19 de novembro. É a data da realização do segundo turno das eleições presidenciais argentinas. Com participação obrigatória para pessoas de 18 a 70 anos, mais de 35 milhões de argentinos estão aptos a votar. As urnas foram abertas às 8h e recebem as cédulas até às 18h (horário de Buenos Aires, o mesmo de Brasília).
De um lado, encontra-se o candidato da coalizão governista Sérgio Massa e, por outro lado, Javier Millei. Os argentinos estão diante de propostas opostas cujo debate tem sido acompanhado com atenção pelos países vizinhos e do mundo.
Para saber mais sobre a disputa eleitoral no país, confira nossa editoria especial: Eleições na Argentina.
Na média das últimas 15 pesquisas, Milei aparece com 51,1% das intenções de voto e Massa com 48,8%, com uma margem de 2,3 pontos para mais ou para menos. Vale lembram que os levantamentos do 1º turno também apontavam liderança para o extremista, mas o candidato governista é que saiu vitorioso, com significativa diferença: 36,78%, frente a 29,99% de Milei.
A questão central do pleito presidencial está alocada na condução econômica e social do país. Ao mesmo tempo, as celebrações, em 2023, dos 40 anos do retorno à democracia ganham contornos plebiscitários na eleição. Relembrar as mazelas do período militar mais sangrento da América Latina mostra ainda as feridas expostas que as gerações mais jovens não conseguem mensurar e, por isso, tornam-se presas do discurso disruptivo do candidato anárquico-liberal.
A discussão congrega fôlego a partir do momento em que a democracia é questionada pelo avanço da extrema-direita em países do globo na qual seus dirigentes, quando alçados a condição de incumbentes, desprezam órgãos estatais visando particularizar sua imagem e, assim, imprimir a condição de salvador da Pátria quando, na verdade, obtém isolamento e descrédito ante a comunidade internacional.
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Foto: Reprodução/Facebook
Premissas básicas dos candidatos opostas mostram que o voto merece a reflexão necessária a permitir a governança e as instituições
O avanço do extremismo conta com elementos xenófobos, da indução da violência e sistematizar questionamentos internos e externos das instituições democráticas com ausência de provas, sobretudo em discursos inflamados, cujo âmago busca atrair a juventude desencontrada no mercado de trabalho e desprezada no sistema capitalista de produção global.
Nesse cenário, as premissas de Milei focam suas atenções em parte do eleitorado, assim como já ocorreu no Brasil, em extratos sociais que refutam o coletivo e atenção ao próximo. Ao propor extinção do Banco Central e ruptura com Brasil e China, mostra o desapreço pelas relações internacionais, o que indica perigo no país que está em fragilidade econômica, com dependência da balança comercial e atração de fluxos de investimentos internos.
Por outro lado, Massa propõe respeito a ordem democrática e aprofundamento da integração regional, como meio de promover a Argentina no exterior. Contudo, suas ações como ministro da Economia não têm surtido efeito esperado na realidade local, o que desagrada parte do eleitorado.
De toda forma, as premissas básicas dos candidatos opostas mostram que o voto merece a reflexão necessária a permitir a governança e as instituições. O respeito aos acordos e sua continuidade são a tônica do processo eleitoral. Não há espaço para retrocesso ou vinculação pessoal de poder, uma vez que romperia a janela de oportunidade de aproximar povos vizinhos que, precisam fortalecer laços no sentido de gerenciar riquezas em comum e partilhar com seus cidadãos.
As fissuras regionais são oportunidades para aproximação de potências que almejam expatriar riquezas, alijando o bem-estar da comunidade local. Por isso, a decisão soberana do povo argentino é importante dentro do contexto da mudança geopolítica em curso e de como manejar recursos naturais diante de nações exploratórias, além de consignar a continuidade da democracia e da pluralidade de opiniões.
Rogério Carvalho
Edição: Guilherme Ribeiro
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