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O Parlasul na defesa da democracia

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Niko Schvarz*

logo-parlasul-via-Agência-BrasilNa segunda-feira, 17 de agosto, realizou-se em Montevidéu uma plenária do Parlamento do MERCOSUL (Parlasul), que emitiu um rotundo pronunciamento em defesa irrestrita dos processos democráticos em andamento na América Latina diante da ofensiva das forças regressivas que procuram desestabilizar a vários dos governos progressistas da região.

Participaram em torno de uma centena de parlamentares da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, e se acordou que para a próxima reunião, em 21 de setembro, será convidado o chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, para formalizar sua integração plena ao MERCOSUL.

Na reunião também se constituiu a bancada progressista do MERCOSUL, como um bloco ideológico unido em torno da decisão de consolidar os avanços democráticos diante dos ataques concentrados de forças conservadores. Tudo foi resumido em uma declaração conjunta sobre os problemas candentes da América Latina.

Uma dezena de representantes se reuni na noite desta mesma segunda-feira, no local La Huella de Seregni do Frente Amplo, em uma mesa redonda sobre “O papel do Parlasur e os parlamentos na integração latino-americana.

Nessa instância ouviu-se a palavra do dr Rosinha, tradicional representante do PT brasileiro no Parlasul, o ex chanceler argentino Jorge Taiana, a venezuelana Blanca Eeckhout, o representante  da Frente Guazú paraguaia Ricardo Canesse, o deputado da Frente Ampla Gonzalo Civila, o presidente da Câmara de Deputados uruguaia Alejandro Sánchez, Julia Perié, do Frente pela Vitória argentina, Adrés Larroque e Teresa Parodi. Encerrando o ato Saúl Ortega, presidente do Parlasul (que foi reeleito) e representante do PSUV venezuelano. Durante o evento houve menção especial às figuras de Roberto Conde e de Belela Herrera, presentes na sala, por sua participação desde o início do processo de integração latino-americano. Historiaram desde suas origens e seus marcos fundamentais, como a reunião de Mar del Plata que acabou com a ALCA, e suas projeções futuras, num quadro de unidade e integração continental.

A plenária do Parlasul também elegeu os vice-presidentes: José Mayana, de Argentina, Eliane Berton da Bolívia, Arlindo Chinaglia, do Brasil; Afonso González, do Paraguai e Daniel Caggiani do Uruguai. Também aprovou-se fixar para o ano 2020 o prazo para terminar de definir o estatuto de cidadania do MERCOSUL “além das fronteiras nacionais”.

É importante a declaração da bancada progressista do MERCOSUL que reitera “seu apoio a todos os governos democraticamente eleitos na região, notadamente Argentina, Brasil, Equador e Venezuela que estão desenvolvendo processos de transformações e construindo a integração soberana da Pátria Grande”. Acrescenta que “estamos enfrentando uma tentativa de restauração conservadora e ressurgimento do neoliberalismo, que busca reverter os avanços registrados em nossa região.

Em vários de nossos países os setores conservadores, aliados a grandes oligopólios de comunicação e os setores de direita estão envidando tentativas de desestabilização da democracia, deslegitimação e questionamento da vontade soberana expressa nas urnas”, Como resposta, “devemos assegurar através da coordenação de estratégias comuns, que nossa região é uma zona de paz, com plena vigência da institucionalidade democrática e o respeito aos direitos humanos.”.

A declaração expressa sua plena solidariedade com o governo de Venezuela, “que está enfrentando práticas de injerencia interna e desestabilizadora, com clara participação do imperialismo estadunidense”. Sobre o tema de Essequibo, destaca sua preocupação pelas atividades da empresa Exxon Mobil e apoia a diplomacia de paz desenvolvida pela Venezuela. No caso do Brasil, destaca que a direita procura concretizar um “golpe a la paraguaia”, formula um chamado à defesa da legalidade democrática, ao governo de Dilma e seu programa de transformações, ao mesmo tempo em que expressa sua solidariedade com o Instituto Lula pela atentado de que foi vítima. Alerta também pela violação dos direitos humanos no Paraguai, a perseguição aos movimentos indígenas e camponeses e a impunidade para os verdadeiros responsáveis da massacre de Curuguaty.

Por último reitera sua defesa do MERCOSUL, recorda o repúdio à Alca na Cúpula de Mar del Plata, defende o critério de negociação em bloco, apoia o processo de eleição direta de representantes ao Parlasul que se realizará na Argentina e se compromete a “aprofundar a atuação da bancada de forças de esquerda progressistas e populares sobre os processos de integração regional na América Latina e no Caribe”.

*Colaborador de Diálogos do Sul, de Montevideu, Uruguai


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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