de mulheres e feminista com a convicção de que não é um dia para receber “nem flores nem bombons”, mas um dia de luta por nossos direitos como mulheres e trabalhadoras. Em uma verdadeira jornada nacional de luta, levantamos nossas bandeiras e saímos às ruas.
A origem histórica do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora data de agosto de 1910, quando a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, reunida na Dinamarca, proclamou esta comemoração proposta por Clara Zetkin. As trabalhadoras de então lutavam por conquistar o direito ao voto para as mulheres, pela proteção social, a jornada de oito horas de trabalho e a licença por maternidade.
Ha mais de 100 anos daquele proclama, em todo o mundo continuam sobrando motivos para continuar a luta. Porque, além de continuar submetidas a condições de trabalho de superexploração, sofremos discriminações, violência psíquica, sexual e física, somos as vítimas privilegiadas das redes de tráfico de e exploração sexual, nossos corpos são troféu de guerra nas zonas de conflito e os estados e as igrejas definem sobre nossa sexualidade.
Em Nossa-América não ficamos atrás. E as mulheres trabalhadoras, indígenas, mestiças e pobres, lutamos por maior protagonismo nos processos de mudança profunda, pugnando por colocar em agenda nossas reivindicações como demandas gerais dos movimentos populares.
Por tudo isso, este 8 de março nos encontra novamente em pé de luta como parte de todo o povo trabalhador.
Exigimos aumento de salários de acordo com o valor da cesta básica familiar!
O fazemos sabendo que somos as mulheres as que pagamos o preço mais alto no atual cenário de desvalorização da moeda e inflação. Os aumentos de preços, tarifas e magros incrementos salariais que não alcançam sequer a empatar com o valor da cesta básica familiar, impactam diretamente sobre a vida cotidiana e a economia doméstica e dos trabalhos de cuidado de crianças e pessoas dependentes da família, enredando-nos em um nefasto círculo vicioso que nos leva a trabalhos mais precarizados, flexibilizados, e lacera fortemente nossa autonomia econômica. Por isso as mulheres somos as mais pobres entre os pobres, as que ganhamos menos por igual tarefa e as mais exploradas dentro e fora do lar.
Lutamos para que nossos corpos sejam livres, para que o Estado seja laico e para que se respeitem nossos direitos. Queremos a legalização do abordo!
O projeto de lei da Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito foi apresentado pela primeira vez na Câmara dos Deputados em 2007. Deste então dorme engavetado no Congresso, sem sequer ter sido tramitado. Enquanto isso as mulheres continuamos abortando clandestinamente, alimentando um negócio milionário que lucra com o desespero e a vida especialmente das mais pobres que não podem pagar. Não ha decisão política para a tramitação, nem dos legisladores nem do governo nacional.
Hipocritamente, ao mesmo tempo que se obstaculiza o direito das mulheres de decidir livremente a interrupção de uma gravidez, não se implementa em todos os níveis escolares a lei de Educação Sexual Integral e se subutiliza o orçamento para saúde sexual e reprodutiva.
Denunciamos o não cumprimento da aplicação do protocolo de aborto não punível em hospitais e centros de saúde, o que implica uma judicialização de gravidez produto de abusos e violações, inclusive em meninas, que nos submete a mais vergonhas e violações de nossos direitos.
Rechaçamos a intromissão do poder clerical na reforma do Código Civil, em particular no artigo 19, em que se pretende afirmar que “a existência das pessoas começa desde a concepção no interior da mãe”.
É evidente que as leis escritas não nos alcançam. Reclamamos que se busquem respostas diante de uma problemática social profunda como é a violência contras as mulheres e sua expressão extrema: o feminicídio. Denunciamos que se obstaculiza o acesso das mulheres à justiça, seja não escutando as denúncias de violência de gênero ou bem encerrando-nos em círculo burocrático que nos deixa desprotegida e expostas a maiores violências.
Reivindicamos a efetiva implementação das leis que protegem às mulheres e a aplicação de políticas públicas integrais para evitar e prevenir os Feminicídios e para desmantelar as redes de tráfico de mulheres, meninas e meninos para a prostituição.
Como mulheres latino-americanas, sabemos que as opressões do patriarcado capitalista se combinam com uma história de colonialismo ainda vigente, com a ingerência da igreja católica querendo reger nossas vidas, com as transnacionais saqueando nossos bens comuns, empobrecendo-nos, reprimindo-nos e forçando-nos a migrar.
Não obstante, a pesar de sofrer estas múltiplas opressões, em todo o continente somos as mulheres as que encabeçamos os processos de luta e de organização popular: no campo, nos birros, nas universidades, nas comunidades indígenas, nos lugares de trabalho.
Hoje estamos também na primeira fila na Venezuela, enfrentando com o povo venezuelano uma nova tentativa de golpe de Estado por parte de grupos organizados e financiados pela direita com o apoio dos grandes meios de comunicação liberais.
As mulheres trabalhadoras não vamos pagar pela crise econômica!
Queremos educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar e aborto legal para não morrer!
Basta de pressões da igreja sobre os poderes políticos! Separação da Igreja do Estado!
Não a reforma reacionário do Código Civil!
Venezuela não está só! Da Argentina levantamos tocha da revolução bolivariana e nos solidarizamos com o povo venezuelano.