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O que esperar de reuniões de Musk com top bilionários do agro à segurança digital do Brasil

Além do que pode indicar a lista já divulgada de empresários, proprietário da Tesla tem uma variedade de interesses, como o setor de mineração
Michele de Mello
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

Elon Musk, considerado o homem mais rico do mundo, com um patrimônio acumulado de cerca de US$ 282 bilhões (R$ 1,4 trilhão), chegou ao Brasil nesta sexta (20). Além do encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e representantes do governo, no sábado (21) ele se reúne com uma lista de 13 empresários brasileiros. 

Dentro os convidados para o jantar do fim de semana no Hotel Fasano Boa Vista, interior de São Paulo, estão sócios majoritários de bancos, donos de empresas de telefonia e segurança digital, construtoras e até representantes do agronegócio.

Além do que pode indicar a lista já divulgada de empresários que se reunirão com Musk, o bilionário tem uma variedade de interesses, como o setor de mineração.

Além do que pode indicar a lista já divulgada de empresários, proprietário da Tesla tem uma variedade de interesses, como o setor de mineração

Pixabay
Elon Musk, considerado o homem mais rico do mundo também se reunirá com bilionários brasileiros no interior de São Paulo, no sábado (21)

A Bloomberg revelou em abril deste ano que a Vale e Elon Musk teriam assinado um “acordo secreto” para a compra de níquel. Musk já tinha convocado as mineradoras do mundo a aumentar sua produção do mineral, prometendo um contrato generoso.

O contrato com a Vale seria uma forma de garantir a demanda de níquel para a produção de baterias dos veículos elétricos da Tesla e a expansão prevista de 50% na produção. A Vale planeja extrair cerca de 190 toneladas de níquel em 2022. Segundo a agência estadunidense, a mineradora confirmou o acordo de longo prazo e disse que a Tesla deve abarcar de 30% a 40% das vendas do minério.

Em 2020, a Tesla já havia manifestado seu interesse em construir uma sede no Brasil. 

Mas os horizontes do bilionário vão muito além.

Farmacêutica

Elon Musk aumentou em 70% sua fortuna em 2021, durante a pandemia de covid-19, e de passagem pelo Brasil também irá encontrar-se com representantes da indústria farmacêutica.

Carlos Sanchez, conhecido como o “bilionário dos genéricos”, é presidente das empresas EMS, Germed Pharma e Legrand, que produzem cerca de 40% dos medicamentos genéricos consumidos no Brasil.

“Quero ser o primeiro laboratório multinacional do Brasil”, disse Sanchez em entrevista em 2019. A EMS exporta remédios para 32 países.

Instituições financeiras

Segundo a agenda de Musk, uma das reuniões será com André Esteves, representante do Banking and Trading Group Pactual (BTG Pactual), um banco de investimento brasileiro, criado em 2015, a partir da fusão do banco UBS Pactual e da BTG Investimentos. 

O conglomerado, com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro, é especializado em capital de investimento e capital de risco, e administração de fundos de investimento.

Esteves, considerado o 6º homem mais rico do Brasil, segundo lista da Forbes, possui uma fortuna de R$ 39,5 bilhões e é “partner senior” do grupo financeiro, cujo CEO é Roberto Sallouti, sócio do Mercado Livre, Banco Pan e membro da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Segundo o último informe trimestral, divulgado em março, o BTG Pactual gerencia cerca R$ 1,04 trilhão em ativos, com alta de 36% nos últimos 12 meses. O BTG também registrou lucro líquido de R$ 2,062 bilhões, sendo um dos bancos que lucrou mais em 2022, aumentando em 72% seus rendimentos em comparação com o primeiro trimestre de 2021.

Carlos Fonseca, CEO da Galápagos Capital, também está na lista de Musk. Fonseca saiu da BTG Pactual para fundar sua própria financeira em 2019. Hoje a Galápagos possui cerca de R$ 5,2 bilhões em ativos sob sua gestão, uma cartela de 120 mil clientes e pretende ser o principal banco de empréstimos para empresas startups, através do chamado “venture debt” – crédito rápido com altas taxas de juros. 

A proposta se espelha no Silicon Valley Bank (SVB), considerado o banco das startups na costa oeste dos EUA, que em 2021 conseguiu um empréstimo de U$ 30 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para suas operações. 

Elon Musk concentra boa parte das suas empresas no Vale do Silício (Califórnia), entre elas, a Space Exploration Technologies (SpaceX), OpenAI, Neuralink, The Boring Company e a Hyperloop Transportation Technologies. 

Tecnologia 

Musk, que desde a década de 1990 atua no setor de tecnologia, também irá reunir-se com empresários do ramo no Brasil. 

Entre eles está o maranhense Alberto Leite, CEO da FS Security, empresa especializada em segurança digital. Com faturamento anual de R$ 650 milhões, a FS desenvolve aplicativos para armazenamento de conteúdo em nuvens, venda de microsseguros e antivírus. Antes de abrir sua empresa, Leite trabalhou no setor de telecomunicações na Telemig e Amazônia Celular.

Alberto Leite, assim como André Esteves, da BTG Pactual, estiveram presentes em um jantar organizado pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em 2021, para falar sobre suas políticas de combate à pandemia.

Construtoras e setor imobiliário

Rubens Menin, presidente do grupo MRV Engenharia, também está na lista de empresários brasileiros que encontrarão o bilionário sul-africano. 

Menin é considerado um dos homens mais ricos do país, com um patrimônio estimado em R$ 6,4 bilhões, também é acionista do banco Inter SA e do canal CNN Brasil, patrocinador do time Atlético Mineiro e conselheiro da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Outro nome da lista é José Auriemo Neto, que chegou a ser apelidado de “o rei do luxo”, é presidente do grupo JHSF, uma incorporadora imobiliária, responsável pela construtora de shoppings centers e investimentos de alta renda no Brasil, sendo holding do grupo Fasano. 

A empresa que também atua no Uruguai e nos EUA é avaliada em R$ 5,2 bilhões.

Telefonia

Além do ministro das Comunicações, Fábio Faria, Musk deve reunir-se com representantes da Anatel e também com os presidentes das maiores operadoras de telefonia do Brasil: Rodrigo Abreu, da Oi, José Félix, da Claro e Pietro Labriola e Alberto Griselli da TIM. 

Desde 28 de janeiro deste ano, a Starlink, empresa de satélites de Musk, tem permissão para vender seus serviços de internet no Brasil. 

A Starlink, possui uma rede de 4 mil satélites, que operam a uma distância de apenas 550 quilômetros, e promete oferecer internet banda larga em zonas rurais.

Agronegócio

O bilionário sul-africano também está interessado no agronegócio. Entre os empresários que irá encontrar estão Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do grupo Cosan, e Ricardo Faria, dono da Granja Faria.

Ometto seria o 5º maior bilionário do Brasil, segundo a lista da Forbes de 2021, com um patrimônio de R$ 46 bilhões. Controla um dos maiores conglomerados do agronegócio, que reúne as empresas Raízen, Rumo, Compass, Moove e Trizy, que juntas tiveram um faturamento de R$ 68,6 bilhões em 2020.

A Cosan é uma empresa familiar, criada em 1936, em Piracicaba (SP), e construiu sua fortuna em cima da exploração do trabalho análogo à escravidão na cana de açúcar, constando na lista suja do Ministério do Trabalho desde 2009. 

Além disso, durante a gestão de Geraldo Alckmin, em 2012, o grupo Cosan comprou 72% das ações da Companhia de Gás de São Paulo por R$ 3,4 bilhões.

Já Ricardo Faria é um dos maiores latifundiários do país, que controla a produção de ovos e grãos no Brasil. A Granja Faria S.A, foi criada em 2006 junto à Perdigão (atual BR Foods), e hoje produz cerca de 7 milhões de ovos por dia e controla 660 mil hectares de terra. Em novembro do ano passado, adquiriu a Insolo Agroindustrial num negócio de R$ 1,8 bilhão com a Universidade de Harvard.

Depois de criar a rede de restaurante fast food “Eggys”, Faria seria um dos representantes da aliança entre o setor do agronegócio e da tecnologia, as chamadas agtechs.

Ricardo Faria também fez parte da reunião de empresários que aplaudiram a gestão de Bolsonaro e Guedes durante a pandemia.



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