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O livro “O maior genocídio da história da humanidade — povos originários das Américas, mais de 70 milhões de vítimas” é resultado de quatro anos de pesquisa dos sociólogos Marcelo Grondin e Moema Viezzer. Estudos indicam que mais de 70 milhões de indígenas foram mortos durante a invasão europeia das Américas.
Redação
A pesquisa compreende o período da descoberta das Américas e abrange vários países e regiões como os Andes (Bolívia, Peru e Equador), México, Caribe, Brasil e Estados Unidos.
“Relatamos a forma como os europeus tratavam os povos originários de todo o continente, desde do Alasca até a Patagônia. Pensamos na ideia de mostrar algo que a gente não vê nos livros escolares, quando muito estudamos na história dos povos indígenas do próprio país”, diz Moema.
Ela ressalta que o livro traz uma visão geral do que foi a colonização das Américas pelos europeus. “A escrita do livro foi um momento muito forte, onde, juntos, procuramos reaver a própria identidade, um apoio que queremos dar para a Abya Yala, que era o nome dado antigamente ao território que se conhece hoje como América”, afirma Moema.
Já o sociólogo Marcelo Grondin observa que, enquanto muito se fala no holocausto, que dizimou de 5 a 8 milhões de judeus, “na América, pelos contatos que tivemos com outros historiadores e estatísticas, foram mais 70 milhões de indígenas mortos. Foi um massacre, uma matança horrível”.
Naturalizado boliviano, Grondin viveu na Bolívia por 17 anos, e naquele país teve um contato mais próximo com os indígenas. “O livro conta a luta dos indígenas para a sua sobrevivência. Como eles lutaram e se desenvolveram”, resume.
O livro
Divididos em cinco capítulos, o livro mantém uma sistemática semelhante para contar como foi a invasão europeia em cada um dos países, bem como a resistência indígena e a ressurgência, a partir do século 20, com manifestações que buscam a retomada do espaço e da cultura indígena.
No México, na época reinava o Império Asteca, mas existia toda uma trajetória de civilizações anteriores. As invasões geraram milhões de mortes. Na região central dos Andes, abrangendo os atuais países da Bolívia, Peru e Equador, os colonizadores espanhóis aproveitaram os conhecimentos dos Incas e escravizaram os indígenas, o que resultou na morte de cerca de 8 milhões de índios.
No Brasil, detalham os sociólogos, o livro relata o quase extermínio da população indígena, que ainda não acabou. “Apesar de sinais de resistência e sobrevivência com a união dos indígenas, fico feliz de ver como as mulheres, que antes não tinham acesso à civilização branca, estão hoje junto com os homens levando esta luta intensa com relação a terra, mas também protegendo os seus próprios territórios”, enfatiza Moema.
Por fim, no último capítulo, a obra conta a conquista dos Estados Unidos. A política de Estado adotada, com a participação do Exército, que dizimou tribos inteiras, serviu de inspiração para Hitler, na Alemanha. Ao contrário de outros países, onde houve uma certa miscigenação, nos Estados Unidos ocorreu um extermínio total dos índios, considerados uma raça inferior. “Do Atlântico ao Pacífico, restaram apenas algumas pequenas reservas indígenas, comparado às que havia antes, e que continuam lutando para ser considerados cidadãos”, relatam.
Para os sociólogos, o livro tem o propósito de fazer com que as pessoas, assim como muitas vezes ocorria com eles, “deixem de ser ignorantes sobre o que aconteceu nos nossos países”.
“Queremos que as pessoas saibam a verdadeira história de nossos países, sobretudo no momento em que o Planeta Terra está vivendo. Queremos contribuir para que as pessoas considerem e respeitem as nações indígenas como população, feitas de seres humanos como nós, independentemente da cor e da origem”, sintetiza Moema.
Lançamento
O livro terá um pré-lançamento no dia 20 de abril no hall do Teatro Municipal de Toledo, no oeste do Paraná. O evento faz parte da programação em comemoração ao “Dia da Terra”.
Em breve, publicação estará disponível para venda on-line.