Os escândalos de corrupção ligados à compra de vacinas no Brasil estão cada dia mais escancarados e a pressão popular se soma ao poder da fiscalização exercida pelo legislativo. A CPI da COVID, instaurada no Senado Federal, revelou ao povo brasileiro que as centenas de milhares de mortos – mais de 500 mil vítimas da Covid-19 – não são uma mera consequência de uma pandemia.
Eu, que perdi uma tia de 59 anos, muito amada, carinhosa, cheia de vida e de sonhos, depois de dias entubada, sem a presença de nenhum familiar para segurar sua mão, fico com o coração partido ao refletir que já existia vacina contra o coronavírus, mas o governo brasileiro esperou o momento que pudesse lucrar em cima do caos social e humanitário por ele mesmo gerado.
Em 2021, em um cenário de luto coletivo, foi iniciada uma jornada de lutas que teve dia pra começar, 29 de maio, mas não tem data para acabar. Três manifestações nacionais já ocorreram e as palavras de ordem são Fora Bolsonaro, Vacina no braço e Comida no prato, e, somada a essas, vimos cartazes da luta contra a LGBTfobia, contra as privatizações e para barrar os retrocessos.
Reprodução: Natália Guimarães
Ato #3JForaBolsonaro em Natal
Os atos do último sábado, 03 de julho, estavam previstos para ocorrer somente no dia 24, porém foram adiantados por uma demanda popular: após as revelações sobre a propina na compra da Covaxin com anuência do Presidente da República, não dava pra esperar, as pessoas queriam ocupar as ruas imediatamente. Neste momento de crise política e institucional, é a forma que a sociedade encontrou de se fazer ouvir.
Nossa voz está ecoando fortemente e o desespero bateu no clã Bolsonaro, o perfil oficial de Jair Bolsonaro virou um depósito de frases aleatórias para tentar proteger o maior responsável pela crise que vivemos:
O perfil oficial do Presidente da República iniciar um pronunciamento com “Vamos supor que” e daí em diante lançar frases onde tenta insinuar uma conspiração mirabolante contra Bolsonaro, parece que estamos vivendo uma distopia, uma realidade paralela, em que o Brasil foi entregue a um bando de alucinados. O pesadelo está no auge, queremos acordar, mas ainda não tem ninguém para nos tirar dessa paralisia.
A presença do povo nas ruas, sem medo de lutar, é por entender que Bolsonaro é sim pior do que o vírus, pois a gestão genocida do presidente atual foi o motor que nos trouxe a esse lugar de medo, de caos, de dúvidas sobre o futuro, de fome e de morte.
Concluo com uma reflexão o ex-ministro da Justiça, o advogado José Eduardo Cardozo, quando o perguntei em abril do ano passado se ele era Fora Bolsonaro:
Sou Fora Bolsonaro, embora entenda as dificuldades do momento, dentro de uma pandemia de você fazer um processo de impeachment. Mas, eu acho que ele perdeu a condição de governar e ao perder a condição de governar nós temos que dizer Fora Bolsonaro. E ele pode sair por diversas formas: uma delas é renúncia, outra delas é impeachment e outra delas é uma denúncia ao Congresso Nacional de ato ilícito e a Câmara dos Deputados autorizar para processar o Presidente e aí ele já está automaticamente afastado. Então, eu sou fora Bolsonaro, sim! Embora tenhamos que estudar a melhor forma e a menos dolorida dele deixar em paz os brasileiros.
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