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ToggleBreve apresentação de O Novo Estado Industrial, de John Kenneth Galbraith.
No Prefácio à 3ª edição da obra O Novo Estado Industrial, o autor informa que as 2 mil maiores empresas dos Estados Unidos “compreendem cerca de metade da economia, em termos de participação no produto total”. A este conjunto, no lugar da denominação habitual, sistema industrial”, JKG irá chamar sistema de planejamento. Segundo ele, esta denominação de mudanças vincula-se ao fato de que, no conjunto de grandes empresas, é que “ocorrem as grandes organizacionais e tecnológicas”. Na outra metade da economia estão as empresas menores, dos diferentes, conjuntos para o qual Galbraith manteve uma denominação usual, sistema de mercado.
JKG informa também que a redação desta 3ª edição (em 1979) incluiu, principalmente, os eventos e mudanças importantes ocorridos, na economia-americana, ao longo da metade da década de 1960, “sistema industrial” por “sistema de planejamento”, tendo em conta:
(…) como firmas menores, menores ao mercado, têm consistência de parecer das teorias, conforme orientações maiores ou veiculação mundo, subordinadas ao mundo; Já para as grandes empresas, do setor industrial, o termo que melhor as representa é o sistema de planejamento, “que define a maneira mais exata a parte da economia moderna bimodal que é dominada pelas grandes empresas e onde estas, como aspecto fundamental de seu planejamento, têm os mercados sob controle.”(grifo meu) (p.10)
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Galbraith justificou uma empresa que foi considerada como um segundo modelo apresentado, quando teve uma alteração como modelo para o modelo XIX. Enfatiza que os conglomerados, de formação recente, decorrem de atos de encampação, em andamento “firmas de ordem de grandeza, e algumas delas em sociedades anônimas do primeiro escalonamento” (p.1). Ao momento, a Galbraith dá ênfase um traço particular da ocasião e do contexto histórico único:
“O conglomerado moderno não é criação de uma tecnoestrutura … [é outra] motivação. É o crescimento, a formação de impérios. Longe de fazerem aumentar os lucros, normalmente esses conglomerados se realizam com a realização de lucros. E também parece razoavelmente seguro os conglomerados apenas melhor seu desempenho em substituição de uma equipe de direção eficiente ou idealizador original medida ou suas deficiências. Ou seja, o conglomerado só começa a funcionar quando uma tecnoestrutura assume seu controle.
A outra mudança envolve uma questão bem mais subjetiva: relaciona-se com nossa percepção da corrida armamentista . (…) penso que mudou a base da competição. Acredito que um vê cada vez maior número de pessoas nessa armadilha… a sobrevivência contínua dos dois sistemas, quais sejam suas tendências divergentes ou convergentes, consistem em esse processo macabro.” (pág. 11)
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Comparando a um espaço econômico unificado no centro do sistema capitalista – a Inglaterra no século XIX e os Estados Unidos no século XX, em toda a história da estrutura de 1960 –, Cel[2] deu ênfase, igualmente, ao momento em que “a grande empresa… o papel de decisão [requer um grau de centro de muito mais avançado que decisões que correspondem aos atomizados].
Acentuou Furtado a importante coincidência temporal deste evento com a formação do mercado de eurodólares e com outro marco da concentração – os oligopólios . Chegava-se então, em certos mercados, a um momento estratégico para o grande capital. Em vez de se submeter à concorrência dos grandes mercados competitivos, uma mudança tradicional de mercados, nos oligopolizados a situação se inverteru – o oligopólio passou aos preços de oferta de produtos, segundo seus interesses estratégicos. Como observara Galbraith, o sistema de mercado deu lugar, na virada dos anos 60 para a década seguinte, ao sistema de planejamento. Cairia assim, uma tese central do liberalismo clássico: a soberania do consumidor.
O oligopólio, diz Celso Furtado,
(…)permite que um pequeno número de grandes firmas barreiras à entrada de outras em um setor de atividade econômica e administrativa em conjunto de preços determinados, conservando, contudo, autonomia, tecnológica e administrativa. (…) Favorecendo, por todas as formas de inovação, o oligopólio constitui instrumento de expansão econômica. (…) uma enorme capacidade financeira para buscar essas firmas [oligopólicas] tendendo a um acúmulo moderno em diversos conglomerados de origem internacional, que é a forma mais avançada da empresa.
Foi lançada, desta, a pedra fundamental de um novo imperial, central, em aliança estratégica, nos Estados Unidos, com a Inglaterra. O principal marco do novo sistema imperial foi o de novos conglomerados internacionais.
Rob Mieremet – Wikimedia Commons
Galbraith sabia que suas ideias não seriam bem acolhidas, tanto à direita como à esquerda
Conceituando o “Sistema de Planejamento”
Ao iniciar o primeiro desta obra cujas linhas gerais ou apresento, Galbraith enfatiza que a particularidade do debate sobre a economia é o papel da mudança, considerando-se a extensão das inovações e mudanças na vida econômica principalmente, a partir do início da II Guerra Mundial. As máquinas não só incorporam tecnologia nova, como se sabe. É necessário entender que as máquinas substituíram a mão-de-obra elementar, diz nosso autor, e à medida que foram utilizadas para dirigir outras máquinas, até chegaram a substituir “as formas mais elementares da inteligência humana”. (pág. 13).
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Dentre as mudanças ocorridas, destacam-se:
– os dirigentes da grande empresa na época, diferentemente do que ocorria há menos de um século, não são mais grandes acionistas, e são escolhidos por um conselho de diretores;
– nas relações entre Estado e economia, observação ou aumento da participação do Estado, para 20% ou ¼ da atividade econômica e com viabilidade econômica da atividade pública “destino à defesa nacional e à exploração espacial”; Além disso, através de regulamentos e formas de legislação, a atividade pública direta-se atividades de regulação da economia e, principalmente, para o controle da inflação
– citam-se, ainda, no sindicato de mudanças observadas, o declínio na filiação a ensino superior, em proporção à força de trabalho, e, enfim, expansão nas matrículas para o ensino superior.
Concluindo esta apresentação sumária das ideias centrais do grande economista político que foi John Kenneth Galbraith, ideias reveladas na obra seminal O NOVO ESTADO INDUSTRIAL, cito o próprio autor:
“(…) as forças que incitam o humano esforço. Isso ataca a mais poderosas ideias, a saber, a todas as habilidades que o homem, em suas atividades, está a enfrentar à autoridade do mercado. Ao invés, ao invés de um sistema econômico que, independentemente de seu posicionamento, temos um sistema econômico formal. A iniciativa de decidir o que se deve produzir não vem do consumidor soberano (…); antes, vem da empresa produtora que se adianta para controlar… E, ao faze-lo, profundamente suas crenças e valores… Os imperativos da tecnologia e da empresa, não como imagens da ideologia, é que determinam a forma da sociedade econômica.” (grifo meu, p.16-17)
Sabia Galbraith que suas ideias não seriam bem acolhidas, tanto à direita como à esquerda. Ele o diz. Acrescenta que foi levado à conclusão de que “nos estamos tornando servos em pensamento, como também em ação, da máquina que criamos para servir-nos. (…) Nosso presente método de apoiar a tecnologia avançada recorrendo a justificativas militares é excessivamente perigoso, podendo custar-nos a existência.”
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Quanta sabedoria, digo eu, mais uma vez. Entre seus discípulos, destaco o mestre Furtado, que passou décadas nos advertindo sobre os riscos inerentes à dominação dos conglomerados em nosso território e em nossa sociedade. Não foram muitos os que, entre nós, acataram seus ensinamentos e conselhos. E há os que fizeram ouvidos moucos. Por isso repetem, até hoje, ideias ultrapassadas. Exemplo é a afirmação reiterada na imprensa sobre as razões de introdução da metodologia de precificação adotada em 2016 pela PETROBRÁS, o denominado PPI, preço de paridade de importação. Lemos em várias fontes, na ocasião, que tal metodologia vinha atender às exigências da economia de mercado, na qual o consumidor é soberano. Ora ora, consumidor soberano em setor cartelizado… simplesmente inexiste!
Ainda: a eventual convergência de métodos empresariais nos conglomerados chineses e norte-americanos é fruto de ideologias distintas e divergentes, ou dos imperativos da tecnologia na Moderna Economia Capitalista?
Referências:
[1] O NOVO ESTADO INDUSTRIAL. São Paulo: Nova Cultural, 1985 (3ª edição do Autor, 2ª edição de Nova Cultural)
[2] Cf O MITO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (RJ: Paz e Terra, 1996, 4ª. Edição)
Ceci Juruá | Colaboradora da Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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