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Objetivos de Putin influenciam decisão de suspensão do isolamento social em Moscou

Os críticos do prefeito Serguei Sobyanin sustentam que sua drástica virada deveu-se ao seu instinto de sobrevivência política diante do mal-estar no Kremlin
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

De modo tão repentino como surpreendente, o prefeito de Moscou, Serguei Sobyanin – que se havia distinguido por ser partidário de uma lenta e paulatina anulação das medidas para conter a expansão do novo coronavírus – anunciou ontem que, a partir de hoje, estão terminados na capital da Rússia o regime de confinamento e as restrições de deslocamentos mediante passes eletrônicos.

Não se sabe o que fez Sobyanin mudar de opinião para felicitar os moscovitas pelo que chamou de vitória comum sobre a Covid-19, mesmo diante de um cenário no qual o número oficial de novos contágios continua registrando diariamente 2 mil novos casos.

Os críticos do prefeito moscovita sustentam que sua drástica virada deveu-se ao seu instinto de sobrevivência política diante do mal-estar que as restrições na capital estavam causando no Kremlin, depois que o presidente Vladimir Putin declarou que a situação epidemiológica estava melhorando e que não havia melhor data que o 1º de julho para a votação popular da proposta de mudança da Constituição da Rússia que, em princípio, permite que ele se reeleja até 2036.

Os críticos do prefeito Serguei Sobyanin sustentam que sua drástica virada deveu-se ao seu instinto de sobrevivência política diante do mal-estar no Kremlin

Telesur
Não são poucos os que creem aqui que é prematuro levantar de uma vez as medidas.

Motivações políticas

Não em vão, agregam como argumento adicional, que Sobyanin anunciou que o levantamento das medidas porá fim as restrições um dia antes do grande desfile militar, em 24 de junho próximo, com que Putin quer comemorar o 75º aniversário da Vitória sobre a Alemanha nazista, adiado desde 9 de maio. 

Seja como for, a partir de hoje qualquer pessoa, incluídos os maiores de 65 anos e aqueles que continuam sendo considerados como mais vulneráveis por padecer de alguma doença, poderá sair à hora que quiser e ir onde tiver vontade, inclusive aos parques, sem ter que tramitar a licença especial para poder usar o transporte púbico ou seu veículo particular. 

Também abrem suas portas os salões de beleza, estúdios de fotografia, clínicas veterinárias e agências de emprego. É possível alugar um carro sem limitações e podem voltar ao trabalho os estúdios cinematográficos e de gravação musical, as organizações sociais e os institutos de pesquisa. Enquanto isso, os teatros, as companhias de concertos e de circo estão autorizados a iniciar seus ensaios; e até é permitido visitar qualquer cemitério. 

Dentro de uma semana, a partir de 16 de junho retornarão às atividades as clínicas odontológicas, as bibliotecas, as imobiliárias, as agências de publicidade, as consultorias e, em geral, todo o setor de serviços à população e às empresas. Estarão abertos os terraços ao ar livre de restaurantes e café. Com boletos eletrônicos será possível ir aos museus, salas de exposição e zoológicos. Também se permitirá o comparecimento aos eventos esportivos, mas no começo com não mais de 10% da lotação. 

Por último, a partir de 23 de junho, já se poderá reservar mesa em restaurantes, cafés e bares em locais fechados, assim como frequentar academias, piscinas, salas de massagem, saunas. Os menores poderão regressar às creches e usar as balanças e os escorregadores que há em cada praça e jardim.

Ao dar a conhecer o levantamento do regime de medidas que imperava em Moscou – cuja primeira fase teve lugar em 12 de maio com a volta à atividade da indústria e da construção, seguida da autorização de realizar passeios três dias por semana desde 1º de junho, que devia estar vigente até 14 de junho – Sobyanin disse que a pandemia está cedendo e decidiu tirar todas as restrições antes do fim do presente mês, embora seja preciso estar atento para reagir se acontecer um rebrote. 

Não são poucos os que creem aqui que é prematuro levantar de uma vez as medidas e, para dar um exemplo, o diretor do Ejo Moskvy, Aleksei Venediktov, afirmou que os jornalistas dessa emissora continuarão trabalhando de casa pelo menos todo o mês de junho e não haverá ainda convidados presenciais.

Juan Pablo Duch, correspondente de La Jornada em Moscou

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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