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"Nova Previdência": Crise fabricada ataca aposentadoria dos pobres e beneficia bancos

"Criaram uma crise para o sistema financeiro se apropriar da aposentadoria dos trabalhadores por meio da capitalização", diz Maria Lúcia Fattorelli
Iram Alfaia
Portal Vermelho
São Paulo (SP)

Tradução:

A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli, diz que o Brasil não sofreu nenhum fator de risco do capitalismo como guerra, catástrofes, ataque de pestes ou quebra de safra que justifique a atual situação econômica. Para ela, vivemos uma crise fabricada para o sistema financeiro se apropriar da aposentadoria dos trabalhadores por meio da capitalização, regime de poupança individual.

Uma das palestrantes nesta terça-feira (04), do Seminário Internacional: Experiências em Previdência Social, realizado no Auditório Nereu Ramos, Maria Lúcia Fattorelli disse que o país vive num cenário de crise produzida.

“Nós temos R$ 1,7 trilhão na conta do Tesouro Nacional, R$ 1,2 trilhão no caixa do Banco Central, R$ 1,5 trilhão em reservas internacionais. Só na gaveta nós temos mais de R$ 4 trilhões”, contabilizou.

Pelo seu levantamento, de 1995 a 2015 o Brasil produziu um R$ 1 trilhão de superávit primários, ou seja, gastamos menos do que arrecadamos.

“E nesse período a dívida que era pede R$ 86 bilhões saltou parta R$ 4 trilhões, então a dívida não é fruto de despesas de manutenção do estado ou com serviço prestado à população, a dívida tem crescido por conta da política monetária suicida do Banco Central em mecanismo que geram dívidas”, protestou.

Segundo ela, até 2015 o PIB brasileiro cresceu 4% ao ano quando no mesmo ano houve uma redução de quatro ponto percentual e, no ano seguinte, mais três pontos.

"Criaram uma crise para o sistema financeiro se apropriar da aposentadoria dos trabalhadores por meio da capitalização", diz Maria Lúcia Fattorelli

Foto: Richard Silva / PCdoB na Câmara
A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli

Nenhum fator que produz crise

“Nós não tivemos aqui nenhum dos fatores do capitalismo que produzem crise. O Banco Central pegou os juros de 7% em 2013 e dobrou em 2015. Chegou a 14,25% e ficou um ano. Só isso seria suficiente para quebrar qualquer economia. Mais o Banco Central ainda fez mais: gerou escassez de moeda no mercado e gastou em dez anos R$ 1 trilhão para remunerar a sobra de caixa dos bancos”, explicou.

Maria Fattorelli diz que é aí que está o rombo das contas públicas e não na previdência. “O que tem provocado o déficit é a conta dos juros. Nós tínhamos superávit em 2015. Então o que está derrubando a economia brasileira é o escândalo como remuneração da sobra de caixa de bancos, que gera dívida pública de R$ 1,2 trilhão, gera um rombo de R$ 724 bilhões segundo balanço do Banco Central”, diz.

Além disso, a política monetária ainda produz escassez de moeda, provoca elevação brutal das taxas de mercado, falta de acesso ao crédito e quebra das empresas e milhões de desempregados.

Em resumo, a coordenadora diz que a crise fabricada serviu para que o país tomasse medidas como a reforma trabalhista, a PEC dos Tetos, autonomia do Banco Central, privatização das empresas públicas e a reforma da previdência.

“Paulo Guedes diz que quem amarra o Brasil é a previdência. Mentira! O que amarra é esse esquema escandaloso”, denunciou.

Para ela, o jogo está claro: “De R$ 1 trilhão, R$ 715 bilhões sairá do Regime Geral da Previdência, quase 90% recebe até dois salários mínimos, R$ 182 bilhões do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o abono salarial quem ganha. O R$ 1 trilhão vai sair do mais pobre para entregar para bancos na capitalização”. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Iram Alfaia

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