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O FMI na aprovação da PEC do teto do gasto público

Mário Augusto Jakobskind

Tradução:

Além de algum tempo atrás ter se sentido nos Alpes depois de circular no teleférico do Alemão, madame Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao se encontrar em Washington com o Ministro da Fazenda do governo golpista, Henrique Meirelles, fez grandes elogios ao programa econômico que está sendo colocado em prática no Brasil, especialmente a tal PEC do Teto do Gasto Público que os idealizadores da “ponte para o futuro” querem engessar o país por 20 anos. A revelação foi feita pelo próprio Meirelles, que considerou “muito produtivo” o encontro com a mandachuva do FMI.

Mário Augusto Jakobskind*
Mário Augusto JakoskindEsta gente que se apossou do governo tendo na cabeça Michel Temer não tem o mínimo respeito à soberania nacional, como demonstram através de votações no Parlamento e declarações de próceres do grupo político que usurpa o poder. Já conseguiram aprovar na Câmara dos Deputados o retorno das multinacionais para usufruir as riquezas do pré sal, retirando prioridade da Petrobras. E assim joga o time que se lixa para a defesa da soberania nacional.

Christine Lagarde
Christine Lagarde

Junto a eles se insere a mídia conservadora, que apoia em gênero, número e grau a tal PEC que visa limitar os gastos públicos aos índices da inflação durante 20 anos. Para se ter uma ideia, na edição do domingo (9) os jornalões foram abocanhados por matéria paga de quatro páginas da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) de defesa ultra veemente da tal PEC engessadora. São apresentados por empresas e entidades integrantes da FIESP, cujos nomes ocupam três das quatro páginas, os mesmos argumentos que os defendidos também pelos colunistas de sempre.
Neste mesmo domingo (9), só que a noite, o usurpador chefe Michel Temer ofereceu um jantar para os deputados que na segunda-feira (10) votariam a tal PEC. Como diriam os colaboradores de O Pasquim, tratou-se de um “rango indigesto” com o objetivo de garantir a presença dos 400 convidados (e as esposas, também convidadas para um papo com a primeira dama Marcela Temer, segundo revelou a Globo News), na votação na Câmara que já tem o aval do FMI, como foi dito por madame Lagarde, segundo Meirelles.
Duzentos áulicos do golpe atenderam o convite de Temer, segundo os jornalões. Podem imaginar se Dilma Rousseff ou Lula servissem um jantar dessa magnitude para garantir voto no Parlamento, o que diriam os jornalões e telejornalões?
Uma pergunta que não quer calar e que não foi feita pela mídia conservadora, useira e vezeira em denunciar fatos relacionados com gastos públicos: quem paga o rango palaciano para os 400 convidados e suas esposas? Aí pode?
Não contente com a defesa incondicional do esquema da ”ponte para o futuro”, O Globo, para variar, se supera ao divulgar editorial com o título “É bem-vindo o aumento da representação da direita”. Em quatro colunas, o jornal mais vendido do Rio de Janeiro divulga a sua dialética em que até a votação da família Bolsonaro, de extrema direita, é mencionada como um “fato alvissareiro“.
E ao final, o editorial que emite a opinião da família Marinho assinala que “passou o tempo de se ganhar pela marra”. Isso aconteceu em abril de 1964, quando do golpe civil militar que contou com total apoio do “doutor” Roberto (Marinho), para quase 50 anos depois O Globo fazer (hipocritamente) autocrítica da posição assumida e que então rendeu ao grupo muitos frutos. Na ocasião estava também a FIESP velha de guerra em apoio ao retrocesso “na marra” e ao retrocesso que está levando o Brasil a voltar a ser mera colônia.
E assim caminha a elite brasileira em 2016, que apoia integralmente um projeto que pode fazer o Brasil virar uma nova Grécia, que também contou com o apoio incondicional do FMI, através de madame Lagarde, para a realização de ajustes que afetaram terrivelmente os assalariados e os aposentados.
Quanto ao jornal O Globo, o apoio incondicional dado ao golpe parlamentar será também algum dia daqui a 50 anos objeto de autocrítica nos moldes feitos sobre o golpe de abril de 1964? Autocrítica apenas de marketing, pois na prática seguiu o mesmo caminho golpista de sempre. Como os tempos atuais são distintos do de 52 anos atrás, a fórmula golpista ganhou outros ingredientes, sem os tanques nas ruas, pelo menos nesta fase. No plano econômico tinha Robert Campos e Otávio Gouveia Bulhões, hoje tem Henrique Meirelles e o apoio incondicional de madame Lagarde, novamente O Globo, O Estado de S. Paulo etc.
Mário Augusto Jakobskind colabora com a Revista Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Mário Augusto Jakobskind

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